Há algum tempo correu a notícia a respeito das novas mudanças na linha editorial da MAD nacional, e confesso que não fiquei nada surpreso. Digo isso, não com alguma autoridade ou pré-conhecimento dos fatos – mesmo porque não possuo nem um e nem outro a respeito do referido assunto –, mas simplesmente devido a uma constatação cada vez mais gritante de que tudo passa. A uva passa, o ferro passa, e os editores também passam.
Como não comprei nenhuma das novas edições da revista, não posso, sequer, palpitar a respeito. Resta-me torcer para que o novo comandante do magazine faça bonito, assim como o seu antecessor o fez por tanto tempo também.
OK, eles são profissionais com estilos diferentes, eu sei, mas também vivemos tempos diferentes. E pelo timaço que convocaram pra nova fase da publicação (Bira, Baraldi, Marcatti, Xalberto...) com certeza, valerá a pena conferir.
Analisando a “escalação” dos artistas, a coisa parece pender mais para uma linha de humor alternativa que para a comédia de costumes estabelecida na MAD ainda nos anos 1950 por Harvey Kurtzman. Todavia, Kurtzman foi considerado o “Guru” dos comix* americanos após “liberar bênçãos” a tipos como Trina Robbins e Rick Griffin durante uma convenção de artes em 1969.
Ah, quer saber?... depois de beber nas fontes de Dave Berg, Aragonés e Robert Crumb durante um certo período da minha vida, e de estrear profissionalmente escrevendo para revistas como Porrada (de Gilberto Firmino), e Udigrudi de Tony Fernandes e Vanderfel... quem é que eu penso que sou para palpitar? Esse pessoal é batuta e engraçado à beça. Aliás, não serei o primeiro a afirmar que o humor é o forte dos cartunistas e quadrinistas brasileiros. Isso já vem de longa data.
Ainda lembro de quando meu querido irmão William chegou em casa com o primeiro número da MAD, em meados dos anos 1970, lançamento da Editora Vecchi. Ele não era um colecionador de quadrinhos propriamente dito, mas curtia essas novidades, e ficava com seus amigos roqueiros na sala ouvindo Foghat e rindo das tiradas de Don Martin e cia. Logo depois, veio a Crazy, da concorrente Marvel Comics, lançada originalmente por aqui pela Bloch Editores. E pra não ficar por baixo, quem comprou a primeira Pancada foi o “pirralho” aqui. Esta, era mais uma concorrente satírica, versão brasuca via Editora Abril da Cracked americana. Nesse balaio todo, a tradicionalíssima EBAL, do pioneiro Adolfo Aizen lançou a KLIK, somente com autores nacionais.
Como não comprei nenhuma das novas edições da revista, não posso, sequer, palpitar a respeito. Resta-me torcer para que o novo comandante do magazine faça bonito, assim como o seu antecessor o fez por tanto tempo também.
OK, eles são profissionais com estilos diferentes, eu sei, mas também vivemos tempos diferentes. E pelo timaço que convocaram pra nova fase da publicação (Bira, Baraldi, Marcatti, Xalberto...) com certeza, valerá a pena conferir.
Analisando a “escalação” dos artistas, a coisa parece pender mais para uma linha de humor alternativa que para a comédia de costumes estabelecida na MAD ainda nos anos 1950 por Harvey Kurtzman. Todavia, Kurtzman foi considerado o “Guru” dos comix* americanos após “liberar bênçãos” a tipos como Trina Robbins e Rick Griffin durante uma convenção de artes em 1969.
Ah, quer saber?... depois de beber nas fontes de Dave Berg, Aragonés e Robert Crumb durante um certo período da minha vida, e de estrear profissionalmente escrevendo para revistas como Porrada (de Gilberto Firmino), e Udigrudi de Tony Fernandes e Vanderfel... quem é que eu penso que sou para palpitar? Esse pessoal é batuta e engraçado à beça. Aliás, não serei o primeiro a afirmar que o humor é o forte dos cartunistas e quadrinistas brasileiros. Isso já vem de longa data.
Ainda lembro de quando meu querido irmão William chegou em casa com o primeiro número da MAD, em meados dos anos 1970, lançamento da Editora Vecchi. Ele não era um colecionador de quadrinhos propriamente dito, mas curtia essas novidades, e ficava com seus amigos roqueiros na sala ouvindo Foghat e rindo das tiradas de Don Martin e cia. Logo depois, veio a Crazy, da concorrente Marvel Comics, lançada originalmente por aqui pela Bloch Editores. E pra não ficar por baixo, quem comprou a primeira Pancada foi o “pirralho” aqui. Esta, era mais uma concorrente satírica, versão brasuca via Editora Abril da Cracked americana. Nesse balaio todo, a tradicionalíssima EBAL, do pioneiro Adolfo Aizen lançou a KLIK, somente com autores nacionais.
