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Mostrando postagens com o rótulo Política

Status Comics 12 - Ascensão e queda da Editora Abril

Após as biografias da Vecchi, EBAL e Bloch Editores, o magazine Status Comics apresenta mais uma edição histórica. E você não pode perdê-la de jeito nenhum! Através de quatro extensos capítulos é contada a grandiosa trajetória da Editora Abril em bancas do nosso país, desde 1950 até as primeiras duas décadas do século XXI. Um verdadeiro documento histórico e jornalístico, repleto de informações de bastidores, depoimentos de ex-funcionários e profissionais da área editorial. A editora fundada por Victor Civita assumiu a liderança na imprensa brasileira com títulos periódicos de todos os gêneros, e modernizou o mercado de publicações ao lançar enciclopédias e fascículos semanais em bancas de jornal. Logo, passou a ditar as regras do jogo. Se tornou referência na qual todas as outras empresas do segmento buscam se espelhar.   Sua expansão continuou a ponto de se tornar o Grupo Abril, um conglomerado midiático atuante em várias plataformas e segmentos de comunicação. Um impé...

1968 ainda não acabou

1968 -  O Ano que não terminou é um livro interessante que sempre me fez pensar: Seria  a visão comunista de uma era turbulenta, ou uma narrativa jornalística sincera de um período histórico? Não me lembrava muito bem! Também pudera - como diria Walter Franco -, eu li este livro pela primeira vez há mais de 30 anos. Digo, a primeira edição - quando cursava História na Faculdade São Marcos. Queria saber das histórias que Zuenir Ventura tinha para contar; o jornalista que chegou a ser preso durante o Regime Militar, e só saiu da cadeia graças ao "reacionário" Nelson Rodrigues. Lembro que na época gostei do livro, e até recomendei a alguns conhecidos. Um deles preferiu me pedir emprestado. Acabei emprestando e, para o meu infortúnio, nunca mais vi meu exemplar. Só muito tempo depois fiquei sabendo que o pidão era comunista - mais pose e garganta do que atitude. Não sei se isso tem alguma coisa a ver... Mas  OK! A Companhia das Letras o relançou depois como uma edição "rem...

Bulgákov, Stalin e Jagger

Já ouviu falar do livro O Mestre e Margarida?  Nem tenho como negar... descobri Mikhail Bulgákov por causa de Mick Jagger, que compôs Sympathy For the Devil inspirado neste famoso romance da literatura russa. Durante muitos anos, meu acesso ao texto se restringiu a uma tradução meio amadora armazenada num disquete (você se lembra desse equipamento?). Nunca terminei a leitura, pois era muito ruim ler no computador. Fato q ue só seria remediado, ao adquirir em 2019 a edição primorosa da Editora Schwarcz (traduzido direto do russo por Zoia Prestes). Bulgákov sofreu perseguição política de Josef Stalin, e muitas de suas obras foram censuradas - principalmente O Mestre e Margarida, cuja primeira publicação, com cortes, só foi lançada em 1966, 26 anos após a morte do autor. A versão integral só chegaria às prateleiras em 1973. Bulgákov desenrola de maneira magistral sua narrativa, a partir da chegada do diabo em Moscou na década de 1930, acompanhado de uma trupe bizarra formada por um...

Romance, guerra e heróis pulp no Gibilândia 7

A nova edição do fanzine voltado para pesquisadores e colecionadores da Nona Arte, traz uma seleção de raridades dos quadrinhos americano, europeu e brasileiro. O interessado deve entrar em contato comigo pelo e-mail guedesbook@gmail.com .  A tiragem é limitada. portanto não demore para garantir seu exemplar, OK? O NASCIMENTO DA MORTE! – Clássico do quadrinho independente dos Estados Unidos. Publicado originalmente em Star Reach 1 (abril de 1974), da Star Reach Productions, editora fora de circulação há décadas. Tomando como base os livros bíblicos de Gênesis e Isaías, Jim Starlin reinterpreta a rebelião de Lúcifer, a queda do homem e a origem da Morte. Um ensaio do que o prestigiado autor viria a fazer depois em inúmeras HQs para as majors Marvel e DC. NICK FURY ENCONTRA XÊNIA – Assim como a GEP (Gráfica Editora Penteado), que produziu suas próprias histórias dos X-Men, a Editora Trieste também fez a mesma coisa quando publicou no Brasil o gibi de Nick Fury. Nest...

