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Madame Satã: Bastidores

A imagem que ilustra esta postagem é do álbum Madama Satã: Cassino, volume 9 da Coleção Opera Brasil - uma série que eu editei pela Opera Graphica a partir de 2002.  

A história foi soberbamente escrita por Luiz Antonio Aguiar, escritor e roteirista dos mais premiados, cuja carreira teve início nos anos 1970, bolando histórias para o gibi Sítio do Picapau Amarelo, da RGE (futura Editora Globo, de Roberto Marinho).

Madame Satã, você sabe, é uma personalidade quase mítica do famoso bairro boêmio da LAPA, no RIO. Figura andrógina que causava repúdio e fascínio ao mesmo tempo, e que gerou documentário, filme e quadrinhos. No álbum em questão, Aguiar o coloca em uma trama que tem como pano de fundo o governo de Eurico Gaspar Dutra e a "Guerra Fria".

Os bastidores do lançamento desse álbum ocorreram assim:

Era final de expediente. Eu descia a escada da redação que dava pra rua, quando um dos donos da editora, Franco de Rosa, ofegante, bloqueou a minha passagem e disse: "Ainda bem que cheguei a tempo de encontrá-lo".

Ele havia acabado de fechar com Aguiar a publicação da história pela Opera, e a ideia era lançar o álbum durante o próximo Fest Comix - a tradicional feira de quadrinhos promovida pela loja Comix Book Shop. O evento seria realizado dali a alguns dias.

Só que o roteiro do autor era bem antigo, redigido em máquina de escrever. Alguém (também conhecido como EU) precisaria digitar e revisar aquelas "trocentas" laudas: "Ainda hoje", enfatizou Franco.

Yeah! Eu saí bem tarde da editora naquela noite... 

Mas OK! Tudo pelos quadrinhos! 

O problema maior é que, em muitas partes, o texto estava meio apagado; e nas páginas desenhadas, o mestre samurai dos quadrinhos, Julio Shimamoto, também delineou personagens e sequencias a mais do que havia no script. Assim, eu tive de improvisar/criar balões de fala inéditos para os personagens.


Meu temor era que Aguiar pudesse ficar bravo com a minha ousadia. Eu jamais faria isso em outra situação, mas dado o horário e urgência... não havia outro jeito!

Quer saber? O álbum foi lançado e abocanhou dois prêmios Angelo Agostini: o de "Melhor Lançamento" e o de "Melhor Desenhista" (para o Shima). 


Bem, dias depois eu recebo uma ligação do Rio de Janeiro. Era o Aguiar muito satisfeito e me elogiando pelo ótimo trabalho...


Como eu disse antes: "Tudo pelos quadrinhos".


* Via perfil do autor no Facebook. Revisado e atualizado *


© Copyright Roberto Guedes. Todos os direitos reservados.

Comentários

Lancelot disse…
Guedes, uma história para virar filme! Uma grande publicação da Ópera! Uma grande sacada sua...

lance
Anônimo disse…
Eu tenho esse álbum. É realmente um belo trabalho. Gostei de saber desses bastidores, Beto.
Cesar disse…
Pelo que entendi você é um co-autor desse álbum. Parabéns, Guedes!
Roberto Guedes disse…
Não chega a tanto, Cesar. Apenas um editor atuante e presente. :)

Roberto Guedes disse…
Obrigado, anônimo. Da próxima vez não esqueça de colocar seu nome, OK?
Roberto Guedes disse…
Valeu, Lance! Abração!