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Acredito que graças a minha pequena “provocação” no Twitter, os fãs de Superman se mobilizaram e garantiram para o Homem de Aço um honroso terceiro lugar, acompanhado por Batman e Príncipe Valente (o herói preferido de Adolfo Aizen). Mas, surpreendentemente, e não menos lógico – devido à sua importância histórica, creio eu – os seguidores do Manifesto deixaram que o segundo lugar, com 17% de pontuação, ficasse com a hoje lendária Edição Maravilhosa.
É isso mesmo, intrepid one!
De olho na campanha difamatória – e preconceituosa – contra os Quadrinhos, promovida pela Igreja Católica, por setores da política e até mesmo por autores da nossa Literatura, Adolfo Aizen passou a editar quadrinizações de clássicos da Literatura universal em revistas como O Herói, até que decidiu lançar a sua Edição Maravilhosa. A primeira edição data de junho de 1948, e trouxe Os Três Mosqueteiros, de Alexandre Dumas. Edição Maravilhosa era a versão nacional da americana Classic Comics (que a partir do seu 35º número passou a se chamar Classic Illustrated), de Albert L. Kanter.
O material da Classic Illustrated foi republicado também em outras bandas como Grécia, Canadá, Austrália, Japão, Argentina e México. O Brasil se notabilizou como o terceiro país a fazer isso, e o primeiro (depois dos Estados Unidos) a produzir adaptações dos seus próprios romances, passando de 80, num geral de mais de 200 edições entre a série original e posteriores.
Isso aconteceu depois de sugestão do sociólogo, escritor, e simpatizante das HQs, Gilberto Freyre, a Aizen, que estreou com O Guarani, de José de Alencar, adaptado por André Le Blanc (o mesmo que, décadas depois, desenharia a história do casamento de Fantasma e Diana Palmer).
Sem qualquer pretensão podemos considerar todas as edições da série Edição Maravilhosa como as nossas primeiras graphic novels, mesmo antes desse termo surgir em 1964, na edição nº 2 do boletim CAPA-alpha, de Richard Kyle. Isso, porque, muitos teóricos americanos consideram os exemplares da Classic Illustrated precursores dos romances gráficos, difundidos com maior profusão entre o final dos anos 1970 e meados da década seguinte. Portanto...
Tá falado!
© Copyright Roberto Guedes. Todos os direitos reservados.
Este texto é um resuminho baseado em informações contidas em meus livros A Saga dos Super-Heróis Brasileiros (páginas 11 e 12), e A Era de Bronze dos Super-Heróis (páginas 207 a 211).
Comentários
Grande abraço.
Andre Bufrem
Você sempre trazendo informação sobre a "história das Histórias em Quadrinhos". Por isso, às vezes, me faz necessário, ficar calado e "ouvir" os mais experientes e os pesquisadores como você. Creio que, enfim, temos uma retomada nesse gênero de quadrinhos: romances quadrinizados. Isso é muito bom e o acredito que será uma base para sedimentar os quadrinhos como Cultura. Vamos ver e obrigado por partilhar mais esse conhecimento.,
Uma noite dessas - acho que terça feira passada - liguei a TV (era mais de meia-noite) e na TNT estava passando um programa muito louco tipo Oscar, mas era de entrega de prêmios de quadrinhos, cheio de mulher bonita, de astros (Tarantino, Stan Lee, etc). Vi só até a entrega do prêmio de melhor roteirista (para o Geoff Jones), depois apaguei.
O Geoff Jones até citou o nosso Ivan Reis, dando o mérito a ele, agradecendo e tal.
De que se trata?
Você conhece o programa?
Ou todos conhecem e apenas eu estou desinformado? rs.
Abração.
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Seabra, também não estou a par desse programa. Se alguém souber, por favor comente aqui.
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Valcir, bem lembrado! Hoje há essa retomada de quadrinizações da Literatura. O próprio Seabra aí de cima, é um dos quadrinistas atuantes nessa área.
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André, eu até poderia colocar mais títulos na enquete, mas preferi optar pelos mais significativos e/ou de maiores vendagens.
Em todo caso, fiquei bem satisfeito com a participação do pessoal, tanto nos comentários quanto na votação. Não há caráter científico nenhum nela, mas gera burburinho e diversão, não é?
Abraços!