Outro dia mesmo, enquanto organizava minha coleção de revistas, deparei-me com alguns exemplares antigos da importante revista portuguesa O Mosquito, uma das mais tradicionais publicações de Banda Desenhada (Histórias em Quadrinhos) de nossa pátria irmã, que, durante 50 anos, apresentou em suas páginas um leque de personagens e autores dos mais variados e ricos: de Lee Falk a Jayme Cortez, de Jesus Blasco a E. T. Coelho, de Mandrake a Cuto.
Infelizmente não tenho muitas edições de O Mosquito, na verdade, as que eu possuo, já são de seus estertores em 1986, adquiridas há mais de 20 anos na saudosa livraria Muito Prazer, localizada na Av. São João, capital paulistana.
Uma dessas é o Almanaque O Mosquito 1986, que destaca em sua capa o aventureiro (quase super-herói) Capitão Mistério, criado em 1944 por Emílio Freixas, o “poeta da linha” – de acordo com artigo interno, redigido por Manuel Dominguez Navarro.
Freixas nasceu na Espanha, em fins do século 19. Nos anos 1930, começou a ilustrar para uma revista de cinema, e, logo depois, contos de Julio Verne. Continuou no ofício de desenhista até durante a Guerra Civil Espanhola, ocasião em que se voluntariou para lutar.
Dono de um estilo clássico que para muitos lembra o do norte-americano Alex Raymond (criador de Flash Gordon), Freixas criou uma série de sete livros chamada Lições de Desenho Artístico, que se constituiu num verdadeiro campeão de vendas do gênero didático. Doravante, idealizaria obras como A Palavra de Jesus e As Parábolas, também de boa aceitação ante o público.
Capitão Mistério foi bolado por Freixas a partir dos argumentos de Angel Puigmiguel. Dono de força prodigiosa e ágil no manuseio de armas brancas, veste apenas um capuz que esconde sua face, e tem como amigos inseparáveis Pancho, um gigante de ébano, e Fred, um garotinho sardento. Não por acaso, suas aventuras evocam às de paladinos como Fantasma, Mandrake e Jim das Selvas – todavia, igualmente bem escritas e belamente delineadas.
Freixas faleceu em 1976, deixando seus fãs desconsolados. Profissional apaixonado por seu trabalho, disse certa vez:
“Um desenhista brilhante tem de ser, em minha opinião, um poeta da linha e da mancha; mas, em princípio, da linha. Quanto mais poesia se desprender dela, mais inspirada e genial será a sua obra.”
Realmente... um poeta da linha!
© Copyright Roberto Guedes. Todos os direitos reservados.
Amigo, se você é fã de Quadrinho europeu, não deixe de votar na enquete ao lado “Qual é a HQ européia que você mais gosta?”, e de deixar seu comentário aqui no blog.
Infelizmente não tenho muitas edições de O Mosquito, na verdade, as que eu possuo, já são de seus estertores em 1986, adquiridas há mais de 20 anos na saudosa livraria Muito Prazer, localizada na Av. São João, capital paulistana.
Uma dessas é o Almanaque O Mosquito 1986, que destaca em sua capa o aventureiro (quase super-herói) Capitão Mistério, criado em 1944 por Emílio Freixas, o “poeta da linha” – de acordo com artigo interno, redigido por Manuel Dominguez Navarro.
Freixas nasceu na Espanha, em fins do século 19. Nos anos 1930, começou a ilustrar para uma revista de cinema, e, logo depois, contos de Julio Verne. Continuou no ofício de desenhista até durante a Guerra Civil Espanhola, ocasião em que se voluntariou para lutar.
Dono de um estilo clássico que para muitos lembra o do norte-americano Alex Raymond (criador de Flash Gordon), Freixas criou uma série de sete livros chamada Lições de Desenho Artístico, que se constituiu num verdadeiro campeão de vendas do gênero didático. Doravante, idealizaria obras como A Palavra de Jesus e As Parábolas, também de boa aceitação ante o público.
Capitão Mistério foi bolado por Freixas a partir dos argumentos de Angel Puigmiguel. Dono de força prodigiosa e ágil no manuseio de armas brancas, veste apenas um capuz que esconde sua face, e tem como amigos inseparáveis Pancho, um gigante de ébano, e Fred, um garotinho sardento. Não por acaso, suas aventuras evocam às de paladinos como Fantasma, Mandrake e Jim das Selvas – todavia, igualmente bem escritas e belamente delineadas.
