No momento em que esta é redigida, todo mundo já deve saber que às 10:40h do sábado, 15 de novembro de 2008, o quadrinista e editor Cláudio Seto faleceu, após sofrer um derrame decorrente de complicações com pressão alta e diabetes.
Sua carreira começou há mais de quatro décadas. Talentoso como poucos, logo que o lendário Minami Keizi da Editora Edrel bateu os olhos em suas pranchas, o escalou para a “Equipe A” de suas produções – dedicada às revistas em “estilo mangá” (o quadrinho japonês).
Assim como Minami, Seto foi um dos primeiros artistas a fazer mangá fora do Japão, e, talvez, no mundo (puxando rápido pela memória, lembro apenas de Sanho Kim, que era coreano e produzia para o mercado americano), ainda nos anos 1960, desenhando as histórias de seu personagem Ninja, O Samurai Mágico.
De acordo com meu amigo, o jornalista e pesquisador Gonçalo Junior: "A maior mágoa que Seto tinha era o de ser acusado de ter copiado Lobo Solitário na revista Histórias de Samurais. Ele sempre negou isso por um motivo óbvio: suas histórias começaram a sair em 1968, dois anos antes da famosa série japonesa estrear em seu país de origem."
Seto é reverenciado ainda mais em uma segunda fase de sua carreira, como um dos principais responsáveis pelo sucesso daquela que ficaria conhecida como a “Era Grafipar” – a ousada editora de Curitiba, que lançou e/ou ajudou a projetar vários nomes da HQB (História em Quadrinhos Brasileira), como Seabra, Watson Portela, Mozart Couto entre outros, sob a chancela “Bico de Pena”, em publicações que iam do erótico ao western, passando pelo gênero aventura.
Franco de Rosa, que viveu todo aquele período com intensidade, num esfuziante depoimento que acabei por registrar em A Saga dos Super-Heróis Brasileiros (Opera Graphica, 2005), disse que a revista Especial de Quadrinhos “[...] traduziu todo o espírito da produção Bico de Pena dirigida por Cláudio Seto. Apresentou várias obras de grande importância cultural e alto teor artístico!”
Seto é também a figura central de A Guerra dos Gibis 2 – ainda inédita, e que levou 20 anos para Gonçalo escrever. Além do amigo perdido, o autor lamenta o fato de Seto morrer antes ver a obra lançada: “Convivi com Seto ao longo de 18 anos. Em 1992, passei uma semana em Curitiba e o aluguei o tempo todo. Voltei com 27 horas de entrevistas [...] Retomamos o contato mais assiduamente no final de 2006, quando comecei a revisar o livro. Desde então, trocávamos e-mails constantemente. A única coisa que tenho a dizer sobre ele é que é o maior, o mais completo, o mais talentoso, o mais inovador e o mais revolucionário artista brasileiro de quadrinhos de todos os tempos. Não é um exagero motivado pela emoção. Repito isso sempre. Que me perdoem os outros.”
Fica aqui registrada homenagem à memória de Cláudio Seto.
© Copyright Roberto Guedes
Sua carreira começou há mais de quatro décadas. Talentoso como poucos, logo que o lendário Minami Keizi da Editora Edrel bateu os olhos em suas pranchas, o escalou para a “Equipe A” de suas produções – dedicada às revistas em “estilo mangá” (o quadrinho japonês).
Assim como Minami, Seto foi um dos primeiros artistas a fazer mangá fora do Japão, e, talvez, no mundo (puxando rápido pela memória, lembro apenas de Sanho Kim, que era coreano e produzia para o mercado americano), ainda nos anos 1960, desenhando as histórias de seu personagem Ninja, O Samurai Mágico.
De acordo com meu amigo, o jornalista e pesquisador Gonçalo Junior: "A maior mágoa que Seto tinha era o de ser acusado de ter copiado Lobo Solitário na revista Histórias de Samurais. Ele sempre negou isso por um motivo óbvio: suas histórias começaram a sair em 1968, dois anos antes da famosa série japonesa estrear em seu país de origem."
Seto é reverenciado ainda mais em uma segunda fase de sua carreira, como um dos principais responsáveis pelo sucesso daquela que ficaria conhecida como a “Era Grafipar” – a ousada editora de Curitiba, que lançou e/ou ajudou a projetar vários nomes da HQB (História em Quadrinhos Brasileira), como Seabra, Watson Portela, Mozart Couto entre outros, sob a chancela “Bico de Pena”, em publicações que iam do erótico ao western, passando pelo gênero aventura.
Franco de Rosa, que viveu todo aquele período com intensidade, num esfuziante depoimento que acabei por registrar em A Saga dos Super-Heróis Brasileiros (Opera Graphica, 2005), disse que a revista Especial de Quadrinhos “[...] traduziu todo o espírito da produção Bico de Pena dirigida por Cláudio Seto. Apresentou várias obras de grande importância cultural e alto teor artístico!”
Seto é também a figura central de A Guerra dos Gibis 2 – ainda inédita, e que levou 20 anos para Gonçalo escrever. Além do amigo perdido, o autor lamenta o fato de Seto morrer antes ver a obra lançada: “Convivi com Seto ao longo de 18 anos. Em 1992, passei uma semana em Curitiba e o aluguei o tempo todo. Voltei com 27 horas de entrevistas [...] Retomamos o contato mais assiduamente no final de 2006, quando comecei a revisar o livro. Desde então, trocávamos e-mails constantemente. A única coisa que tenho a dizer sobre ele é que é o maior, o mais completo, o mais talentoso, o mais inovador e o mais revolucionário artista brasileiro de quadrinhos de todos os tempos. Não é um exagero motivado pela emoção. Repito isso sempre. Que me perdoem os outros.”
Fica aqui registrada homenagem à memória de Cláudio Seto.
© Copyright Roberto Guedes
Comentários
O que JRP fez pelos quadrinhos nacionais?
Familia abonada? Procure se informar melhor,pq é bem ao contrário...
A inveja é uma M...
Assuma a sua identiade e poste seu nome, com as suas idéias.
Elas são válidas, pois cada um pensa o que quer, e tem direito de possui suas opiniões, assim como aderir à "religião maluca" (defina isso) mas as defenda com sua cara!! Para que a gente te conheça...
Adorei as passagens sobre a Vecchi, a Grafipar, o Bloquinho, os heróis independentes e sobre a Edrel. Aliás, acho que o seu leivro é o primeiro no Brasil a falar dessas editoras, não é?
Bem, mas mesmo que não seja, você escreveu uma obra excelente e que, acredito, servirá de referência pra todo mundo que curte agaquês neste país. Acho incrível que ninguém comente muito sobre A SAGA por aí. Os depoimentos que você colheu sobre Minami, E.C. Nickel, Mozart Couto são preciodíssimos. Um deleite pra quem cresceu lendo aquelas velhas e adoráveis revistas.
Você prestou um serviço inigalável à HQB. Merece uma medalha, no mínimo.
Parabéns!
Mauro J. da Silva