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Mostrando postagens de 2008

Um lugar ao Sol

“Durante minha vida ocorreram muitos fatos embaraçosos e emocionantes que, vez por outra, eu comparei com a vida turbulenta de Peter Parker. É incrível como as aventuras desse personagem conseguem ser tão envolventes. Em suas histórias, vejo o meu reflexo e o de milhões de jovens. Ali se encontra um cara com problemas de ordem financeira e amorosa que, com o passar do tempo, vai suplantando todas as dificuldades e nunca perde as esperanças de conquistar seu lugar ao Sol.” Tais palavras compõem parte de uma carta que enviei para a Editora Abril, e que foi publicada na seção Teia de Leitores de Homem-Aranha 35 (14 de maio de 1986). Lembro que alguns amigos mais chegados (entre eles, o Leandro Ciasca, querido e velho parceiro desde a época do Status Comics ), decoraram linha após linha essa cartinha, e viviam a repeti-la para mim, como uma espécie de brincadeira particular. Eu nunca liguei, pois sabia que lá no fundo, eles tinham curtido à beça essa minha ode melancólica à emblemáti

A DC tem mais de 70 anos no Brasil

Este ano a Panini lançou diversas edições especiais da chamada Coleção DC 70 Anos, em comemoração às sete décadas de publicação de Superman e desse querido universo de personagens em bancas brasileiras. A notícia se espalhou como fogo no curral por quase todos os sites da rede, especializados ou não, informando que foi na edição 445 de A Gazetinha – suplemento do jornal paulistano A Gazeta – (no dia 17 ?) de dezembro de 1938 que Superman estreou (em alguns, consta "1939"). Até aí tudo bem. Superman é o grande ícone da editora (que na época se chamava “National”), e o primeiro super-herói dos quadrinhos. Mas quem disse que ele foi o primeiro personagem do Universo DC a ser lançado nos Estados Unidos? Quem falou que a DC começou com Superman? E mais... quem disse que ele foi também o primeiro aventureiro da DC a ser publicado no Brasil? Eu que não fui. Foi você? De acordo com o Professor Diamantino da Silva, em seu livro Quadrinhos Dourados (Opera Graphica, 20

O amor perdido de Batman

Em 1976, a DC Comics passava por uma reestruturação editorial das mais periclitantes e precisava a todo custo chacoalhar suas bases para ver se voltava a encarar a Marvel em termos de vendas. Jack Kirby tinha voltado “pros braços” de Stan Lee, e a Distinta Concorrente não conseguiu contra-atacar levando John Buscema para suas dependências. Daí, pensaram: "Quem é o maior roteirista da Marvel no momento?", e contrataram Steve Englehart. Deram sorte, pois Englehart queria umas férias, empanturrado que estava de quadrinhos, e prestes viajar pra Europa. Ele havia feito um estardalhaço danado em séries como Captain America, Avengers, Defenders e Vampirella, tornando-se o grande nome da primeira metade dos anos 1970 – algo similar ao que Kurt Busiek fez na década de 1990 e Michael Bendis, de uns tempos pra cá (se me permite, na minha opinião Englehart é melhor que ambos). O pessoal queria que ele revitalizasse a Liga da Justiça da América, mas o escritor disse que só faria i

“Que tal outra caixa de Mentex?”

"Caia na gandaia, entre nessa festa..." assim já convidava o conjunto carioca As Frenéticas lá nos idos de 1978. Sua música “Dancin’ Days”  também fazia parte da trilha sonora da novela homônima de Gilberto Braga, que consagrou definitivamente a atriz Sônia Braga. A trama fez sucesso, e a trilha mais ainda, evidentemente repleta de hits da emergente Disco Music, um estilo musical oriundo dos guetos negros e boates gay norte americanos proclamado mundialmente pelo filme “Os Embalos de Sábado à Noite”. O ator principal, o “garoto da bolha” John Travolta, viria a ser uma espécie de patrono da “Discoteca” com seu estilo despojado e maneirismos dançantes – mais ou menos como James Dean foi para os jovens rebeldes dos anos 1950 – marcando toda uma geração, apesar da moda efêmera. Travolta encarna Tony Manero em Os Embalos de Sábado à Noite. Outra vertente que ficou registrada na história do Rock a partir da segunda metade da década de 1970 foi o

