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Mostrando postagens com o rótulo Review

Viagem no tempo com a Somtrês

Em 1981, eu tinha apenas 15 anos mas já curtia rock and roll havia "séculos". Contudo, não sabia nada dos bastidores do show biz, da história das bandas, das discografias etc.  Minha primeira incursão nesse mundo de informações foi por meio da revista As Melhores Bandas de Rock de Todos os Tempos, da Editora Três. Uma edição especial da Somtrês - que era uma publicação voltada para aparelhagem de som. Era a primeira publicação desse gênero lançada pela empresa do argentino naturalizado brasileiro Domingo Alzugaray, e eu estava lá para conferir. A edição propriamente dita ficou a cargo de Maurício Kubrusly (aquele mesmo), enquanto a seleção das bandas e textos jornalísticos foram feitas pelos míticos José Emílio Rondeau e Ana Maria Bahiana. Cream, Pink Floyd, Led Zeppelin, Rolling Stones, Beatles, The Who, Sex Pistols e tantas outras bandas marcavam presença naquelas páginas bem redigidas, diagramadas e recheadas de fotos incríveis. De brinde veio uma fita virgem Mac - qu...

O irmão do menino que coleciona Homem-Aranha

Atenção: contém spoilers!  Todo fã do Cabeça de Teia que se preza, conhece muito bem a triste história  O Menino que Coleciona Homem-Aranha, publicada originalmente em Amazing Spider-Man 248 (janeiro de 1984). Mas se você não sabe do que se trata, confira no seguinte link: As 50 Melhores HQs do Homem-Aranha. Tim Harrison era provavelmente o maior fã do Homem-Aranha, e por se encontrar em estado terminal, o herói decidiu revelar ao garoto sua identidade secreta. Os anos se passaram e muita coisa aconteceu na vida atribulada de Peter Parker, que o manteve sempre com a cabeça ocupada. Contudo, numa certa véspera de Natal, ao ser convocado pelo patrão J. Jonah Jameson para um evento de caridade promovido pelo Clarim Diário, na ala de crianças internadas do Midtown Hospital, a lembrança daquele encontro com Tim emocionaria Peter mais uma vez. Por uma incrível coincidência, várias crianças ali tinham algum tipo de ligação com o Homem-Aranha, e aproveitaram para bronquear co...

Super-heróis pernambucanos

Sandro Marcelo Farias, ou simplesmente Sandro Marcelo, pode ser definido como um autor arretado. Natural de Pernambuco, Sandro é uma figura constante no cenário de quadrinhos do nordeste do país, participando, desde 2003, de vários eventos e publicações independentes - algumas de sua própria autoria. São os casos das revistas Conversor e Invulneráveis - 16 páginas, capa colorida e miolo P/B. Tratam-se de HQs de super-heróis bem movimentadas, imaginativas e dentro de um universo compartilhado - o Saniverso -, baseadas em Recife. O primeiro é o alter ego fictício do próprio autor. Conversor é um "supra-humano" (como são classificadas as pessoas com poderes especiais no Saniverso), a serviço do Projeto Metagenoma. Ele enfrenta supervilões sobre o céu da cidade, sem saber que há um grupo de políticos corruptos manipulando todos os acontecimentos. Já os Invulneráveis é o supergrupo clássico, com vários personagens e personalidades conflitantes, porém unidos pelo...

Algumas palavras sobre Punho de Ferro

Eu estava com um pé atrás com o seriado do Punho de Ferro transmitido pela Netflix. Além do trailer não ter me empolgado muito, os comentários nas redes sociais, de quem já havia assistido a série toda, não eram nada estimulantes. Alguns diziam que o personagem estava completamente descaracterizado, outros atestavam que o ritmo era lento demais, ou que as cenas de briga eram canhestras - principalmente se comparadas às do seriado do Demolidor. Entrementes a esses comentários desfavoráveis, também fiquei sabendo das acusações de o seriado fazer "apropriação cultural", simplesmente por ser o protagonista um homem branco usufruindo da filosofia e artes-marciais asiática. Ao ser indagado sobre esse assunto, o cocriador do personagem nas HQs, o roteirista Roy Thomas, mostrou-se indignado: "Tento não pensar nisso. Meu Deus! É só uma história de aventura. Essas pessoas não tem mais o que fazer do que se preocupar com o fato do Punho de Ferro não se...

