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Quando a Marvel era a "Casa das Ideias"


Quando o jovem britânico Barry Windsor-Smith decidiu tentar a sorte como desenhista batendo à porta da Marvel Comics, em Nova York, e, assim, firmar-se no competitivo mercado norte-americano de Quadrinhos, esperava encontrar as inevitáveis dificuldades de adaptação que todo estrangeiro se depara - mas, definitivamente, algo inusitado marcaria a sua vida para sempre.

Aconteceu numa tarde quente, durante o verão de 1968. Enquanto Barry trabalhava arduamente na redação da editora, o mais novo sucesso dos Beatles, "Hey Jude", soava nas caixas de som ambiente. De repente, sem que ninguém tivesse combinado nada, todos os presentes passaram a acompanhar a música, batendo palmas ou de mãos dadas e erguidas, repetindo o famoso "NaNaNaNaaa Hey Ju-u-ude", na mais deliciosa das coreografias.

Entre os festeiros estavam: Herb Trimpe, desenhista do Hulk; Marie Severin, artista do Príncipe Submarino e colorista de mão cheia; e John Romita [foto], o cara que ajudou o Homem-Aranha a se tornar o personagem mais sensacional entre os sensacionais.

Desde esse fatídico dia, Barry sempre citou esse episódio em suas entrevistas, na esperança de, quem sabe, explicar como era, de fato, o "clima" na famosa "Casa das Ideias", lá atrás, nos bons e velhos tempos.

Bem, e foi dessa maneira despojada e informal que a pequena Marvel revolucionou o modo de se contar Histórias em Quadrinhos, dando um novo fôlego a uma mídia sempre tão subestimada. Essa foi também, a época da maior dupla de quadrinistas que já pisou neste mundo - Stan Lee e Jack Kirby - e que ficou imortalizada para todo o sempre como "A Era Marvel".

 © Copyright Roberto Guedes. Todos os direitos reservados.

Texto de introdução de Gibilândia 1 (inverno de 2001), um antigo e despretensioso fanzine, lançado na ocasião dos 40 anos do Universo Marvel, devidamente revisado e atualizado pelo próprio autor.

Comentários

Anônimo disse…
Que texto legal, Guedes. De certa forma, Stan e Jack seriam como Lennon e McCartiney, né?

Estevão
Anônimo disse…
Formidável, pra variar! Quase chorei com o texto.

Marvel forever!


Carlos
Roberto Guedes disse…
Sério, Carlos? Exagerado! (rs)

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Pois é, Estevão... é o que dizem. Nessas, Romita seria Ringo e Ditko o Harrison?

Hmm...
José disse…
que texto legaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaal
Anônimo disse…
Stan Lee comandou uma turma de feras e com gana pra vencer nesse meio maluco dos comics made in usa.

Pra mim, seus dois livros
Quando Surgem os Super-Heróis
e
A era de Bronze dos super--heróis
são referências fundamentais para se entender o mundo dos quadrinhos. Mal posso esperar pela biografia de Stan.
Roberto Guedes disse…
Beleza, "anônimo", mas vê se coloca seu nome da próxima vez, OK?

Abraço! :)
Gerson_Fasano disse…
Imagino como deveria ser o dia a dia na Marvel. Será que aprontavam muito um com o outro ? Ou outra ? Mas pelo que "entendi" da foto, o Jazzy deu uma força na trilha sonora ? Deve ter sido um dia bem especial para quem estava lá...
Roberto Guedes disse…
Aprontavam, sim, Gersão! Era um ambiente muito bom - isso, de acordo com os depoimentos que já li e/ou tive a oportunidade de colher, em entrevistas e bate-papos com o pessoal daquela época.

Esse episódio lembrado por Barry Smith é apenas mais um, entre tantos outros. Mas pra ele, com certeza, foi o que mais marcou.
Anônimo disse…
Mais uma explica~ção para a criatividade que rolava por lá!
Valeu pelo post e pela curiosidade,
Andre Bufrem
kelvin steyne disse…
Antigamente além do profissionalismo e do sonho rolava muita amizade e parece q cada um entendia o outro só de olhar! qndo tou compondo com meu amigo Arnóbio a coisa acontece assim!