Entre a farda e o escudo

Em julho de 1971 chegava às prateleiras Captain America 139, escrita por Stan Lee e desenhada por John Romita, anunciada como um "momento decisivo" na vida do Sentinela da Liberdade. Nela, Steve Rogers atenderia o pedido de um comissário para se disfarçar como policial a fim de investigar o desaparecimento de mais de uma dúzia de oficiais em Nova York. O herói aceitou a missão e ingressou como patrulheiro num distrito que tinha como comandante maior o linha-dura Sargento Muldoon, que logo de cara não simpatizou com Rogers. À medida que o tempo passava esse sentimento se acentuava, pois os constantes “sumiços” de nosso herói irritavam muito o sargento – a verdade é que Rogers continuava atuando como Capitão América simultaneamente ao seu "papel" de policial. Eventualmente, foi revelado que Muldoon estava ligado a negócios escusos e que os desaparecimentos dos oficias foram causados pelo supervilão Gárgula Cinzenta, um criminoso com a habilidade de transformar as pes

Morre o “pai” de Vampirella

Forrest J. Ackerman, 92 anos, faleceu na última quinta-feira (dia 4) em sua casa em Los Angeles, após um ataque cardíaco. Homem de vários talentos, é considerado pelos admiradores uma verdadeira instituição do gênero ficção científica, cujo termo “sci fi” foi cunhado pelo próprio. Ackerman fez parte da primeira geração do fandom americano, e foi colaborador do fanzine Science Fiction, de Jerry Siegel e Joe Shuster (os criadores de Superman), em 1932. Foi responsável pela publicação em inglês da série alemã Perry Rhodan – o mais longo épico sci fi de todos os tempos. Atuou como agente literário de nomes importantes como Ray Bradbury ( Crônicas Marcianas ) e inspirou as obras de gente do calibre de Marion Zimmer Bradley ( As Brumas de Avalon ), Gene Simmons (da banda Kiss), Steven Spielberg e George Lucas, entre outros. Um entusiasta por excelência, foi o idealizador e editor da revista Famous Mosnters of Filmland, e criador da bad girl Vampirella – cujas primeiras histórias

Jerry Siegel, a Disney, os italianos, e a Banca do Mickey

Eu tenho de confessar uma coisa pra você, meu chapa, mas vê se não espalha, OK? Aliás, prometa que isto ficará entre nós dois, pois se você contar para alguns amigos meus, correrei um sério risco de ser expulso da gangue. Bem, vamos lá: Eu nunca fui fã da Disney! Ufa! Falei... Por favor, não me olhe assim. Pra quem você está ligando, Cesão? Guarda esse canivete, Paulão! Ô, Gérson, desde quando você tem soco inglês? Tá bom... tá bom... eu sou fã do Morcego Vermelho e gosto muito do Mickey. É sério! Tenho até hoje o manual do camundongo que ganhei do meu pai em 1973. Simpatizo bastante com o Pato Donald também, e até assistia o Clube do Mickey por causa da Kelly Parsons... ops! Quer dizer... por causa dos desenhos, claro. Além disso, colecionei as figurinhas do Galeria Disney – embora jamais tenha completado o álbum. Tsc... pura incompetência. “Também pudera” – como diria o “canalha” Walter Franco –, ou eu colecionava gibis, ou comprava figurinhas, não é? E você sabe, fi

Os objetivos do senhor Ditko

Há exato um mês, Steve Ditko aniversariou. Você não esteve por lá para cumprimenta-lo? Nem eu. Mas na ocasião, dediquei algumas linhas em sua homenagem, que podem ser conferidas no blog do chapa Bira Dantas – que, por sua vez, fez uma caricatura sensacional do filho de Stephen e Anna Ditko. Ditko foi indicado para o "Jack Kirby Hall of Fame" de 1990, "Will Eisner Award Hall of Fame" de 1994, e teve seu nome creditado no primeiro longa-metragem do Homem-Aranha, em 2002. Mas não pense que isso o deixou gabola. Contrário a entrevistas, fotos e badalações, Ditko costuma dizer que sua obra fala por ele. Assim, concluímos de uma maneira nada subjetiva (como o próprio gostaria que fizéssemos), que por meio de seu trabalho compreenderemos quem ele realmente é, e quais são suas ideias a respeito do mundo. Devido a essa postura reclusa, alguns o tomam por excêntrico – Gene Simmons da banda Kiss, por exemplo, queria saber se o cara é maluco –, enquanto outros o consideram

Confraternização, Rock e Quadrinhos no Troféu Bigorna 2008!