Herói sem graça

Depois da divertida passagem de Mark Waid pela série do Homem sem Medo, a desconfiança foi geral em relação às novas histórias escritas por Charles Soule. E não é para menos: Waid vai deixar saudade, pois escrevia de uma maneira que dificilmente será repetida por outro autor. Seu Demolidor era leve, para cima, enquanto que nos dias de hoje, nas HQs de super-heróis, soar sisudo e depressivo é o lugar-comum. É mais ou menos isso que vemos em Demolidor 12 (fevereiro/2017), da Panini Comics, com desenhos incrivelmente sombrios do veterano artista Ron Garney - algo bem diferente de seu estilo ensolarado visto, por exemplo, em gibis antigos do Capitão América e Homem-Aranha. Não é que a trama seja ruim. Não é! O Demolidor se vê às voltas com um novo vilão no bairro chinês, o bizarro Dezdedos. Uma espécie de mafioso e líder religioso ao mesmo tempo. Além disso, o herói cego ganhou um sidekick: Ponto Cego. Trata-se de um oriental que vive ilegalmente ...

Shazam decodificado

Não curti muito a versão de Jeff Smith para os mitos do Capitão Marvel, em  Shazam! & A Sociedade dos Monstros (dezembro de 2014); edição caprichada da Panini, em capa dura e preço modesto, que reúne as quatro partes da minissérie americana. Talvez a culpa seja apenas minha, por me deixar levar pelo lobby efusivo de vários leitores e colegas do meio, gerando uma expectativa danada. Afinal, Smith é um autor bastante talentoso, premiado, prestigiado e, dizem, gente boníssima. Além de que, quando um artista do naipe de Alex Ross atesta no prefácio que você certamente vai adorar a HQ... diacho! Você fica entusiasmado. Mas a história é... sei lá... chatinha! Vai por mim! Falta humor e sobra apatia nessa obra. Não que o autor tivesse a obrigação de escrever algo hilariante - mesmo que o personagem em questão tenha se consagrado no passado pelas tramas nonsense e engraçadas -, mas em A Sociedade dos Monstros, tudo é muito down! O próprio Ross atenta para esse detalhe, o ...

Um Demolidor muito bom!

Não é fácil ler os quadrinhos atuais da Marvel (e os da DC também). Os caras se esmeram na ruindade e fazem um esforço danado pra afastar os leitores de seus personagens prediletos.  Tsc! Já falamos tanto disso por aqui... Contudo, quando o material é bom, nós temos de dar a mão à palmatória. E o Demolidor de Mark Waid é bom, muito bom, true believer!  OK! Os desenhistas que o acompanham neste Demolidor 6 (outubro de 2014), não são lá essas coisas. Chris Shamnee e Javier Rodriguez não estão nem perto do patamar de um Gene Colan - nem mesmo de um Frank Miller em sua fase áurea - mas, vá lá!... Eles não comprometem. O importante mesmo é o modo como Waid trabalha a caracterização dos personagens, e o desenrolar da trama - cada vez mais intrínseca e interessante. Já há algum tempo, Matt Murdock teve o segredo de sua dupla identidade revelado, o que vem lhe causando muita dor de cabeça. Agora então, ele sofre um processo ético que poderá resultar na cassação de sua licença...

"Elementar, meu caro Alan Davis"

Diferente de muitos hot artists que fizeram sucesso instantâneo entre os anos 1980 e 1990 - e que depois desapareceram - o britânico Alan Davis foi calmamente firmando seu traço elegante no mercado, gibi a gibi, não se contaminando pelas tendencias nefastas e, hoje, é praticamente unanimidade entre os fãs de quadrinhos de super-heróis. Isso deve ter pesado na decisão da Panini lançar no Brasil o encadernado Batman - Lendas do Cavaleiro das Trevas: Alan Davis vol. 1 (nos Estados Unidos saiu em um volume só, mas aqui, provavelmente por questões econômicas, foi divido em duas edições), compilando as HQs publicadas em Detective Comics 569-572 (dezembro de 1986 a março de 1987). Essas aventuras vieram logo após o término de Lendas, uma saga que envolveu todos os personagens da editora e que serviu para estabilizar a nova continuidade do Universo DC pós- Crise Nas Infinitas Terras. Davis e o roteirista Mike W. Barr estreavam como dupla criativa no título, com a perspectiva de levar o...

