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Entrevista com Marv Wolfman

Desde que as imagens da produção do filme Guardiões da Galáxia foram disponibilizadas na internet, mostrando o uniforme da Tropa Nova, muitos fãs têm especulado se será Richard Rider ou seu sucessor, Sam Alexander, a participar da película.

Bem, isso me fez lembrar que Marv Wolfman, criador de “O Homem Chamado Nova” conversou comigo algumas vezes no passado, e que, inclusive, cedeu-me depoimentos exclusivos para o livro A Era de Bronze dos Super-Heróis.

Todavia, em 2006, ocasião em que o personagem completou 30 anos de sua estreia pela Marvel Comics, eu o entrevistei só para falar do “Cabeça-de-Balde”. Essa entrevista foi inserida numa reportagem maior que escrevi para a Wizmania 45, de junho de 2007, reproduzida adiante.

Guedes – A primeira aparição do Nova se deu há mais de 30 anos, mas foi uma espécie de remake de outro super-herói chamado “Black Nova”, oriundo de um fanzine que você editava nos anos 60. Você poderia explicar isso melhor para os leitores brasileiros?
Wolfman – Eu criei o Black Nova para o meu fanzine Super Adventures. Havia uma série de diferenças entre os dois, como o fato do Black Nova ser um adulto, e o Nova, um adolescente, embora os poderes de ambos tenham vindo do espaço. O fanzine tinha uma tiragem aproximada de 150 cópias e era impresso em mimeógrafo, a forma mais em conta de se reproduzir originais antes do advento das máquinas de Xerox.

Quem na Marvel aprovou a publicação do Nova? Você chegou a mostrar o personagem para o Stan Lee?
Eu mostrei o novo conceito do Nova pro Stan. Ele achou o personagem muito bom e deu sinal verde para publicá-lo pela Marvel.

Eu sempre achei que a série original tinha tramas bem simples, mas muito divertidas! Era sua intenção fazer "O Homem Chamado Nova" uma série mais ao estilo dos gibis da DC que os da Marvel? Se a resposta for positiva, explique as razões...
Eu tentava fazer um gibi Marvel para um público Marvel mais jovem. Quando garoto, eu era fã do roteirista John Broome – que escreveu as melhores histórias do Flash e Lanterna Verde – e tentei combinar seu estilo com o meu. Acreditava que os gibis da Marvel estavam ficando muito sérios e concluí que eles precisavam de uma revista mais amena...
 
Os irmãos Buscema fizeram um trabalho primoroso nas páginas da revista, mas você não acha que, já na época, o layout de Carmine Infantino estava um tanto quanto fora de moda? Afinal, quem o convidou para desenhar a série?
Eu amava a arte do Carmine, desculpa! De fato, o convite partiu de mim. De qualquer modo, meu favorito era o John Buscema – que foi um dos melhores artistas dos quadrinhos em todos os tempos! E, realmente, o trabalho do Sal foi muito bom também.

Eu também gostava do Infantino... 
Bem, é mesmo verdade que o Jim Shooter odiava o Nova? Ele teve alguma influência no cancelamento da série original?
Jim é quem cancelou a revista. Até onde sei, ele nunca gostou do gibi! Certa vez ele me disse que estava surpreso pelo modo como eu escrevia tão bem a revista do Homem-Aranha, pois ele pensava que eu a escreveria no mesmo estilo da revista do Nova – da qual ele não gostava nem um pouco...

Quanto às tramas não resolvidas no gibi do Nova, você chegou a adaptar algumas delas em outras séries, como por exemplo, nas páginas de Os Novos Titãs?
Não! O que serve para uma série, não dá certo em outra...

Se você tivesse a chance de escrever as histórias do Nova outra vez, Rich e Ginger acabariam se casando?
Eu duvido que me peçam para escrever a série... e, francamente, não sei bem que rumo iria tomar. De qualquer maneira, se me dessem a chance, tentaria fazer sua série tão divertida quanto da primeira vez. [Nota: Anos atrás, Wolfman entrou numa batalha judicial com a Marvel pelos direitos autorais de Nova, Blade e outros personagens, mas perdeu a causa]

Você conhece o Brasil? É que, em algumas de suas histórias o país sul-americano aparece ou é citado, como na Tumba de Drácula em que Frank Drake e o Irmão Vodu viajam para cá; ou na edição 20 do Nova, em que Rich Rider comenta sobre um amigo de correspondência brasileiro. Por sinal, este plot jamais foi resolvido...
Estive no Brasil cerca de 8 ou 10 anos atrás. Sempre fui fascinado pelo país e confesso que adoraria voltar. Quem sabe eu não pego um vôo para uma convenção aí...

Seria ótimo!

© Roberto Guedes. Todos os direitos reservados.

Comentários

Anônimo disse…
Essa postagem me fez pensar na quantidade de coisas que você já fez pelos quadrinhos. Escreve hqs, escreve livros, faz entrevistas, desenha (que eu sei), cria personagens, edita, promove autores, faz posfácios, prefácios e mais uma infinidade de atividades ligas à nona arte. Se fosse americano ou europeu já teria ganho uma estátua ou nome de troféu com seu nome. Congratulações sinceras a você, que merece, "seu" Roberto Guedes.

Cesar
Anônimo disse…
Gostei da pergunta sobre Rich casar com Ginger. Acho que esse tipo de normalidade que os personagens coadjuvantes davam às séries não existem mais. Até gostei das histórias cósmicas do Nova lançadas alguns anos atrás, mas definitivamente, o personagem era outro, não mais o mesmo da época em que enfrentava Esfinge, Potencius e estudava o colégio Truman. Não existe mais o "ar bucólico" nas histórias de super-heróis. As horríveis histórias do Homem-Aranha atuais são uma prova disso.
Parabéns pela reportagem!


Sandro
Carlos Bintzer Almeida disse…
Gostei tanto da entrevista que compartilhei no Facebook. Adorava o Almanaque Marvel da RGE, com as histórias de Nova, Novos X-Men e mulher-Aranha. Lembro também dessa aventura do Drácula que se passa no Brasil. Comentei com colegas colecionadores.
Continue postando essas informações de bastidores, Guedes!
Anônimo disse…
Entrevista memorável mesmo. A primeira séria do Nova é realmente uma das melhores de todos os tempos. Apesar de parecer se passar em outra realidade, visto que seus vilões dificil,emte apareciam em outras publicações. Gostava do maldito Diamante. Baita FDP...
Qal sua próxima entrevista, intrépido guru?
Andre Bufrem
Roberto Guedes disse…
Que bom que gostou, Bufrem! Bem, a próxima entrevista é novinha em folha. Ou seja, inédita! E será publicada nas páginas da revista MUNDO DOS SUPER-HERÓIS.

Roberto Guedes disse…
Carlos, brigadão por compartilhar a postagem, OK? Agradeço também as palavras generosas, Cesar!

Sandro, você está coberto de razão.

Abraços a todos!