Político não é herói

Guepardo é um personagem de minha autoria, em parceria com o desenhista Marcelo Borba, que surgiu em A Lenda Chamada Guepardo 1 (1998). Sua história se passa no final dos anos 1970, em pleno regime militar. Filho de um jornalista exilado, o herói foi acusado de ser um agente comunista, sendo perseguido e capturado pelas forças armadas. O tempo passou, e a justiça acabou por  prevalecer. Pai e filho foram inocentados das acusações, enquanto seus inimigos entraram pelo cano - ou melhor, em cana. Em Almanaque Meteoro 4 (2013) foi reproduzida uma página - ainda sem arte-final - daquela que seria a segunda edição do Guepardo, mas que jamais foi lançada. Os leitores ficaram muito curiosos com a cena, em que se vê claramente o herói felino tentando apaziguar um confronto entre policiais e grevistas (metalúrgicos do ABC Paulista). Sim, o barbudinho que leva uma gravata do PM é aquela pessoa que você está imaginando... Devo dizer que na época em que escrevi o roteiro, tinha-o como um ...

A origem secreta do Capitão América

Capa da MSH 75 - Dossiê do Capitão América A revista Mundo dos Super-Heróis 75 está nas bancas e traz um dossiê colossal de 16 páginas, que escrevi em comemoração aos 75 anos do Capitão América. Desta vez o enfoque maior é na figura do "pai" de Steve Rogers - o editor, roteirista e desenhista Joe Simon.  Há também muitas informações de bastidores, entremeadas por uma análise da atmosfera reinante naquele período histórico. Vai conferir  também como o governo americano incentivava os escritores de ficção, para que evocassem o patriotismo em seus leitores. Além, claro, das principais influências que determinaram a gênese do personagem, como, por exemplo, o conceito utópico do Übermensch, de Nietzshe. Segue abaixo um aperitivo da reportagem. Assim que acabar de lê-lo, corra logo para a banca mais próxima, pois os exemplares já estão acabando. A ideia de se criar um herói patriótico, que trajasse uma roupa com as cores da bandeira americana, dominou os pensament...

Dois Brasis distintos

* Um breve passeio pelo Brasil dos anos 1960 - começando pelo final da década anterior -, sob o prisma da Cultura Político-Musical * Em 1958, João Gilberto gravou Chega de Saudade, considerado o primeiro disco de Bossa Nova. Um estilo musical que fundiu o Be-Bop e o Cool Jazz norte-americano com o romantismo do Samba-Canção, evitando, entretanto, os arroubos vocais deste último.  Com harmonias ricas e um cantar “palavreado”, a Bossa Nova fez muito sucesso, em particular, entre a juventude classe média e universitária brasileira, e seria um contraponto ao Rock and Roll oriundo da América, cada vez mais influente entre a nossa juventude – desde que Nora Ney regravou Rock Around the Clock, de Bill Halley, ainda em 1955. Enquanto Celly Campello estourava nas paradas de sucesso com Estúpido Cupido (1959), a Rua Augusta, na capital paulistana – então uma área chique, repleta de bancos, lanchonetes, livrarias e lojas de discos –, se configurava em ponto de encontro de jo...

Brazilian Way of Life

Não é de hoje que a cultura norte-americana exerce enorme influência no dia a dia do brasileiro. Coca-Cola, Hot Dog, Hamburger, Jeans, Rock etc. estão presentes na vida de todo mundo, e foi a partir dos anos 1950, principalmente com a consagração da televisão em nossos lares, que o consumo desses itens se tornou um hábito corriqueiro.  Não há como dissociar esses aspectos d a política desenvolvimentista do presidente Juscelino Kubitschek, cujo plano de metas visava fazer o país crescer “50 anos em cinco”, principalmente incentivando a industrialização nos setores de bens de consumo, como automóveis e eletrodomésticos. Para isso freou as importações e abriu as portas para o capital estrangeiro, ou seja, para a implantação de multinacionais em solo brasileiro. Isso promoveu a geração de mais empregos e uma renovação no comércio. O Brasil ia perdendo seu aspecto ruralista, cada vez mais urbanizado e imerso no american way of life. Próximo do fim do mandato de JK, a insatisfação cre...

A triste parábola do Blues

“Acercando-se dele os discípulos, disseram-lhe: Por que lhes falas por meio de parábolas? Respondeu-lhes Jesus: Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado.” [Mateus 13: 10-11] Afinal de contas, a História em Quadrinho reflete o mundo à nossa volta, ou é somente o resultado legítimo de uma mente criativa e alienada? Nela, tudo é fugaz e despretensioso, ou há mais por trás do nanquim impresso do que possa supor nossa vã sabedoria? Seria o caso do simples acaso, ou não há nada de paranóico em constatar que realmente um grupo de pessoas exerce a manipulação de massa por meio dos – não mais – inocentes gibis? Antes que você comece a pensar que este primeiro parágrafo foi retirado do livro de Fredric Whertam Sedução do Inocente (para muitos, o libelo por excelência do caçador de pêlo em ovo), é preciso deixar claro que estas linhas foram redigidas por um apaixonado quadrinista, editor e pesquisador da dita Arte Seqüencial, OK? Essa conv...