Recebi uma mensagem do jovem leitor Garys Linneker, do Pará, recheada de perguntas interessantes. A minha intenção era reproduzi-la na página de correspondência do Almanaque Meteoro 4, mas como a edição já está em fase final de diagramação e não há mais espaço pra isso - além de que, o número 5 ainda vai demorar um pouco pra ser lançado -, decidi responder por aqui mesmo. Com certeza o seguidor do Manifesto vai apreciar.
Prezado Roberto "Meteoro" Guedes, sou teu fã!
Ao ler os três números do Almanaque Meteoro muitas indagações me vieram à cabeça. 1) As histórias de Mylar, Chet, Capitão 7, Último Vampiro, Zan-Garr, Jonni Star, Zax e Patrulheiro Audacioso vão ter continuação? Há vários mistérios nessas histórias e gostaria de saber todos. 2) Os Protetores e Guepardo aparecerão nos próximos números do Almanaque Meteoro? 3) Os Quadrinhos americanos já passaram pela Era de Ouro, Era de Prata e Era de Bronze. E os super-heróis brasileiros, passaram por períodos assim? 4) Caso afirmativo, em qual período eles se encontram atualmente? 5) Como você consegue manter contato com os grandes quadrinistas de fora? Meus parabéns pelo trabalho. Deixo uma mensagem final: "Deus é um justo juiz. Ele MANIFESTA o seu furor todos os dias" [Salmos 7:11]
Seguem as respostas:
1) Zan-Garr, Patrulheiro Audacioso e Zax são de minha autoria e voltarão a dar as caras em novas publicações. Mylar, Chet e Capitão 7 são personagens de outros autores e será necessário novas negociações com seus representantes legais para que possam aparecer outra vez nas páginas do Almanaque Meteoro. Já "O Último vampiro" se trata de uma história fechada e, até onde sei, seu autor, André Valle, não planejou escrever uma continuação.
2) Você está bem sintonizado, pois Guepardo é justamente o convidado especial do Almanaque Meteoro 4. Quanto a um possível retorno de Os Protetores, ainda vou manter mais um pouco o mistério.
3) Essas nomenclaturas são essencialmente do mercado americano de Quadrinhos. Mas embora a trajetória deste seja completamente diferente da nossa, também podemos aplicá-las em nossa história editorial, com algumas ressalvas. Em meu livro A Saga dos Super-Heróis Brasileiros (2005), me refiro ao período que vai do surgimento do gibi do Capitão 7, em 1959, até o cancelamento da revista do Judoka, em 1973, como sendo a nossa "Era de Ouro dos Super-Heróis Brasileiros" - assim, com aspas, já que em termos de influência e vendas, não se equiparou aos anos dourados dos comics gringos. Tirando os casos isolados do restante da década até meados dos anos 1980, uma nova onda de super-heróis brasileiros recomeçaria a partir dos anos 1990, com as revistas de editoras pequenas como a Phenix e, em paralelo, com as publicações independentes de selos como Fire Comics e Saga Publishing entre tantos outros, perdurando até o final do milênio. Apenas como referência, em minha obra chamei esse movimento de "Espírito de Trincheira", devido ao caráter alternativo predominante naquele período.
4) Ainda não há uma nomenclatura própria para as HQs atuais de super-heróis brasileiros, até porque não se identificou um movimento com vários títulos à venda que fizesse por merecer um termo. Com exceção de alguns poucos títulos independentes (como o Almanaque Meteoro, por exemplo), os autores nacionais ainda encontram muita dificuldade para viabilizar seus trabalhos e as editoras, por sua vez, não querem apostar no gênero. Ou seja, a história ainda está sendo escrita.
5) Agora em 2013 estou completando 25 anos na área editorial. No decorrer de todo esse tempo, eu atuei no circuito independente e prestei serviço para várias editoras, o que me proporcionou conhecer muita gente, tanto daqui, como lá de fora. Antes mesmo do advento da internet, eu já mantinha contato por carta, fax ou telefone com vários autores profissionais e editores independentes, além de pesquisadores estrangeiros e brasileiros.
No mais, aguarde as novidades do selo Manifesto. Muita coisa boa vem por aí!
© Copyright Roberto Guedes. Todos os direitos reservados.
Prezado Roberto "Meteoro" Guedes, sou teu fã!
