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O irmão do menino que coleciona Homem-Aranha

Atenção: contém spoilers! 

Todo fã do Cabeça de Teia que se preza, conhece muito bem a triste história O Menino que Coleciona Homem-Aranha, publicada originalmente em Amazing Spider-Man 248 (janeiro de 1984). Mas se você não sabe do que se trata, confira no seguinte link: As 50 Melhores HQs do Homem-Aranha.

Tim Harrison era provavelmente o maior fã do Homem-Aranha, e por se encontrar em estado terminal, o herói decidiu revelar ao garoto sua identidade secreta. Os anos se passaram e muita coisa aconteceu na vida atribulada de Peter Parker, que o manteve sempre com a cabeça ocupada.

Contudo, numa certa véspera de Natal, ao ser convocado pelo patrão J. Jonah Jameson para um evento de caridade promovido pelo Clarim Diário, na ala de crianças internadas do Midtown Hospital, a lembrança daquele encontro com Tim emocionaria Peter mais uma vez.

Por uma incrível coincidência, várias crianças ali tinham algum tipo de ligação com o Homem-Aranha, e aproveitaram para bronquear com Jameson, que tanto perseguia o herói. Foi a deixa para Peter sumir, e voltar trajado de aracnídeo, para alegria dos pirralhos e fúria do jornalista.

Uma das crianças era a mesma que, poucos anos antes (cronologia Marvel), o Aranha havia protegido durante um confronto do Abutre com Blackie Drago (Amazing Spider-Man 63/1968), enquanto que outra, uma garotinha em cadeira de rodas, era filha de um dos homens salvos pelo aracnídeo na fuga do Doutor Octopus de um hospital de presídio (Web of Spider-Man 4/1985).

O momento mais tocante ocorreu quando um garoto de muletas se apresentou como Joey Harrison, irmão do falecido Tim. Na tentativa de provar que Jameson sempre fizera mau julgamento do Amigão da Vizinhança, Joey contou o que sabia do encontro secreto do Aranha com seu irmão.

"Uma noite, Homem-Aranha veio visitar o meu irmão. Conversou com ele. Confiou nele como um amigo de verdade", explicou Joey, já com lágrimas nos olhos. "Sem publicidade. Sem dinheiro. Sem glória. Apenas uma pessoa de verdade fazendo uma sincera gentileza... para um garoto que era um doente terminal".

Muito maduro para sua pouca idade, o pequeno Joey colocou Jameson contra a parede ao lembra-lo das diversas vezes que o Aranha salvou a vida dele e de seus familiares. O rabugento editor tentou se manter firme em sua postura antagônica ao herói, porém a conversa foi interrompida quando um grupo de assaltantes invadiu o hospital.

Jameson então mostrou uma faceta corajosa, ao ajudar o Aranha a derrotar os criminosos, sem que as crianças fossem feridas. Acabou aclamado pelos pequenos e o herói aproveitou para tirar onda, erguendo-o pelos braços.

Logo, o Aranha partiu, refletindo sobre o possível "milagre natalino" que havia acabado de testemunhar. Um dos garotos perguntou a Jameson se depois daquele dia deixaria o Aranha em paz. Jameson abriu um discreto sorriso, olhou pela janela e, enquanto a figura balançante de seu eterno rival sumia entre os prédios, respondeu: "Claro, garoto... pelo menos até o ano que vem".

Intitulada A Spider-Man Carol - que poderia ser traduzida como Uma Canção Natalina do Homem-Aranha - foi publicada em Marvel Holiday Special 1991. Escrita por Danny Fingeroth, desenhada por Ron Garney e arte-finalizada por Mike DeCarlo, essa HQ permanece inédita no Brasil. Não sei se a Marvel já digitalizou tal material, mas fica como dica para a Panini publica-la por aqui. Afinal, o Natal está chegando, e boas histórias e mensagens são sempre bem-vindas, não é mesmo?

© Roberto Guedes. Todos os direitos reservados.

Comentários

Sandro disse…
Belo resgate. Não conhecia essa tocante história. Incrível que permaneça inédita por aqui até hoje.
Roberto Guedes disse…
Pois é! Uma pequena pérola que passou despercebida pela Abril - que publicava a Marvel na época do lançamento da HQ nos EUA. A Panini podia remediar isso, em alguma edição especial de Natal.
Anônimo disse…
Poxa. tanta coisa controversa sendo resgatada ou republicada e essa história é deixada para trás? O tipo de história despretensiosa, tocante e divertida que tanto cativou os leitores nas eras de prata e bronze. Hoje em dia nunca sairia algo parecido, No mínimo ia ser uma trilogia com 6 partes cada! Acho que os autores que faziam contos como este estão ganhando dinheiro nas independentes ou em editoras menores hoje em dia, onde ainda se encontram histórias de qualidade.
Abraço.
Andre Bufrem
Helder Costa disse…
Eu fico me perguntando como que a Abril deixou passar uma pérola dessas...
Roberto Guedes disse…
Concordo com tudo que você escreveu, Bufrem. Quanto ao Fingeroth, atualmente ele trabalha para a editora St. Martin's Press, especificamente, para o selo de livros de suspense e mistério Thomas Dunne Books.
Jota Silvestre disse…
Que história! Só você mesmo, Guedes, pra encontrar esse tesouro!
Roberto Guedes disse…
A Abril comeu bola nessa, Helder!
Roberto Guedes disse…
Opa! Valeu, Jota! Elogio de amigo é sempre bem-vindo! HAHA!
reginaldo disse…
Bela história. Pena que nem a Marvel nem a DC publicam mais histórias natalinas. Era legal ver os heróis e seus familiares e amigos reunidos para comemorar essa época do ano. Era mostrado o lado humano dos Heróis. Até os X-men na época do Claremont comemoravam o Natal. A equipe era encarada como uma família. Hoje em dia não tem mais isso. Estão muito preocupados em ser fodões.
Roberto Guedes disse…
Infelizmente é isso mesmo, Reginaldo! Editoras como Marvel e DC hoje estão mais empenhadas em difundir ideologias furadas e inversão de valores. As HQs de "heróis" (se é que ainda podemos chamar os personagens delas assim) são produzidas, muitas vezes, por gente que sequer comunga da fé cristã.