Esta semana Stan “The Man” Lee foi homenageado pelo governo americano com uma das maiores honrarias que uma figura do meio artístico poderia receber: a National Medal of Arts, entregue às pessoas que dedicaram sua vida à promoção da cultura nacional daquele país.
Lee esteve presente na cerimônia da Casa Branca, é claro, e com sua habitual simpatia recebeu das mãos – do não tão simpático – presidente George W. Bush aquele medalhão invocado. E antes que perguntem: não, ele não caiu em prantos como o cantor Alexandre Pires.
Não é a primeira vez que o pai fundador do Universo Marvel é homenageado, e, pelo andar da carruagem também não será a última. No caminho de volta para casa na ensolarada e incendiada Califórnia – onde o destino de muitos “é ser star” –, Lee recebeu os cumprimentos virtuais de inúmeras pessoas, entre amigos e admiradores, inclusive deste que vos escreve; e, ao qual respondeu-me atenciosamente de bate-pronto, finalizando agradecido “Many thanks, Roberto. Excelsior! Stan”.
Mas a resposta mais engraçada que o criador do Homem-Aranha deu foi para o jornalista, radialista e escritor protestante Peter Wallace ao ser indagado se a medalha ainda estava em seu pescoço no dia seguinte: “Usando? Eu a cravei em meu peito!”.
Wallace, que inclusive já esteve no Brasil, me contou como o estilo de escrever de Stan Lee o influenciou em sua carreira: “Eu sou um Marvel maníaco desde meados da década de 60, quando li pela primeira vez os gibis de Homem-Aranha e Thor que o meu irmão mais velho trouxe pra mim! [...] Há cerca de quatro anos fiz uma viagem a Los Angeles e, gentilmente, Stan me convidou pra encontra-lo em seu escritório, onde passei cerca de uma hora e meia tentando conversar coerentemente com ele. Eu me sentia intimidado!”
Wallace é autor de alguns livros religiosos e reflexivos. Em um deles, explica como Lee, e sua coluna Stan’s Soapbox, tiveram impacto em sua vida: “Eu realmente acredito que me interessei em escrever por causa de Stan Lee. Para o meu próximo livro – a ser lançado na primavera – vou dedicar um capítulo à minha experiência de quase ter um sonho realizado: o de trabalhar com Stan escrevendo quadrinhos, na época da Stan Lee Media [...] Diz respeito a uma nova linha de gibis ‘religiosos’ que ele queria produzir para passar lições de moral através dos super-heróis...”, mas por motivos não explicados, Wallace comentou que o projeto acabou engavetado, concluindo que “[...] sempre me impressionei com a capacidade criativa de Stan, e de sua visão otimista da vida; e apesar de ninguém ser perfeito, acho que ele tem feito um bocado de coisas boas durante todos esses anos.”
Foi graças a Wallace – que costumo chamar apenas de “Peter” –, que consegui “chegar” até Stan Lee e entrevista-lo pra Wizmania e para o meu livro A Era de Bronze dos Super-Heróis; e, de poder manter, desde então, um contato cordial com o meu roteirista favorito de todos os tempos. Essas experiências são realmente motivadoras e divertidas, e tem gente que teve o privilégio de conversar cara a cara com Smilin’ Stan naquelas convenções monstros "Made in USA" como o meu chapa palestrino e excelente tradutor Paulo Agria (cadê a foto, intrepid one?).
Há também os casos de Fábio Yabu, que foi recebido por Lee em seu escritório e ganhou elogios por seus trabalhos; além de, ninguém menos, que o nosso “Disney tropicalista” Mauricio de Sousa. Isso mesmo! Ao perguntar para ele, a respeito de que, cargas d’água os dois lendários quadrinistas conversaram durante o 1º Congresso Internacional de Quadrinhos (Nova York, 1972), o criador de Mônica e Cebolinha respondeu: “Roberto, isso é que é querer puxar pela memória de alguém, hein? [...] Infelizmente, não tenho lembrança de como foi o papo com Stan Lee, exceto de que foi aquela (coisa) de fã. Afinal, ele era um dos meus ídolos de então. Salvo engano, na ocasião, ele comentou do lançamento do Homem de Ferro (?)... mas não tenho certeza. Quem deve lembrar melhor é o Álvaro de Moya, que estava presente e foi o meu intérprete (meu inglês era e continua a ser sofrível). Na próxima, eu levo um ‘diarinho’!”, já encontrei o Moya depois desse papo, mas esqueci de perguntar. Se alguém o fizer, não esqueça de postar a informação por aqui, OK?