Pra não dar bandeira, a capa de KLIK nº 1 estampava a chamada “Edição nacional de Plop!”; mas bastava uma rápida olhadela pra sacar que o magazine tinha mais a ver com a MAD do que com a revista de humor da DC Comics (também publicada pela EBAL) que trazia trabalhos de Aragonés, Basil Wolverton, Nick Cardy, Frank Robbins etc., numa linha editorial mais próxima das revistas européias.
Embora todas se constituíssem em diversão garantida, eu nunca fui de colecionar esses periódicos humorísticos. Mesmo porque, o minguado dinheirinho não permitia (e, afinal de contas, como é que eu viveria sem um gibi do Aranha por mês, não é mesmo?). Assim, fiquei um bom tempo sem saber qual teria sido o fim da KLIK, até que há alguns anos, comprei uma cópia usada, porém impecável da primeira edição. Provavelmente, o nº 1 original que ficava lá na sala, foi parar na casa de algum colega de meu irmão. Mais adiante, consegui outros números, e, em conversa com os amigos e colecionadores Paulo Ricardo Abade Montenegro (do fórum Gibihouse) e Gérson "RB" Fasano, soube que a revista foi cancelada no nº 12 (janeiro de 1980).
Por sinal, Fasano me presenteou com esta histórica edição. Ao ler a seção de cartas, fica patente que a cobrança e desconfiança dos leitores para com a nova equipe criativa que assumira a empreitada após as saídas de Carlos Chagas e Cláudio Almeida era bem grande. Acho até que dá para se criar um paralelo com o que ocorre atualmente com a MAD. Em todo caso, e, pelo menos, nesta última edição da EBAL, os leitores não teriam do que reclamar do material apresentado.
A equipe formada por Franco de Rosa, Jal, Roberto Kussumoto, Ataíde Braz entre outros, esbanjou criatividade, dividindo a revista no sistema flipbook cover. Ou seja, era ler a revista até a metade, virar ao contrário e continuar lendo como se fosse outra revista – igual ao formatinho Invictus, também da EBAL, que apresentava HQs e capas distintas de Flash e Lanterna Verde. Do lado “oficial”, Franco e sua turma tiraram um sarro de Fafá de Belém (“Fofá de Belém”), muito popular então, transformando-a em Mona Lisa – só que em vez do sorriso enigmático, valorizaram outros atributos físicos da cantora.
Embora todas se constituíssem em diversão garantida, eu nunca fui de colecionar esses periódicos humorísticos. Mesmo porque, o minguado dinheirinho não permitia (e, afinal de contas, como é que eu viveria sem um gibi do Aranha por mês, não é mesmo?). Assim, fiquei um bom tempo sem saber qual teria sido o fim da KLIK, até que há alguns anos, comprei uma cópia usada, porém impecável da primeira edição. Provavelmente, o nº 1 original que ficava lá na sala, foi parar na casa de algum colega de meu irmão. Mais adiante, consegui outros números, e, em conversa com os amigos e colecionadores Paulo Ricardo Abade Montenegro (do fórum Gibihouse) e Gérson "RB" Fasano, soube que a revista foi cancelada no nº 12 (janeiro de 1980).
Por sinal, Fasano me presenteou com esta histórica edição. Ao ler a seção de cartas, fica patente que a cobrança e desconfiança dos leitores para com a nova equipe criativa que assumira a empreitada após as saídas de Carlos Chagas e Cláudio Almeida era bem grande. Acho até que dá para se criar um paralelo com o que ocorre atualmente com a MAD. Em todo caso, e, pelo menos, nesta última edição da EBAL, os leitores não teriam do que reclamar do material apresentado.
A equipe formada por Franco de Rosa, Jal, Roberto Kussumoto, Ataíde Braz entre outros, esbanjou criatividade, dividindo a revista no sistema flipbook cover. Ou seja, era ler a revista até a metade, virar ao contrário e continuar lendo como se fosse outra revista – igual ao formatinho Invictus, também da EBAL, que apresentava HQs e capas distintas de Flash e Lanterna Verde. Do lado “oficial”, Franco e sua turma tiraram um sarro de Fafá de Belém (“Fofá de Belém”), muito popular então, transformando-a em Mona Lisa – só que em vez do sorriso enigmático, valorizaram outros atributos físicos da cantora.
Vocês sabem...
No verso da revista, com outra capa, inclusive, a sátira foi pra cima de Kripta, a revista de terror mais popular do Brasil, publicada pela RGE entre 1976-1981. Franco esculhambou com o Conde Drácula, e o fez fugir do escudo do Corinthians como o vampiro original fugiria da cruz. Se o dentuço da Transilvânia é palmeirense eu não sei, mas o meu querido amigo Franco é.
