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TOCOU ROCK A NOITE INTEIRA

Foi uma madrugada quente, estrelada e pra lá de diferente, aquela de 1992 quando Kleber Stanquevisch, Wesley Motoki, Leandro Ciasca e o bacana que escreve estas adentraram um fuleiro estúdio de gravação no bairro histórico do Ipiranga, para registrar uma verdadeira pérola que jamais figurou no cancioneiro brasileiro.


As garotas ficaram do outro lado da sala acústica, juntas ao técnico de som, revezando com a pesada câmera VHS, a fim de captarem minhas constantes saídas de tom; as intermináveis afinações de Wesley; e os ensaios da “cozinha”, protagonizados pelas baquetas de Leandro e as quatro cordas do Klebão – nosso eterno viking!

Aos poucos as coisas se ajeitaram – também, com um virtuoso feito Wesley solando, não há quem não se empolgue! E Leandro, inspiradíssimo ainda encaixou uma introdução de piano triunfal de fazer os caras do Status Quo repensarem Rockin’ All Over The World.

Após exaustivas horas de repetidas investidas, enfim, saímos de lá encharcados de suor, roucos e meio surdos; mas com a alma lavada, e a demo tape nas mãos. Daí foi só fazer as cópias pra moçada!

Eu escrevi a “profunda” letra de Tocou Rock A Noite Inteira em 1984, inspirado pelo clima festeiro de Rock And Roll All Night (Ei! Paul, Gene, aquele abraço), mas, com certeza, influenciado também pelo escracho do Ultraje a Rigor – sabe como é, eu tinha apenas 18 naquela época – porém, só consegui colocar os acordes certos no ano seguinte, após freqüentar esporadicamente um conservatório musical improvisado num barzinho de São Caetano do Sul.

Contudo a minha incompetência musical não me permitia entender mais do que três notas - que a bem da verdade, e para minhas pretensões de ser a versão tropical de Noddy Holder, estava mesmo é de bom tamanho, intrepid one.

E isso bastou para que chapas como Caipira, Cainé, Ivan, Meia e Deley entre outros músicos sensacionais não reconhecidos do eixo sub-distrital ipiranguista, que vai do Sacomã até a Vila Arapuá, passando por São João Clímaco, Jardim Patente e Parque Fongaro tocassem e gravassem inúmeras vezes essa canção (sempre comigo vociferando no microfone), em Basfs, TDKs e Scotchs da vida!

Até que, enfim, chegássemos a essa formação “clássica”, com Klebão no baixo, Wesley na guitarra, Leandro na bateria e eu nos vocais. Pra dizer a verdade, esses caras são feras, e só não seguiram carreira porque tinham coisas bem menos importantes para fazer na vida – além disso, nenhum deles queria chatear Mick e Keith, tirando parte do público dos Glimmer Twins, é ou não é?

Chegaram mesmo a tomar de assalto alguns barzinhos e casas de espetáculo, tanto em Sampa City quanto no ABC Paulista, durante algum tempo no comecinho dos nineties. Eu não, pois além de todas as deficiências musicais, era tímido demais pra encarar um palco, preferindo me concentrar em meus Quadrinhos, cuja produção na ocasião estava a todo vapor, tanto em colaborações com as editoras GED, Ninja e Phenix, quanto em meus petardos independentes vide Status Comics, Meteoro, Os Protetores etc.

Bom, ficou o registro dessa farra, que agora é disponibilizado em vídeo (clique aqui para assistir) e até em MP3 (clique aqui, se você for louco o suficiente pra querer baixar). Adiante também, a letra para acompanhar – já que o som da gravação analógica perdeu sua qualidade "cristalina" através dos anos, até que a música fosse devidamente convertida para o formato digital.

Tá falado!

Tocou Rock a noite inteira

Compositor: Roberto Guedes – 1985

Sábado passado eu fui
Numa tremenda festa
E ninguém vai acreditar
Tocou Rock à beça

Tocou Rock a noite inteira
Todo mundo chacoalhou
Tocou Rock a noite inteira
Todo mundo balançou

E pulamos sobre as cadeiras
Quebramos todos os vasos
Tony desmaiou na mesa
Roney vomitou no quarto

Tocou Rock a noite inteira
Todo mundo chacoalhou
Tocou Rock a noite inteira
Todo mundo balançou

E o Zé, dono da festa
Foi o que mais zoou
Pegou o aquário da estante
E dentro dele urinou

Tocou Rock a noite inteira
Todo mundo chacoalhou
Tocou Rock a noite inteira
Todo mundo balançou

E no meio dessa festa
A mãe do Zé lá chegou
E ninguém vai acreditar
A mãe do Zé requebrou

Tocou Rock a noite inteira
Todo mundo chacoalhou
Tocou Rock a noite inteira
Todo mundo balançou

E o Lino que não é besta
A Helena agarrou
E de beijos e abraços
O amor se consumou

Tocou Rock a noite inteira
Todo mundo chacoalhou
Tocou Rock a noite inteira
Todo mundo balançou

E o dia amanheceu
E o galo nem cantou
E a vitrola ainda tocava
The best of Rock’n’Roll

© Copyright Roberto Guedes. Todos os direitos reservados.