"Uma pá de super-heróis": Gonçalo "Guerra dos Gibis" Junior, Roberto "Meteoro" Guedes, Márcio "Roko-Loko" Baraldi e Dario "Dálgor" Chaves. (wg) Quem esteve presente na primeira edição do Troféu Bigorna, ocorrida nas dependências do Bar Blackmore – localizado no badalado bairro paulistano de Moema –, não teve do reclamar. Ainda mais, se o maluco era chegado em gibis dos bons e a rockões dos mais pauleiras. A festa, comandada pelos Mestres de Cerimônia Eloyr “Bigorna” Pacheco e Marcio “Roko-Loko” Baraldi foi um tremendo sucesso, e contou com a presença de personalidades de renome da HQB, emissoras de televisão, e do comparecimento em massa do público, que lotou a casa de espetáculos. Eu e o meu Bigorna! (gf) Baraldi circulava com sua cartola mágica, recepcionando a todo mundo com o seu contagiante bom humor. Eloyr, mais centrado, anotava alguma coisa aqui, ajeitava outra acolá, mas não conseguia disfarçar sua emoção – sensação

Troféu Bigorna 2008: Baraldão vai comandar a festa!

Dia 29 de novembro, sábado, acontecerá a primeira edição do Troféu Bigorna, para os “Melhores do Quadrinho de 2008”. Idealizado pelo cartunista Marcio Baraldi e pelos criadores do site Bigorna (Eloyr Pacheco, Humberto Yashima e Marcelo Baptista), o Troféu Bigorna se constitui em mais uma bem-vinda opção de premiação aos profissionais da área quadrinistica brasileira, juntando-se aos já estabelecidos Angelo Agostini e HQMIX. Os premiados em suas respectivas categorias, são: Melhor Desenhista: Samicler Goncalves Melhor Roteirista: Francinildo Senna Melhor Chargista: Carlos Latuff Melhor Cartunista: Luiz Augusto Melhor Site de Autor: Graphiq Brasil ( Mario Latino ) Melhor Jornalista Especializado: Gonçalo Júnior Melhor Editora: Desiderata Melhor Editora Independente: Júpiter II ( José Salles ) Melhor Fanzine/Revista Independente: Café Espacial ( Sérgio Chaves ) Melhor Álbum/Livro de Humor: Macambira e sua Gente ( Henrique Magalhães ) Melhor Livro Sobre Quadrinhos: A Era de Bronze dos

Johnny Blaze se danou!

Há cerca de um mês, no máximo, eu cheguei a trocar algumas breves palavras com Tony Isabella, veterano roteirista de quadrinhos norte-americano, cuja carreira teve uma maior projeção – tanto lá fora quanto aqui – durante os anos 1970. Isabella nunca fez parte do rol de autores mais reverenciados pelos leitores, como alguns de seus contemporâneos da Era de Bronze, tais quais Steve Englehart, Marv Wolfman, Gerry Conway e Frank Miller, mas é possuidor de uma folha de serviços nada inexpressiva. Criou ou escreveu títulos bem conhecidos, entre eles Os Campeões, Capitão América, Luke Cage, Motoqueiro Fantasma e diversas HQs para os magazines de horror da Marvel. Boa parte desse material foi republicada no Brasil, em revistas das editoras Bloch e Abril. Ele também criou o primeiro super-herói negro de maior relevância para a DC Comics: Jefferson Pierce, o Raio Negro. Quem acompanhava os formatinhos da EBAL irá se lembrar dele (e quem não viu, corra logo pro sebo mais próximo de sua casa). Ao