Ao ler os três números do Almanaque Meteoro muitas indagações me vieram à cabeça. 1) As histórias de Mylar, Chet, Capitão 7, Último Vampiro, Zan-Garr, Jonni Star, Zax e Patrulheiro Audacioso vão ter continuação? Há vários mistérios nessas histórias e gostaria de saber todos. 2) Os Protetores e Guepardo aparecerão nos próximos números do Almanaque Meteoro? 3) Os Quadrinhos americanos já passaram pela Era de Ouro, Era de Prata e Era de Bronze. E os super-heróis brasileiros, passaram por períodos assim? 4) Caso afirmativo, em qual período eles se encontram atualmente? 5) Como você consegue manter contato com os grandes quadrinistas de fora? Meus parabéns pelo trabalho. Deixo uma mensagem final: "Deus é um justo juiz. Ele MANIFESTA o seu furor todos os dias" [Salmos 7:11]
Seguem as respostas:
1) Zan-Garr, Patrulheiro Audacioso e Zax são de minha autoria e voltarão a dar as caras em novas publicações. Mylar, Chet e Capitão 7 são personagens de outros autores e será necessário novas negociações com seus representantes legais para que possam aparecer outra vez nas páginas do Almanaque Meteoro. Já "O Último vampiro" se trata de uma história fechada e, até onde sei, seu autor, André Valle, não planejou escrever uma continuação.
2) Você está bem sintonizado, pois Guepardo é justamente o convidado especial do Almanaque Meteoro 4. Quanto a um possível retorno de Os Protetores, ainda vou manter mais um pouco o mistério.
3) Essas nomenclaturas são essencialmente do mercado americano de Quadrinhos. Mas embora a trajetória deste seja completamente diferente da nossa, também podemos aplicá-las em nossa história editorial, com algumas ressalvas. Em meu livro A Saga dos Super-Heróis Brasileiros (2005), me refiro ao período que vai do surgimento do gibi do Capitão 7, em 1959, até o cancelamento da revista do Judoka, em 1973, como sendo a nossa "Era de Ouro dos Super-Heróis Brasileiros" - assim, com aspas, já que em termos de influência e vendas, não se equiparou aos anos dourados dos comics gringos. Tirando os casos isolados do restante da década até meados dos anos 1980, uma nova onda de super-heróis brasileiros recomeçaria a partir dos anos 1990, com as revistas de editoras pequenas como a Phenix e, em paralelo, com as publicações independentes de selos como Fire Comics e Saga Publishing entre tantos outros, perdurando até o final do milênio. Apenas como referência, em minha obra chamei esse movimento de "Espírito de Trincheira", devido ao caráter alternativo predominante naquele período.
4) Ainda não há uma nomenclatura própria para as HQs atuais de super-heróis brasileiros, até porque não se identificou um movimento com vários títulos à venda que fizesse por merecer um termo. Com exceção de alguns poucos títulos independentes (como o Almanaque Meteoro, por exemplo), os autores nacionais ainda encontram muita dificuldade para viabilizar seus trabalhos e as editoras, por sua vez, não querem apostar no gênero. Ou seja, a história ainda está sendo escrita.
5) Agora em 2013 estou completando 25 anos na área editorial. No decorrer de todo esse tempo, eu atuei no circuito independente e prestei serviço para várias editoras, o que me proporcionou conhecer muita gente, tanto daqui, como lá de fora. Antes mesmo do advento da internet, eu já mantinha contato por carta, fax ou telefone com vários autores profissionais e editores independentes, além de pesquisadores estrangeiros e brasileiros.
No mais, aguarde as novidades do selo Manifesto. Muita coisa boa vem por aí!
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Comentários
Fernando
Muito boa resposta por se esclarecedora em vários pontos. Algumas perguntas até feita por mim, em carta anterior, por histórias com finais abertos. A primeira do vampiro e a segunda pelo demônio "liberto" naquela história do sacrifício. Mas o ponto mais interessante das peguntas pelo leitor foi sobre a classificação, por época, de cada fase da histórias de super-heróis nos comics e fazendo um paralelo com a minguada produção. Contudo, seu foco não são as produções independentes, em geral, mas aqueles focados em superseres. Que, de alguma forma, não podem ser esquecido. Mesmo não tendo uma produção mais forte, que marque presença, deveria haver um meio para fazer um ressenceamento e publicar. Temos Lancelloti, o "Catalogador", em sua busca incansável nos confins do universo editorial independente de surgimento dessa produção. Mas ainda virtual e poucos leitores, no Brasil, tem acesso.
Entretanto, caríssimo editor, sua labuta pelos quadrinhos são de extremo respeito porque fez o que ninguém por aqui ainda fez: tratar com respeito os super-heróis brasileiros e dar forma em um livro sobre tudo que foi produzido até hoje. Você merece o meu, o da PADA, e os parabéns de muitos outros autores de quadrinhos no Brasil.
Luciano Nascimento
Brigadão pelas palavras de consideração. Espero continuar sendo merecedor de todo esse carinho. E vamos em frente! :)
Guedes
Edu
obrigado por esclarecer minhas dúvidas, não só as minhas como de outros fies leitores.
Parabéns pelos 25 anos de trabalho.
Abraços!
Continue firme e forte!
Fred
Abração!