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"Elementar, meu caro Alan Davis"

Diferente de muitos hot artists que fizeram sucesso instantâneo entre os anos 1980 e 1990 - e que depois desapareceram - o britânico Alan Davis foi calmamente firmando seu traço elegante no mercado, gibi a gibi, não se contaminando pelas tendencias nefastas e, hoje, é praticamente unanimidade entre os fãs de quadrinhos de super-heróis.

Isso deve ter pesado na decisão da Panini lançar no Brasil o encadernado Batman - Lendas do Cavaleiro das Trevas: Alan Davis vol. 1 (nos Estados Unidos saiu em um volume só, mas aqui, provavelmente por questões econômicas, foi divido em duas edições), compilando as HQs publicadas em Detective Comics 569-572 (dezembro de 1986 a março de 1987).

Essas aventuras vieram logo após o término de Lendas, uma saga que envolveu todos os personagens da editora e que serviu para estabilizar a nova continuidade do Universo DC pós-Crise Nas Infinitas Terras. Davis e o roteirista Mike W. Barr estreavam como dupla criativa no título, com a perspectiva de levar o Cruzado Embuçado a novos patamares.

Apesar de suas histórias serem contemporâneas à minissérie O Cavaleiro das Trevas, Barr sabiamente não retratou Batman como um vigilante sombrio e extremamente violento, como na obra de Frank Miller. Ora, pela lógica, Batman se tornaria assim apenas no futuro, conforme Miller narrou com propriedade; portanto, Barr e Davis ofereceram um herói detetivesco e light, que não se privava de sorrir de vez em quando.

Nessa fase, quem ainda encarnava o emblema do Robin era Jason Todd, um ex-marginalzinho que Bruce Wayne teve problemas para treinar  - tempos depois, num outro período, Jason morreria pelas mãos do Coringa. Mas essa é outra história...

A Dupla Dinâmica enfrenta alguns de seus mais notórios inimigos: Coringa, Espantalho e Mulher-Gato. Esta última, inclusive, rompe involuntariamente com o herói - um romance que vinha se arrastando de maneira insossa desde o período final da antiga continuidade (depois do lançamento de Batman: Ano Um, de Miller, o relacionamento dos dois seria mais uma vez repaginado).

Mas, sem dúvida, a melhor história do álbum é a última "O Livro do Juízo Final", publicada originalmente em Detective Comics 572, uma edição que comemorava os 50 anos de existência do título, com alguns detetives convidados pra lá de ilustres: Slam Bradley, Homem-Elástico e, ninguém menos que Sherlock Holmes, o famoso personagem do escritor Sir Arthur Conan Doyle. O breve encontro do Homem-Morcego com seu ídolo é antológico!

Davis desenhou o começo e o final dessa trama de mais de 50 páginas, cedendo os capítulos intermediários para os desenhistas Carmine Infantino, E. R. Cruz, Dick Giordano e Terry Beatty. Detalhe: por razões óbvias, o pôster de Dick Sprang não entrou no encadernado, bem como a capa original, feita por Mike Kaluta, já que se trata de uma publicação temática de Alan Davis.

E aqui ficam algumas dicas: como na próxima edição deverá constar a HQ de Detective Comics 575, que é a última de Davis no título, mas a primeira do arco em quatro partes Batman: Ano Dois (continuada por Todd McFarlane), seria interessante a Panini republicar também esse material em nosso país. A outra sugestão é o relançamento do melhor arco do Batman de todos os tempos (sem exagero): Strange Apparitions, de Steve Englehart, Marshall Rogers, Len Wein e Walt Simonson.

É isso!

© Copyright Roberto Guedes. Todos os direitos reservados.

Comentários

Sandro Marcelo disse…
Material impedível pra quem é fã de quadrinhos mesmo que, como eu, não seja fã do Batman!!! Belíssima resenha, Guedão, matou a pau! A hq com Slam Bradley, Sherlock Holmes, Homem-Elástico, Batman e Robin é mesmo antológica!!!
Roberto Guedes disse…
Valeu pelos comentários, Sandro!
Andre Bufrem disse…
Mais uma excelente dica Guedes.
Vou comprar com certeza este volume e aguardar o próximo ansiosamente. Será que cabe no próximo além do Alan Davis o arco completo de ano 2? Muita gente não gosta desse arco, mas eu curto muito. Abs. Andre Bufrem
Roberto Guedes disse…
Acho que não, Bufrem! É que no encadernado original (americano) não constam as três partes restantes desenhadas por McFarlane.