Comentários

José Valcir disse…
Ah! Que fase de garoto! De sonhos quase consumados. Tudo em vista, mas o tempo passou e somente as boas lembranças ficou.
Que bom que se divertiram a valer naquela época. O bastante para nos contar histórias.
Ronaldo disse…
Demais, Guedes! Pena que vcs nao continuaram. Ia ser sucesso na certa. Da para reconhecer muito bem sua voz, menos rouca que hoje em dia. Mas olha que o video ficou fantastico!!!! A combinacao das cenas com o som ficou muito legal. Parabens.
Kleber Stanquevisch disse…
Loiro... absolutamente fantástico!!!

Ficou massa esse vídeo!

abraços
Anônimo disse…
Muito legal.
Realizaram um sonho que muita gente tinha! E dá mesmo pra reconhecer a voz do Guedes se sobressaindo. Mas gostei meso é do solinho de guitarra. Você falou em filmadora. Não existe o filme deste ensaio?
Abraço.
Andre Bufrem
Zé Borba disse…
Compartilho com o comentário do Valcir. Belo registro. Quem não escreveu uma letra de música na juventude, né? Legal que vocês gravaram! Abração!
Silvana disse…
Roberto, estou impressionada... não sabia deste teu lado músico.
Muito bom o vídeo e a sua banda, poderia ter dado muito certo se tivessem seguido carreira.

Como vc disse lembra muito o jeitão dispojado do Ultraje a Rigor.

Meus parabéns, gostei muito... além de escrever, desenhar maravilhosamente bem, ainda canta.
Beijão
Roberto Guedes disse…
Obrigado pelas palavras generosas, Silvana! Acho que como cantor, sou um bom escritor. (rs)
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Valcir, Ronaldo e Borba: realmente foi uma fase bem divertida! Valeu mesmo a pena ter preservado os registros visuais e sonoros, para, assim, matar a saudade e dividir esse momento com os amigos aqui.
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André, há um vídeo bem longo do ensaio, mas acho que ficaria maçante transportá-lo pro blog.
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Klebão, eu sabia que você ia curtir, chapa!

Abraços roqueiros a todos!
Helder Costa disse…
Divertido, com um belo solo de guitarra, e convenhamos, um refrão que fica na cabeça (e os grandes sucessos não são assim?)
Agora, desafio "Noddy Holder", Dê um agudo e estoure uma taça! rsrs

Helder
Wendell disse…
Grande Robbie!

Ouvi e gostei!

Ah! Achei o arranjo muito bem feito! No início, me pareceu um som de rock psicodélico. :D

Quando estiver em casa, vou baixar!

Abração!

Wendell
claudio.juris disse…
Grande Guedes, achei fantástico... mas nunca diria que o vocal é seu.. sensacional... pena que não é vídeo mesmo... tasca ele no youtube tb...
Cris Castro disse…
Ficou muito legal, parabéns!!!!!!!!!
Regina Guedes disse…
O vídeo ficou SENSACIONAL!!! Que tempinho bom e que farra...
Roberto Guedes disse…
Tempo bom mesmo, Rê! "Cuca fresca", diversão e Rock'n'Roll! :)
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Cris, thanks!
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Pois é, Claudião! Mas sou eu sim! (rs) Qualquer dia darei um jeito de passar as filmagens do ensaio pro You Tube...
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Grande, Wendell! Baixa lá pra curtir esse verdadeiro "petardo sonoro"!
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Pô, Helder! Não deixa o Holder saber disso, hein?! (rs)

Abraços e beijos roqueiros pra todo mundo!
Rssssssss... genial, muito boa a performance dessa jurássica banda de rock. A letra é um sarro, apesar de não dar pra entender qse nada do video clipe... (Rsss...).
Guedão, compositor e vocalista, maravilha...
Isto até me deu coragem... acho q vou montar um video da minha banda THE BRAZUKAS, que ficou mais conhecida como Bengalas Boys.
Não tocávamos porra nenhuma, mas enxugávamos um caneco danado... (Rsss...).
Adorei! Show de boal, grande Guedes! Caleu, mesmo... (Rsss...).
Leandro Ciasca disse…
Boa idéia, Roberto, o vídeo ficou ótimo!