Promoção: livros autografados e gibis gratuitos

Atenção, amigo leitor! Caso você queira receber qualquer um dos meus livros teóricos dedicado às Histórias em Quadrinhos, já com descontos especiais, com direito a dedicatória e autógrafo, e ainda ganhar um belo gibi de brinde, atente para a promoção adiante. Oferta válida por tempo limitado – até 31 de dezembro de 2008 – ou enquanto houver exemplares em estoque. Quando Surgem os Super-Heróis “Suor, lápis e imaginação!” Um livro ricamente ilustrado e repleto de informações. Mais que a óbvia constatação do apelo comercial dos super-heróis, este petardo editorial registra as histórias daqueles que ajudaram a construir – com muito suor, lápis e imaginação –, a fábrica de sonhos que é o mercado de comic books americano. Relata também os bastidores dos estúdios e o momento histórico em que cada herói foi concebido. Fala dos personagens mais populares da Era de Ouro; do período de ostracismo dos supers na época de “caça às bruxas” e termina, de forma triunfante, com a revolucionária Era de

Happy Birthday, Roy Thomas!

Roy William Thomas nasceu em Jackson, Missouri, em 22 de novembro de 1940 – ou seja, há exatos 68 anos –, e trata-se de uma das figuras mais importantes dos quadrinhos norte-americanos e mundiais. Começou a ler os comic books ainda cedo e logo se apaixonou pelas aventuras da Sociedade da Justiça, de Namor e do Tocha Humana. Anos depois, confessaria que seus dois personagens favoritos sempre foram o Coisa (do Quarteto Fantástico) e o Hawkman (Gavião Negro). Em 1961, formou-se em Pedagogia pela Universidade Estadual do Missouri e, em 2005, tornou-se Mestre em Ciências Humanas pela Universidade Estadual da Califórnia. Fora dos quadrinhos, suas maiores influências são Joseph Heller, Homero, Robert E. Howard e William Shakespeare. Já no meio que o consagrou: Stan Lee, Joe Simon, Jack Kirby, Walt Kelly, Harvey Kurtzman, Otto Binder, Gardner Fox e Julius Schwartz. No princípio da década de 1960, enquanto lecionava língua inglesa, foi convidado por Jerry Bails para co-editar o fanzine Alt

Coisas que você ainda não sabia sobre Stan Lee

Esta semana Stan “The Man” Lee foi homenageado pelo governo americano com uma das maiores honrarias que uma figura do meio artístico poderia receber: a National Medal of Arts, entregue às pessoas que dedicaram sua vida à promoção da cultura nacional daquele país. Lee esteve presente na cerimônia da Casa Branca, é claro, e com sua habitual simpatia recebeu das mãos – do não tão simpático – presidente George W. Bush aquele medalhão invocado. E antes que perguntem: não, ele não caiu em prantos como o cantor Alexandre Pires. Não é a primeira vez que o pai fundador do Universo Marvel é homenageado, e, pelo andar da carruagem também não será a última. No caminho de volta para casa na ensolarada e incendiada Califórnia – onde o destino de muitos “é ser star” –, Lee recebeu os cumprimentos virtuais de inúmeras pessoas, entre amigos e admiradores, inclusive deste que vos escreve; e, ao qual respondeu-me atenciosamente de bate-pronto, finalizando agradecido “Many thanks, Roberto. Excelsior!

A triste parábola do Blues

“Acercando-se dele os discípulos, disseram-lhe: Por que lhes falas por meio de parábolas? Respondeu-lhes Jesus: Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado.” [Mateus 13: 10-11] Afinal de contas, a História em Quadrinho reflete o mundo à nossa volta, ou é somente o resultado legítimo de uma mente criativa e alienada? Nela, tudo é fugaz e despretensioso, ou há mais por trás do nanquim impresso do que possa supor nossa vã sabedoria? Seria o caso do simples acaso, ou não há nada de paranóico em constatar que realmente um grupo de pessoas exerce a manipulação de massa por meio dos – não mais – inocentes gibis? Antes que você comece a pensar que este primeiro parágrafo foi retirado do livro de Fredric Whertam Sedução do Inocente (para muitos, o libelo por excelência do caçador de pêlo em ovo), é preciso deixar claro que estas linhas foram redigidas por um apaixonado quadrinista, editor e pesquisador da dita Arte Seqüencial, OK? Essa conv