O arquétipo miraculoso

Antes de 2014, o Miracleman de Alan Moore só havia aparecido em revista própria no Brasil entre 1989 e 1990, pela Editora Tannos. Recordo que a tradução e as letras dos balões foram feitas por dois colegas do extinto Conclave*, Wilson Costa e Giovanni Voltolini respectivamente. Mas não passou de quatro edições. Bem, após vários e vários anos de brigas judiciais, finalmente Miracleman acabou nas mãos da Marvel e, de tabela, da Panini. Tanto que a editora italiana sediada em Terra Brasilis lançou Miracleman 1 (novembro de 2014),  o primeiro número de uma série contínua que pretende publicar toda a saga do herói cópia-carbono mais famoso do mundo. Miracleman nasceu Marvelman, lá na distante Inglaterra, em 1954. Na verdade, foi uma necessidade da editora L. Miller & Son, que publicava as histórias do Capitão Marvel com muito sucesso, mas que subitamente ficou sem o fornecimento de material da Fawcett (a editora americana que detinha os direitos autorais do personagem). É qu...

"Santo lançamento, Batman"

Achei bem legal o especial  Batman '66 da Panini, com histórias baseadas na famosa e clássica série televisa do Cruzado Embuçado, estrelada por Adam West (Batman) e Burt Ward (Robin). A edição brasileira compila as quatro primeiras edições do título americano, que por lá já se encontra no número 18 - portanto, espero que a editora brasileira dê segmento por aqui. O encadernado está bem caprichado, com capa dura e papel de miolo de alta qualidade. A tradução também está OK, só não curto quando usam piadinhas locais, como a sem graça "Nem a pau, Juvenal", proferido por um capanga do Pinguim. Mas dá pra sobreviver a isso... No que diz respeito aos desenhos, Jonathan Case manda muito bem nas cenas de ação, com enquadramentos e onomatopeias que imediatamente remetem ao cenário caótico do programa televisivo. Já Ty Templeton oferece as melhores caracterizações visuais dos personagens - as feições do Pinguim, por exemplo, são simplesmente fidedignas às do ator Burgess Mer...

Parceria famosa

Uma das mais tradicionais parcerias das HQs tem início quando o Lanterna Verde rompe a velocidade da luz e vai parar em Spectar, um planeta de outra dimensão.  Ele sofre uma concussão cerebral e, após ser socorrido pelos habitantes, volta a Terra – onde, em sua identidade de Hal Jordan, famoso piloto de jatos, é entrevistado por Iris West.  Hal é apresentado a Barry Allen, namorado de Iris, sem saber que se trata de seu amigo Flash da Liga da Justiça. Hal começa a ter atitudes estranhas, e quando Barry decide segui-lo, descobre que o piloto é o Lanterna Verde.  O herói esmeralda fica agressivo. Após uma batalha ferrenha, domina Flash e o leva para Spectar. Desde o começo, os alienígenas manipulavam a mente abalada de Hal com essa intenção.  Os vilões pretendiam descobrir o segredo da supervelocidade, romper a barreira vibracional que separava seus mundos e, enfim, dominar a Terra. Porém, Hal se recupera, liberta Flash e, juntos, derrotam os vilões. A...

História manjada

Já foi o tempo em que o encontro de dois ou mais super-heróis numa história era um acontecimento e tanto - daqueles que eram aguardados com ansiedade pelos leitores, que ficavam por semanas na cabeça dos fãs, que eram debatidos nas rodinhas de amigos e motivo pra muita discussão da boa. Hoje a coisa está tão banalizada, tão lugar-comum que a gente torce mesmo é para que os nossos personagens preferidos consigam, ao menos, tocar suas aventuras individualmente e que não recebam a "visita" de nenhuma outra superestrela nas páginas do seu gibi. Acontece que os Quadrinhos mainstream americanos (traduzindo: Marvel e DC Comics) vivem há um bom tempo das chamadas "grandes sagas", histórias que intercalam vários títulos distintos, com muitos encontros e promessas de reviravoltas mirabolantes na vida dos personagens. Balela! Passe longe dessas coisas! Infelizmente, após tantos anos de sanidade mental razoavelmente ajustada, eu mesmo não segui o meu próprio conselho, ...