A chamada evocava o filme de Zé do Caixão Esta noite encarnarei no teu cadáver. O logo da RGE virou “UGH”, e o subtítulo clássico “Terror, Suspense, Ficção Científica”, passou a ser “Humor, Sátira, Fricção Científica, Panaquice”. Pra encerrar, um enigmático “nº 13” se destacava abaixo do rostinho simpático de Primo Eerie – só para confundir os colecionadores. Afinal, saíram 12 ou 13 edições da KLIK?
No verso da revista, com outra capa, inclusive, a sátira foi pra cima de Kripta, a revista de terror mais popular do Brasil, publicada pela RGE entre 1976-1981. Franco esculhambou com o Conde Drácula, e o fez fugir do escudo do Corinthians como o vampiro original fugiria da cruz. Se o dentuço da Transilvânia é palmeirense eu não sei, mas o meu querido amigo Franco é.
A chamada evocava o filme de Zé do Caixão Esta noite encarnarei no teu cadáver. O logo da RGE virou “UGH”, e o subtítulo clássico “Terror, Suspense, Ficção Científica”, passou a ser “Humor, Sátira, Fricção Científica, Panaquice”. Pra encerrar, um enigmático “nº 13” se destacava abaixo do rostinho simpático de Primo Eerie – só para confundir os colecionadores. Afinal, saíram 12 ou 13 edições da KLIK?
Só o Franco sabe...
A gozação continuava lá dentro (opa!), a começar pelo layout do índice, e da disposição do expediente. Warren Publishing, a detentora dos quadrinhos da Kripta virou “War & Dead Publishing”; os números atrasados você conseguiria pelo “Reembolso Mortal”; tudo impresso na “Gráfica Presunto”; e os desenhos – ah, os desenhos! – das histórias foram todos propositalmente decalcados de feras como José Ortiz e Esteban Maroto.
WOW!
Maroto ficaria orgulhoso (ou teria um enfarte) se visse o que fizeram em “Três por Quatrus”, referência direta e mortífera pra cima de “Cinco por Infinitus” – um clássico sci fi do autor espanhol dos mais recomendáveis.
Você pode achar que sou um exagerado, intrepid one, mas creio que essa última edição da KLIK (ou seria “Klikta”?) trata-se de um verdadeiro clássico do quadrinho de humor nacional, valendo a pena figurar nas pilhas de gibis de qualquer colecionador que se preza. Por isso, corra pro sebo mais podreira que tiver perto da sua casa, e tente achar a bendita. Agora, se você caiu na besteira de deixar o seu exemplar dando sopa na sala de estar enquanto o rock rolava, atente às palavras proféticas do último editorial: “...vamos parar de emprestar a KLIK pro quarteirão inteiro aí, pô!”
*Comix com “X” no final, em vez de “CS”, diz respeito às revistas em quadrinhos underground.
© Copyright Roberto Guedes
A gozação continuava lá dentro (opa!), a começar pelo layout do índice, e da disposição do expediente. Warren Publishing, a detentora dos quadrinhos da Kripta virou “War & Dead Publishing”; os números atrasados você conseguiria pelo “Reembolso Mortal”; tudo impresso na “Gráfica Presunto”; e os desenhos – ah, os desenhos! – das histórias foram todos propositalmente decalcados de feras como José Ortiz e Esteban Maroto.
WOW!
Maroto ficaria orgulhoso (ou teria um enfarte) se visse o que fizeram em “Três por Quatrus”, referência direta e mortífera pra cima de “Cinco por Infinitus” – um clássico sci fi do autor espanhol dos mais recomendáveis.
Você pode achar que sou um exagerado, intrepid one, mas creio que essa última edição da KLIK (ou seria “Klikta”?) trata-se de um verdadeiro clássico do quadrinho de humor nacional, valendo a pena figurar nas pilhas de gibis de qualquer colecionador que se preza. Por isso, corra pro sebo mais podreira que tiver perto da sua casa, e tente achar a bendita. Agora, se você caiu na besteira de deixar o seu exemplar dando sopa na sala de estar enquanto o rock rolava, atente às palavras proféticas do último editorial: “...vamos parar de emprestar a KLIK pro quarteirão inteiro aí, pô!”
*Comix com “X” no final, em vez de “CS”, diz respeito às revistas em quadrinhos underground.
© Copyright Roberto Guedes
Comentários
Nem preciso dizer que serei leitor assíduo.
Abraço
Abraços.
Excelente!
Paulão, acabei de postar uma nova matéria... é dedicada ao seu personagem favorito. Acho.
Essa capa do Drácula foi a primeira pintura em guache que fiz... uma das poucas. Eita técnica difícil...
Abraço.
Franco
Arretado sua matéria sobre a Klik. Desculpe-me, mas não lembro desta.
Mas será que com a nova Mad vindo por aí, não surja uma nova tendência para esse gênero de quadrinhos?
Valcir
Franco, sua capa ficou ótima!