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O poder e a glória de Slady

Às vezes eu me surpreendo como algumas pessoas ainda se lembram, e com muito carinho, de Slady, um personagem que escrevi pouquíssimas histórias - precisamente três -, nos anos 1990, e todas para revistas independentes de baixa circulação. Isso aconteceu num período de transição, depois de passar um tempo roteirizando HQs de humor para algumas editoras de São Paulo, e antes de assumir a função de editor na Opera Graphica.

Slady poderia ser classificado como uma space opera, mas acho que é um pouco além disso. Eu sempre gostei muito da história do Rei Arthur, do conturbado triângulo amoroso envolvendo Arthur, Guinevere e Lancelot, e das aventuras dos demais cavaleiros da mítica Távola Redonda. Também era fã de carteirinha (e ainda sou) das histórias clássicas de O Poderoso Thor, de Stan Lee e Jack Kirby, e achei que seria bacana misturar todos esses conceitos para compor esse meu "dramalhão cósmico" repleto de combates ferrenhos, traições, paixões e atos de nobreza.

Slady é o príncipe guerreiro do planeta Anex, localizado na longínqua Galáxia do Dragão. Os anexanos possuem uma ligação intrínseca com os terráqueos, pois, num passado remoto, um alienígena poderosíssimo levou uma tribo da Terra para colonizar Anex.

Por razões desconhecidas, o alienígena partiu, e os primitivos acabaram se desenvolvendo física e intelectualmente mais rápido que seus "primos" terráqueos. Com o tempo, formaram-se duas poderosas nações tecnológicas. Slady e Lady Nyle precisavam se casar para manter os povos unidos e tornarem-se rei e rainha do planeta. Porém, Lauder, o mais habilidoso guerreiro e melhor amigo do príncipe, mantinha um caso secreto com Nyle, e conseguiu aprisionar Slady na Terra antes da consumação do matrimônio real e coroação.

Era algo pretensioso, no sentido de que meus colaboradores e eu, não tínhamos a estrutura editorial adequada pra viabilizar uma saga épica planejada para ter cerca de uma dúzia de edições. As duas primeiras aventuras - com tudo que eu narrei acima - foram publicadas em Força Máxima 8 e 9 (outubro e dezembro de 1996, respectivamente), com desenhos de Cal e Reginaldo Borges. Depois disso, dispersamos. Nem lembro mais o motivo.

No ano seguinte eu me animei em retomar o projeto de Slady, então em título próprio, formato magazine, capa dupla e uma tiragem bem maior. A arte ficou por conta de Marcelo Borba (foi seu primeiro trabalho comercial com HQs). A revista foi bancada e vendida exclusivamente pela banca especializada em gibis, Fire Comics, localizada em Santo André. Slady chamou atenção e ganhou nota na página de variedades do jornal Diário do Grande ABC. E ficou por aí.

O meio independente é assim. Pelo menos era assim, sei lá! Na verdade, todo o meio editorial brasileiro vive há décadas essa dança de projetos inacabados e cancelados, de editoras que fecham as portas, de títulos mal distribuídos e do pouco retorno financeiro para quem investe tempo e talento querendo realizar seu trabalho.

Bom, ao clicar aqui, você terá acesso ao scan de O Poder e a Glória de Slady 1 (setembro de 1997), que é a terceira HQ do personagem - a desenhada pelo Borba. O arquivo foi convertido para o programa de leitura de revistas em computador CDisplay. Caso você não tenha esse programa, clique aqui para baixá-lo.

Boa leitura!

© Copyright Roberto Guedes. Todos os direitos reservados.

* Agradecimentos especiais ao amigo Helder Costa. Ele sabe a razão. 

Comentários

Alexandre disse…
Sempre quis ler essa revista, Guedes!
Trabalho de primeira. merecia ser colorizado e impresso em papel couché.

Parabéns!
Anônimo disse…
Acabei de baixar. Demais roteiro e desenhos. Pelo que percebi já de seus quadrinhos, você e o Borba formavam uma espécie de Stan Lee e John Buscema brasileiros. Adoro aquela história do Meteoro que saiu pela Escala, e comprei na Comix os primeiros números do almanaque do Meteoro. Por favor, não pare com sua produção, Roberto!

Valdir
Lancelot disse…
Valeu Guedes!! Estava querendo mesmo esta revista do Slady... Boa iniciativa de resgate de suas criações.
Lance
Cesar disse…
Mas essa tal de Nyle é uma pxxxx!!! Agora fiquei curioso pra saber se o Slady ficaria com ela ou com a loirinha no final da saga! Publique o desfecho no Almanaque Meteoro.
Anônimo disse…
EI Guedes.
Cm o Almanaque Meteoro bombando, não dava pra pensar nesta dúzia de edições que você estaa planejando?
O plot parece muito interessante. Lembrando sagas cósmicas de Jim Starling.
Andre
Roberto Guedes disse…
Uma série em várias edições seria inviável no momento, mas não descarto uma HQ longa e fechada.
Vamos ver, chapa...

Abração!
Roberto Guedes disse…
Sabia que você ia gostar de ter mais esse scan em seus arquivos, Lance!

Abração!
Roberto Guedes disse…
Alexandre, Cesar: brigadão por comentarem!

Valdir, fiquei envaidecido com a comparação exagerada!

E vamos em frente!
Anônimo disse…
Li ontem mesmo o scan que mandou pra gente.
Não dá para arranjar as duas primeiras partes?
Queria saber mais sobre o maldito Lauder e sobre aqueles outros "cavaleiros" que parecem bem fiéis ao Slady!
Parece uma série bem legal. Posso fazer uma sugestão?
Porque não arrisca outro formato?
Esta história parece ideal para um álbum formato grande com capa cartonada para livrarias.
Eu tenho alguns álbuns do leão Negro (HQM) neste formato e são muito legais de ler e colecionar. Ainda ontem ouvi o podcast do Daniel HDR sobre a Multiverso Comicon em Porto Alegre e vários entrevistados dele são artistas nacionais que viabilizaram seus projetos através de Crowdfunding. Acho que poderia ser o seu caso. Vê lá quanto gastaria para contratar um desenhista, letrista, diagramador, gráfica e tals, para produzir determinado nº de exemplares e solta na internet.
Pode funcionar. Seria legal para você e ótimo para nós.

André Bufrem
Roberto Guedes disse…
Fala, Bufrem!

Separei várias edições antigas da Fire Comics pra escanear. Agora só preciso achar um tempo pra começar a fazer isso.

Quanto ao "Crowdfunding", não descarto a hipótese, mas ainda tenho algumas dúvidas éticas e filosóficas na cabeça a respeito desse sistema. De qualquer maneira, agradeço o interesse e a dica.

Abração!