A enquete sobre a melhor publicação da EBAL em todos os tempos foi conquistada pela revista do Homem-Aranha, abocanhando 34% dos votos. Pra quem não sabe (ou não lembra), o Cabeça-de-Teia estreou no Brasil no gibi do Thor, ou melhor, nas páginas de Álbum Gigante 4ª série 11, em agosto de 1968. Em abril do ano seguinte, sua revista mensal chegou às prateleiras, alcançando a marca de 70 números lançados, até janeiro de 1975.
Acredito que graças a minha pequena “provocação” no Twitter, os fãs de Superman se mobilizaram e garantiram para o Homem de Aço um honroso terceiro lugar, acompanhado por Batman e Príncipe Valente (o herói preferido de Adolfo Aizen). Mas, surpreendentemente, e não menos lógico – devido à sua importância histórica, creio eu – os seguidores do Manifesto deixaram que o segundo lugar, com 17% de pontuação, ficasse com a hoje lendária Edição Maravilhosa.
É isso mesmo, intrepid one!
De olho na campanha difamatória – e preconceituosa – contra os Quadrinhos, promovida pela Igreja Católica, por setores da política e até mesmo por autores da nossa Literatura, Adolfo Aizen passou a editar quadrinizações de clássicos da Literatura universal em revistas como O Herói, até que decidiu lançar a sua Edição Maravilhosa. A primeira edição data de junho de 1948, e trouxe Os Três Mosqueteiros, de Alexandre Dumas. Edição Maravilhosa era a versão nacional da americana Classic Comics (que a partir do seu 35º número passou a se chamar Classic Illustrated), de Albert L. Kanter.
O material da Classic Illustrated foi republicado também em outras bandas como Grécia, Canadá, Austrália, Japão, Argentina e México. O Brasil se notabilizou como o terceiro país a fazer isso, e o primeiro (depois dos Estados Unidos) a produzir adaptações dos seus próprios romances, passando de 80, num geral de mais de 200 edições entre a série original e posteriores.
Isso aconteceu depois de sugestão do sociólogo, escritor, e simpatizante das HQs, Gilberto Freyre, a Aizen, que estreou com O Guarani, de José de Alencar, adaptado por André Le Blanc (o mesmo que, décadas depois, desenharia a história do casamento de Fantasma e Diana Palmer).
Sem qualquer pretensão podemos considerar todas as edições da série Edição Maravilhosa como as nossas primeiras graphic novels, mesmo antes desse termo surgir em 1964, na edição nº 2 do boletim CAPA-alpha, de Richard Kyle. Isso, porque, muitos teóricos americanos consideram os exemplares da Classic Illustrated precursores dos romances gráficos, difundidos com maior profusão entre o final dos anos 1970 e meados da década seguinte. Portanto...
Tá falado!
© Copyright Roberto Guedes. Todos os direitos reservados.
Este texto é um resuminho baseado em informações contidas em meus livros A Saga dos Super-Heróis Brasileiros (páginas 11 e 12), e A Era de Bronze dos Super-Heróis (páginas 207 a 211).
Acredito que graças a minha pequena “provocação” no Twitter, os fãs de Superman se mobilizaram e garantiram para o Homem de Aço um honroso terceiro lugar, acompanhado por Batman e Príncipe Valente (o herói preferido de Adolfo Aizen). Mas, surpreendentemente, e não menos lógico – devido à sua importância histórica, creio eu – os seguidores do Manifesto deixaram que o segundo lugar, com 17% de pontuação, ficasse com a hoje lendária Edição Maravilhosa.
É isso mesmo, intrepid one!
De olho na campanha difamatória – e preconceituosa – contra os Quadrinhos, promovida pela Igreja Católica, por setores da política e até mesmo por autores da nossa Literatura, Adolfo Aizen passou a editar quadrinizações de clássicos da Literatura universal em revistas como O Herói, até que decidiu lançar a sua Edição Maravilhosa. A primeira edição data de junho de 1948, e trouxe Os Três Mosqueteiros, de Alexandre Dumas. Edição Maravilhosa era a versão nacional da americana Classic Comics (que a partir do seu 35º número passou a se chamar Classic Illustrated), de Albert L. Kanter.
O material da Classic Illustrated foi republicado também em outras bandas como Grécia, Canadá, Austrália, Japão, Argentina e México. O Brasil se notabilizou como o terceiro país a fazer isso, e o primeiro (depois dos Estados Unidos) a produzir adaptações dos seus próprios romances, passando de 80, num geral de mais de 200 edições entre a série original e posteriores.
Isso aconteceu depois de sugestão do sociólogo, escritor, e simpatizante das HQs, Gilberto Freyre, a Aizen, que estreou com O Guarani, de José de Alencar, adaptado por André Le Blanc (o mesmo que, décadas depois, desenharia a história do casamento de Fantasma e Diana Palmer).
Sem qualquer pretensão podemos considerar todas as edições da série Edição Maravilhosa como as nossas primeiras graphic novels, mesmo antes desse termo surgir em 1964, na edição nº 2 do boletim CAPA-alpha, de Richard Kyle. Isso, porque, muitos teóricos americanos consideram os exemplares da Classic Illustrated precursores dos romances gráficos, difundidos com maior profusão entre o final dos anos 1970 e meados da década seguinte. Portanto...
Tá falado!
© Copyright Roberto Guedes. Todos os direitos reservados.
Este texto é um resuminho baseado em informações contidas em meus livros A Saga dos Super-Heróis Brasileiros (páginas 11 e 12), e A Era de Bronze dos Super-Heróis (páginas 207 a 211).
Comentários
Grande abraço.
Andre Bufrem
Você sempre trazendo informação sobre a "história das Histórias em Quadrinhos". Por isso, às vezes, me faz necessário, ficar calado e "ouvir" os mais experientes e os pesquisadores como você. Creio que, enfim, temos uma retomada nesse gênero de quadrinhos: romances quadrinizados. Isso é muito bom e o acredito que será uma base para sedimentar os quadrinhos como Cultura. Vamos ver e obrigado por partilhar mais esse conhecimento.,
Uma noite dessas - acho que terça feira passada - liguei a TV (era mais de meia-noite) e na TNT estava passando um programa muito louco tipo Oscar, mas era de entrega de prêmios de quadrinhos, cheio de mulher bonita, de astros (Tarantino, Stan Lee, etc). Vi só até a entrega do prêmio de melhor roteirista (para o Geoff Jones), depois apaguei.
O Geoff Jones até citou o nosso Ivan Reis, dando o mérito a ele, agradecendo e tal.
De que se trata?
Você conhece o programa?
Ou todos conhecem e apenas eu estou desinformado? rs.
Abração.
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Seabra, também não estou a par desse programa. Se alguém souber, por favor comente aqui.
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Valcir, bem lembrado! Hoje há essa retomada de quadrinizações da Literatura. O próprio Seabra aí de cima, é um dos quadrinistas atuantes nessa área.
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André, eu até poderia colocar mais títulos na enquete, mas preferi optar pelos mais significativos e/ou de maiores vendagens.
Em todo caso, fiquei bem satisfeito com a participação do pessoal, tanto nos comentários quanto na votação. Não há caráter científico nenhum nela, mas gera burburinho e diversão, não é?
Abraços!