Todos esses exemplos e mais tantos que ouço e leio por aí, me fazem crer que, de alguma maneira, e de algum modo, todo mundo que teve a oportunidade de acompanhar as histórias dos heróis Marvel escritas por Stan Lee a partir da década de 1960, sofreu algum tipo de influência benéfica em sua formação – e não me refiro aqui, apenas aos profissionais da área editorial. Seja você um médico, um advogado ou funcionário de repartição pública, tenho a plena convicção de que concordará comigo que os fascinantes heróis que Lee criou, co-criou ou mesmo recriou durante a encantadora Era Marvel dos Quadrinhos, com seus roteiros épicos e dramáticos, continuam a povoar o imaginário popular mundial. Lee sabia o que estava fazendo. Conforme o próprio me disse a respeito de suas histórias: “[Eu] esperava conscientizar as pessoas para que tentássemos ser bons uns com os outros.”
Tá falado, Stan!
© Copyright Roberto Guedes
Amigo, se você é fã de Stan Lee, responda a enquete (localizada na lateral desta página) “Qual foi o melhor parceiro de Stan Lee”, e depois envie sua mensagem comentando o texto acima e, se quiser, o voto também.
Lee esteve presente na cerimônia da Casa Branca, é claro, e com sua habitual simpatia recebeu das mãos – do não tão simpático – presidente George W. Bush aquele medalhão invocado. E antes que perguntem: não, ele não caiu em prantos como o cantor Alexandre Pires.
Não é a primeira vez que o pai fundador do Universo Marvel é homenageado, e, pelo andar da carruagem também não será a última. No caminho de volta para casa na ensolarada e incendiada Califórnia – onde o destino de muitos “é ser star” –, Lee recebeu os cumprimentos virtuais de inúmeras pessoas, entre amigos e admiradores, inclusive deste que vos escreve; e, ao qual respondeu-me atenciosamente de bate-pronto, finalizando agradecido “Many thanks, Roberto. Excelsior! Stan”.
Mas a resposta mais engraçada que o criador do Homem-Aranha deu foi para o jornalista, radialista e escritor protestante Peter Wallace ao ser indagado se a medalha ainda estava em seu pescoço no dia seguinte: “Usando? Eu a cravei em meu peito!”.
Wallace, que inclusive já esteve no Brasil, me contou como o estilo de escrever de Stan Lee o influenciou em sua carreira: “Eu sou um Marvel maníaco desde meados da década de 60, quando li pela primeira vez os gibis de Homem-Aranha e Thor que o meu irmão mais velho trouxe pra mim! [...] Há cerca de quatro anos fiz uma viagem a Los Angeles e, gentilmente, Stan me convidou pra encontra-lo em seu escritório, onde passei cerca de uma hora e meia tentando conversar coerentemente com ele. Eu me sentia intimidado!”
Wallace é autor de alguns livros religiosos e reflexivos. Em um deles, explica como Lee, e sua coluna Stan’s Soapbox, tiveram impacto em sua vida: “Eu realmente acredito que me interessei em escrever por causa de Stan Lee. Para o meu próximo livro – a ser lançado na primavera – vou dedicar um capítulo à minha experiência de quase ter um sonho realizado: o de trabalhar com Stan escrevendo quadrinhos, na época da Stan Lee Media [...] Diz respeito a uma nova linha de gibis ‘religiosos’ que ele queria produzir para passar lições de moral através dos super-heróis...”, mas por motivos não explicados, Wallace comentou que o projeto acabou engavetado, concluindo que “[...] sempre me impressionei com a capacidade criativa de Stan, e de sua visão otimista da vida; e apesar de ninguém ser perfeito, acho que ele tem feito um bocado de coisas boas durante todos esses anos.”
