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Olé, Marvel!









Estava olhando alguns gibis mexicanos da editora La Prensa, do começo dos anos 1970, e descobri muitas curiosidades. Primeiro, que eles - os leitores mexicanos - conheceram séries de várias editoras estrangeiras que por aqui nunca pintaram, e, mesmo daquelas que por aqui saíram, lá foram publicadas bem antes.

Por exemplo, a cronologia Marvel no pais da Tequila estava bem mais adiantada em relação às revistas da EBAL (que, em termos dos super-heróis de Stan Lee, ainda estava nos primórdios).

Me diverti também com a tradução de alguns nomes: Lá, Demolidor foi chamado de "Diabólico", Conan de "Vulcano" e Hulk de "Mole". Pra nós, que falamos a Língua Portuguesa, isso soa um tanto quanto pejorativo, e em inglês essa palavra significa "Toupeira". Ou seja: mais pejorativo ainda! "O Hulk não passa de um toupeira!" - que ninguém diga isso em voz alta na frente do Golias Verde, por favor! A propósito, na Espanha, Hulk era chamado de "La Masa" (O Massa), mais a ver com o original. Em todo caso, acho que o Brasil acertou desde o início em manter seu nome em inglês.

Finalmente - e longe de ser o fim -, a La Prensa costumava produzir suas próprias histórias do Homem-Aranha, com seus artistas nativos. Não sei a razão, mas creio que a demanda pelo gibi do aracnídeo fosse grande e, assim, os mexicanos se desdobravam para produzir enredos extras para satisfazer seus ávidos e fanáticos leitores.

Conforme eu registrei em meu livro Stan Lee, O Reinventor dos Super-Heróis, quando o pai criador do Universo Marvel esteve pela primeira vez naquele país, foi recepcionado com toda a pompa, digna de um chefe de estado. Então não é de se estranhar uma produção alternativa, devido ao sucesso dos super-heróis da Marvel.

As histórias e falas não eram exatamente primorosas, mas não poupava-se na fantasia e criatividade. Numa das HQs, por exemplo, Peter Parker e Gwen Stacy até se casam - na verdade, tudo não passou de um o sonho, para tristeza dos fãs. Mas a ideia em si antecipava uma situação que o próprio Stan deixou em aberto no título. Bem, como todo mundo sabe, na década de 1980, o Aranha se casaria com outra garota: Mary Jane.

A respeito da arte, os desenhistas mexicanos decalcavam descaradamente as poses dos artistas americanos. Numa única página é possível reconhecer os estilos de Gil Kane, Steve Ditko, John Romita, Gene Colan etc. Até mesmo enredos e situações de outros heróis - como Namor e Demolidor - são adaptados para compor essas "inéditas" HQs do Cabeça-de-Teia. Um verdadeiro caos visual, que, de qualquer maneira, não deixa de ser interessante.

Vale lembrar que aqui no Brasil, casos parecidos ocorreram com as editoras GEP e Triestre, que produziram respectivamente histórias dos X-Men e Nick Fury. Na França também foram feitas histórias exclusivas do Surfista Prateado, com arte fortemente calcada no traço de John Buscema. Bem, os exemplos devem ser muitos neste sentido.

A editora mexicana garantia que a produção era permitida pela Marvel. Será mesmo, ou o México "deu um olé" nos Estados Unidos? Outros tempos, sem dúvida!

De qualquer forma, acho que você vai concordar comigo que esses gibis da La Prensa são verdadeiros itens de colecionador...

Hacer La Mía Marvel!

© Copyright Roberto Guedes. Todos os direitos reservados. 

Comentários

Alexandre disse…
O Incrível Mole? Acabaram com a moral do Hulk! hehehehehehe

Essas histórias mexicanas do Aranha devem ser estilo dramalhões, como as novelas do SBT, mas gostaria de lê-las. hehehehehe

Ótima matéria!
Anônimo disse…
Muitíssimo interessante esse artigo!

Carlos
Anônimo disse…
E eu achando que só os brasileiros que faziam histórias "piratas" dos heróis americanos. hahahaha Tá certinho que a editora mexicana diz que eram permitidas pela Marvel, mas acho que não dá pra engolir isso não.

Cristovão
Anônimo disse…
Matéria genial!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


Cesar
Anônimo disse…
Pô. Me despertou uma baita curiosidade. Quem não ficou com vontade de ler uma legítima(?) história do Aranha dos anos 60 inédita? Quem sabe dá para achar uns scans disso na net. Vou procurar. Valeu pelas curiosidades Guedão.
Andre Bufrem