E tudo começou com um engodo...

Todo mundo concorda que o Capitão América é um dos mais emblemáticos personagens da poderosa editora Marvel Comics, certo? Pois é... Outro dia, em conversa animada com amigos, o papo rendeu legal sobre a trajetória do Capitão América nas Histórias em Quadrinhos, desde que este estreou nas páginas impressas em 1941, até os anos 1970, quando se rebelou contra o governo corrupto americano de então ( Caso Watergate ), passando a atuar como Nômade. Doravante, voltaria a empunhar o escudo e as cores de sua pátria, para enfrentar uma sociedade secreta que pretendia dominar a América utilizando a tal “Bomba da Loucura”. Uma seqüência bem subestimada pela crítica, mas com pitadas “proféticas” redigidas e pinceladas por Jack Kirby. Não quanto à bomba, mas sim, quanto aos grupos elitistas que dominam o mundo nos bastidores. Mas este não é o assunto desta postagem... Hoje, enquanto separava material para uma pesquisa – nada a ver com o blog aqui –, me deparei com a famosa aventura do Tocha H...

"Heróis da TV número 1 era uma porcaria!"

O título acima é uma frase que ressoou em minha mente durante um bom tempo, e a ouvi pela primeira vez quando ainda era um garotão que freqüentava reuniões de leitores realizadas em Sampa City. O autor dela era uma figura muito importante dentro da redação da Editora Abril duas décadas atrás, e até por isso, causou um bafafá danado naquele encontro dominical e ensolarado (ou seria “acalorado”?) de 1987. Analisando hoje, com olhos maduros, é plenamente justificável tal afirmativa – mas não que eu concorde com a mesma. A explicação do profissional foi a de que os responsáveis pela seleção do material publicado na revista não conheciam os personagens da Marvel Comics, tampouco que suas histórias formavam um verdadeiro emaranhado cronológico que precisava ser rigidamente respeitado para que não gerasse confusão na cabeça do leitor mais desavisado (notadamente, uma grande maioria). Só pra te localizar melhor, a partir de fevereiro de 1979, a RGE começou a publicar os heróis mais popular...

A história da Big Apple Comix

Todo esse papo em torno da vinda de Robert Crumb, o “Pai do Quadrinho Underground” ao Brasil fez-me lembrar de uma matéria bem antiga que escrevi pro site HQManiacs a respeito da revista Big Apple Comix. Esta se trata de uma verdadeira jóia rara do mercado gringo, que adquiri há alguns anos, inclusive, presenteando meu chapa André Hernandez (então o Editor de Arte da Opera Graphica) com um exemplar. Se bobear, somos os únicos brasileiros a possuir uma cópia desse título pra lá de especial, detentor de uma história de bastidores muito interessante. Tudo começou quando Flo Steinberg (mais conhecida do fandom americano por seu período como secretária de Stan Lee durante a efervescente “Era Marvel” nos idos dos anos 1960) decidiu respirar novos ares, morando um ano inteiro em São Francisco. Ao voltar pra Nova York, Jim Warren a convidou para trabalhar como gerente do Captain Company, o departamento de merchandise da editora Warren Publishing. Entretanto, sua curta estadia na cidade...

A festa

A imagem ao lado é da história "In the hands of the hunter!" de Amazing Spider-Man 47 (abril de 1967). Sem dúvida, trata-se de uma das minhas edições preferidas do Cabeça-de-Teia de todos os tempos (e talvez, seja uma das suas também). E por várias razões. Tais quais: 1ª – Provavelmente, é a HQ mais "alto astral" do Homem-Aranha daquele período. 2ª – Flash Thompson, o mala-sem-alça, foi convocado para lutar no Vietnã, e a turma – mais especificamente, a doce Gwen Stacy – decide fazer uma festa de despedida para o exibido da Universidade Empire State. 3ª – Os chapas Harry Osborn e Peter Parker passam de carro na casa das garotas (e rivais), Gwen e Mary Jane, a fim de levá-las à balada – e os casais aqui, em pouco tempo se inverteriam. 4ª – Durante as minhas incontáveis leituras dessa história, sempre imaginei que música estaria rolando durante a festa. Por acaso seria um novo disco dos Beatles ou dos Rolling Stones? Sei lá... 1967 foi o ano da ruptura do ...