Foi graças a Wallace – que costumo chamar apenas de “Peter” –, que consegui “chegar” até Stan Lee e entrevista-lo pra Wizmania e para o meu livro A Era de Bronze dos Super-Heróis; e, de poder manter, desde então, um contato cordial com o meu roteirista favorito de todos os tempos. Essas experiências são realmente motivadoras e divertidas, e tem gente que teve o privilégio de conversar cara a cara com Smilin’ Stan naquelas convenções monstros "Made in USA" como o meu chapa palestrino e excelente tradutor Paulo Agria (cadê a foto, intrepid one?).
Há também os casos de Fábio Yabu, que foi recebido por Lee em seu escritório e ganhou elogios por seus trabalhos; além de, ninguém menos, que o nosso “Disney tropicalista” Mauricio de Sousa. Isso mesmo! Ao perguntar para ele, a respeito de que, cargas d’água os dois lendários quadrinistas conversaram durante o 1º Congresso Internacional de Quadrinhos (Nova York, 1972), o criador de Mônica e Cebolinha respondeu: “Roberto, isso é que é querer puxar pela memória de alguém, hein? [...] Infelizmente, não tenho lembrança de como foi o papo com Stan Lee, exceto de que foi aquela (coisa) de fã. Afinal, ele era um dos meus ídolos de então. Salvo engano, na ocasião, ele comentou do lançamento do Homem de Ferro (?)... mas não tenho certeza. Quem deve lembrar melhor é o Álvaro de Moya, que estava presente e foi o meu intérprete (meu inglês era e continua a ser sofrível). Na próxima, eu levo um ‘diarinho’!”, já encontrei o Moya depois desse papo, mas esqueci de perguntar. Se alguém o fizer, não esqueça de postar a informação por aqui, OK?
Todos esses exemplos e mais tantos que ouço e leio por aí, me fazem crer que, de alguma maneira, e de algum modo, todo mundo que teve a oportunidade de acompanhar as histórias dos heróis Marvel escritas por Stan Lee a partir da década de 1960, sofreu algum tipo de influência benéfica em sua formação – e não me refiro aqui, apenas aos profissionais da área editorial. Seja você um médico, um advogado ou funcionário de repartição pública, tenho a plena convicção de que concordará comigo que os fascinantes heróis que Lee criou, co-criou ou mesmo recriou durante a encantadora Era Marvel dos Quadrinhos, com seus roteiros épicos e dramáticos, continuam a povoar o imaginário popular mundial. Lee sabia o que estava fazendo. Conforme o próprio me disse a respeito de suas histórias: “[Eu] esperava conscientizar as pessoas para que tentássemos ser bons uns com os outros.”
Tá falado, Stan!
© Copyright Roberto Guedes
Amigo, se você é fã de Stan Lee, responda a enquete (localizada na lateral desta página) “Qual foi o melhor parceiro de Stan Lee”, e depois envie sua mensagem comentando o texto acima e, se quiser, o voto também.
Comentários
Parabéns!
Um abraço
Abraços,
Wendell.
Sou fã de Stan Lee também, e cresci lendo suas aventuras em parceria com Rei Kirby e Jazzy Johnny. Como o Aranha é o meu predileto, votei no Romita, mas simplesmente adoro o Quarteto e o Thor também.
Parabéns!
Carlos
Wendell, não se sinta constrangido. Ditko é um dos maiores nomes dos Quadrinhos americanos. E, embora não tenha criado tantos super-heróis pra Marvel ao lado de Stan (como no caso de Kirby), ele é o co-autor de simplesmente o Homem-Aranha - o mais popular entre todos eles. Além disso, também de Jonah Jameson, Tia May, Dr. Octopus, Duende Verde, Gwen Stacy etc., etc.
Anônimo, Romita simplesmente é demais!
Pois é, Carlos, Stan é um homem de muitas facetas - todas surpreendentes.
Abraços a todos (e continuem votando)!!!
John Byrne foi um bom parceiro, sou demasiado jovem...
Poderia ter votado no Ditko, por ter sido parceiro do The Man na sua maior criação,o tal aracnídeo. E esse voto não perderia força mesmo com a parceria ter sido quebrada em determinado momento.
Poderia ter votado no John Buscema (aliás, não recebeu nenhum voto até o momento), principalmente por causa do Surfista, que é inclusive um dos personagens mais queridos do próprio Stan Lee.
