Nenhum super-herói tem uma carreira mais longeva que
Superman. O kryptnoniano está por aí desde 1938, quando estreou em Action Comics 1, graças a imaginação dos
jovens Jerry Siegel e Joe Shuster, filhos de imigrantes judeus. Desde sempre
Superman carregou consigo uma imagem messiânica – a de um salvador que veio do
espaço (o além) para salvar os oprimidos (o povo escolhido) dos malignos que
dominam este mundo.
No decorrer das décadas seguintes – e até o presente
momento – Superman foi revisitado, reprogramado, redirecionado e reinventado
por quase uma infinidade de autores. Alguns, bem talentosos, outros, pouco inspirados
e até medíocres. Ainda assim, o personagem é dono de uma farta coleção de
ótimas histórias, sendo que uma das minhas preferidas é “O Supermendigo de Metrópolis!”.
Publicada originalmente em duas partes, em Action Comics 396 e 397 (1971) – e, no
Brasil, em Superman 3ª série 94
(EBAL, 1972), depois em Super-Homem 24 e 25 (Editora Abril, 1986) – tem roteiro de Leo Dorfman, e arte de Curt Swan e
Murphy Anderson (a união de seus estilos foi apelidada de “Swanderson”).
Vale ressaltar que essa história não integrava a continuidade
normal de Superman, mas pertencia a uma linha alternativa batizada como “Histórias Imaginárias”, que explorava
conceitos que não poderiam – ou não deveriam – ocorrer na cronologia oficial. Estabelecida
cerca de 20 anos no futuro, nos anos 1990 (não esqueça que o gibi é de 1971), Superman
se tornou uma figura obsoleta para uma sociedade avançada tecnologicamente.
O que me atrai aqui é a caracterização mais humana do herói,
e, ao mesmo tempo, uma alegoria de caráter cristão embutida nas entrelinhas. Se
isso foi algo intencional por parte do roteirista, não tenho como confirmar,
mas acompanhe-me a seguir e verá como tudo se encaixa.
Foi rejeitado
pelos homens:
À medida que os avanços científicos dominaram todos os aspectos
do cotidiano, o Homem de Aço sentiu-se cada vez menos útil para a humanidade. Os
povos encontraram soluções práticas para combater o crime, a poluição
atmosférica e até mesmo as calamidades provocadas pela natureza. “Com nossos
avanços científicos quem precisa de você, Superman? Ha Ha Ha”, desdenhou um
cientista.
Incapaz de exercer a sua vocação de benfeitor, Superman
acabou sofrendo um bloqueio psicológico que travou seus superpoderes. A
arrogância dos humanos e seu excesso de confiança nos bens materiais afastaram
o herói do convívio social.
“Era desprezado, e
o mais indigno entre os homens, homem de dores, e experimentado no sofrimento.
Como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele
caso algum” [Isaías 53:3]
Lição de humildade:
Seu melhor amigo, Jimmy Olsen, virou um famoso produtor
de televisão, enquanto sua ex-namorada, Lois Lane, casou-se e, aparentemente tinha
uma vida feliz com um sujeito bem parecido com Clark Kent.
Sem poderes e mais fraco do que um terráqueo qualquer,
Superman transformou-se num cadeirante sem identidade, sobrevivendo de esmolas
e morando num cortiço – onde, apesar da condição debilitada, cuidava de um
casal doente, alimentando-os com o que arrecadava nas ruas.
“Respondeu-lhe
Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do Homem não
tem onde reclinar a cabeça” [Mateus 8:20]
Fé salvadora:
Porém, um dia, quando a parafernália científica não
encontrou jeito de salvar duas vidas, os gritos de socorro de vítimas de um incêndio
ressuscitaram aquele que era então considerado inútil por todos. “Preciso
ajudá-los... Preciso salvá-los... Eles precisam de mim”, disse Superman,
enquanto erguia-se da cadeira de rodas.
“Eu vim ao mundo
como luz, para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas”
[João 12:46]
Depois do resgate, Superman partiu para os confins do
espaço, com a finalidade de encontrar outros mundos onde seus poderes poderiam
ser úteis, deixando os habitantes do planeta Terra à mercê de sua ilusória
autossuficiência.
Claro que Superman não é o Messias. Claro que ele não é
Jesus. Ele é apenas um personagem de ficção. Mas de certa maneira, com seus
constantes atos de sacrifício e amor ao próximo, ele refletiu o conselho do
apóstolo Paulo:
“Sede meus imitadores,
como também eu sou de Cristo” [1 Coríntios 11:1]
Em que ou em quem você deposita as suas esperanças? Na
ciência, na religião, num templo, nos ídolos, em objetos inanimados? Seria ainda num guru, num padre ou
talvez em algum pastor? Ora, o que você está esperando para aceitar o Leão de
Judá como seu único e suficiente Salvador? Faça isso agora, enquanto você ainda
pode encontrá-lo.
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