Freixas faleceu em 1976, deixando seus fãs desconsolados. Profissional apaixonado por seu trabalho, disse certa vez:
“Um desenhista brilhante tem de ser, em minha opinião, um poeta da linha e da mancha; mas, em princípio, da linha. Quanto mais poesia se desprender dela, mais inspirada e genial será a sua obra.”
Realmente... um poeta da linha!
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Comentários
Andre Bufrem
Por isso você é meu editor preferido do Clarim Diário! :)
Caramba! Não conhecia este poeta do traço, mas anotei direitinho. (rs)
Bom... conheço pouco quadrinho europeu, mas o Asterix é bem legal!
Abraços!
Wendell
Fiquei muito satisfeito com o seu comentário sobre o grande desenhista espanhol Emílio Freixas, que infelizmente deve ser quase desconhecido no Brasil.
Embora por pouco tempo, fez muitas histórias em quadrinhos na revista "Chicos", que se editou em Barcelona, após a Guerra Civil, tornando-se o desenhista mais famoso dessa época, juntamente com outro grande: Jesús Blasco.
Freixas tem criações memoráveis, além do Capitão Mistério, como o ágil e valente Sadhu, um herói da selva parecido com o Sabú (!) do cinema, e Sir Black, um mágico do género de Mandrake, embora com aspecto menos misterioso, que era capaz de muitas habilidades, até de trepar pelas paredes.
Freixas era exímio em todos os géneros, tanto de aventuras policiais como exóticas ou de "cowboys", e trabalhou, em "Chicos", quase sempre com um argumentista dotado de fértil imaginação, de seu nome Canellas Casals, que era grande fã de ficção científica e produziu muitas HQ do género. Com Freixas, fez duas obras-primas, em estilo de "space-opera": "El Murciélago Humano" e "Os Dragões do Tibet",
obras já reeditadas em Espanha, mas muito difíceis de encontrar hoje em dia.
Além de poeta da linha, Freixas, como Raymond e outros, era capaz de desenhar mulheres líndissimas, que ficavam no goto dos leitores!
Por último, queria dizer-lhe que fui responsável pela última série d'O Mosquito e seus almanaques, publicados entre 1983 e 1986, e por isso me deu grande prazer o seu comentário acerca dessa revista, que nasceu em 1936, tendo-se publicado ininterruptamente até 1953, com 1412 números. Mais tarde, houve outras tentativas de ressurgimento, sem grande sucesso, que culminaram nessa última (até agora) 5ª série, que teve 12 números e 4 almanaques.
Estamos, pois, festejando aqui os 75 anos daquela que foi a mais carismática revista de quadrinhos publicada em Portugal, evento esse que até foi noticiado em jornais e em blogs, além de ter sido festejado num almoço que reuniu mais de 50 convivas, incluindo três antigos colaboradores da revista ainda vivos. A memória d'O Mosquito não se extinguiu!
Saudações cordiais do
Jorge Magalhães
É uma satisfação tremenda receber comentário seu aqui no blog. Sinto-me honrado, acredite.
Tenho certeza também, de que suas informações irão despertar o interesse dos leitores brasileiros - que partirão em busca de edições antigas de O Mosquito.
Ontem à noite, o pesquisador Leonardo de Sá me repassou um link com as imagens desse almoço que homenageou a revista. É para se ficar admirado com o carinho e respeito que os portugueses dispensam à memória de suas publicações. Parabéns a todos os envolvidos!
Forte abraço!
Parabéns pelo texto!
Adriano Nascimento
O prazer e a honra também são meus, por contactar um autor e editor de quadrinhos com um currículo tão vasto e brilhante como o seu.
Foi o investigador Leonardo de Sá, meu amigo de há longos anos, que me indicou o seu blog, a propósito da notícia sobre o Almanaque O Mosquito com o Capitão Mistério, de Emilio Freixas.
Asseguro-lhe que vou passar a visitá-lo assiduamente, pois fiquei muito bem impressionado com o seu conteúdo.
Um forte abraço,
Jorge Magalhães
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Adriano, o Capitão Mistério é realmente uma HQ clássica das boas!
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Cláudio, Wendell e Carlos: agradeço mais uma vez a participação de vocês, com seus preciosos comentários e votos.
Abraços gerais!
Na pesquisa votei no Ken Parker. Sendo sincero, me fazer chorar é difícil, mas me fazer chorar mais de uma de vez é dificílimo.
http://pipocaenanquim.com.br/minha-estante/minha-estante-60-luiz-goncalves/