Poderia ter votado no Romitão, que além de também ter trabalhado com ele no Aranha na, talvez, fase mais prodigiosa do personagem, é dos quatro que teve a parceria mais longa com Lee, creio. (Tá certo, né? Pelo menos da metade dos 60s ao início dos 80s, com as tiras de jornal, mesmo com intervalos)
Mas votei no Kirby, pois foi a mais intensa parceria, a que começou tudo e que teve maior participação naquele início explosivo.
Então, pra mim, a dupla do barulho é The Man e The King :)
Mesmo com as polêmicas criativas que surgiram depois, isso não importa. O que importa é o trabalho feito.
...........
Ah, sim, o texto.
Além da citação a Lulu Santos dos bons tempos (!), cheguei a imaginar que seria engraçado se essa homenagem fosse dada ano que vem, já com o Obama no poder. Será que o Barack estaria vestindo uma camisa do Aranha por baixo do terno? hehehe
Excelsior!!!
Abraço.
Andre Bufrem
Votei na parceria com o Kirby, sem dúvida a que mais rendeu frutos.
'Nuff said!
E aguardem novidades sobre Kirby aqui no Manifesto.
Ah, a enquete está pra acabar! Quem não votou ainda, "corra" logo! rsrsrs
Abraços!
http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.aspx?cmm=47359632&tid=5269808908075938356&na=3&nst=35&nid=47359632-5269808908075938356-5271566563312284212
Isso realmente aconteceu. Foi na edição 6 de Mister Miracle (Senhor Milagre). Essa HQ só ficou inédita por aqui, pois no último minuto, me mandaram corta-la do álbum "Jack Kirby: Senhor Milagre" volume 1, da Opera Graphica. Estava já traduzida e diagramada. Pena. É muito divertida apesar de ofensiva para Stan e Jack. Isso aconteceu por volta de 1972, portanto acabou sendo esquecido pelas partes envolvidas, já que em menos de 3 anos, o Rei estava de volta à Casa das Idéias produzindo suas incríveis HQs. Em "retribuição", Roy colocou Jack, Stan e toda a cambada do Bullpen numa das mais hilariantes HQs do Quarteto Fantástico, em que o Homem-Impossível exige ganhar um gibi da Marvel Comics. E o Rei é retratado com todo o respeito na história.
Por gentileza, avise aos seus amigos para visitarem o Manifesto. Em breve, pintará por aqui uma supermatéria de King Kirby!
Abração!
Sobre o pessoal lá da comunidade, muitos já estão acessando teu blog. Inclusive o Jota postou teu link!
Abração!
A ordem partiu do dono da editora, Carlos Mann, que ao ver a heliográfica (que é o "boneco" da revista que vem da gráfica para o editor ver se está tudo OK antes da impressão final), calculou que o álbum ficaria caro demais com aquelas 20 e poucas páginas a mais. Então mandou cortar a 6ª história, que, automaticamente, passaria a ser a 1ª do próximo volume.
O problema é que o 2º volume jamais foi lançado. De acordo com as informações que recebi, as vendas do nº 1 não foram satisfatórias.
E pior que foi a única foto desse dia em que eu apareceria, já que pedi pra um sujeito que estava na fila tirar... e acho que foi esse justamente o problema, se eu tivesse tirado, não teria queimado (mas eu não apareceria... hehehe)
No entanto, como já falei em outras oportunidades, é incrível a presença magnética que esse senhor tem. Realmente inesquecível.
Abração!
http://hqmaniacs.uol.com.br/principal.asp?acao=materias&cod_materia=352
E no próprio livro da Era de Bronze comento sobre a "Era Moderna" logo na introdução (pág. 8). Mas, claro, trata-se apenas de uma sugestão, não algo definitivo - mesmo porque não é algo que cabe a mim, a você ou a qualquer outra pessoa, individualmente, assim defini-la.
No livro ainda, comento sobre Cavaleiro das Trevas, Watchmen, Ano I etc, realçando a importância de cada uma dessas obras no cenário quadrinistico.
Quanto às palavras (e opiniões) do meu chapa Baraldi, não posso responder por ele, só lembrar a você que ele é bem despachado e contundente em suas posições, OK?
Abraço!