Não curti muito a versão de Jeff Smith para os mitos do Capitão Marvel, em Shazam! & A Sociedade dos Monstros (dezembro de 2014); edição caprichada da Panini, em capa dura e preço modesto, que reúne as quatro partes da minissérie americana.
Talvez a culpa seja apenas minha, por me deixar levar pelo lobby efusivo de vários leitores e colegas do meio, gerando uma expectativa danada. Afinal, Smith é um autor bastante talentoso, premiado, prestigiado e, dizem, gente boníssima. Além de que, quando um artista do naipe de Alex Ross atesta no prefácio que você certamente vai adorar a HQ... diacho! Você fica entusiasmado.
Mas a história é... sei lá... chatinha!
Vai por mim! Falta humor e sobra apatia nessa obra. Não que o autor tivesse a obrigação de escrever algo hilariante - mesmo que o personagem em questão tenha se consagrado no passado pelas tramas nonsense e engraçadas -, mas em A Sociedade dos Monstros, tudo é muito down!
O próprio Ross atenta para esse detalhe, o de Smith escrever sob a égide do pós 11 de Setembro; o que talvez justifique uma trama totalmente melancólica. Parte da culpa pode ser atribuída ao seu estilo de arte, que alguns classificam de... hã... "fofinho". Definitivamente, algo fora do padrão super-heroico.
É preciso salientar que os diálogos funcionam bem, e que as últimas páginas trazem uma mensagem bonita. Ademais, o aspecto mítico da origem do Capitão Marvel ficou até mais acentuado, mas é só isso.
É evidente que se trata de uma releitura que não faz parte do cânone do Universo DC, assim sendo, o autor teve a liberdade de caracterizar os personagens de um jeito bem diferente da concepção bolada por C. C. Beck e a turma da Fawcett (a editora original do Capitão Marvel).
Quer dizer, as versões de Smith para Billy Batson, Mary Marvel, Seu Malhado e Dr. Silvana não chegam a ser desagradáveis, porém são estranhíssimas.
Como curiosidade, Smith colocou o título das histórias em código - "O Código da Sociedade dos Monstros" -, que o leitor precisa decifrar de acordo com a tabela de letras estampada na página de abertura de cada capítulo.
A Panini não explicou a razão para isso no encadernado, então vamos lá:
A inspiração de Smith veio do "Clube do Capitão Marvel", um fã-clube criado pela Fawcett nos anos 1940, cujo cartão de admissão trazia mensagens codificadas que o Capitão Marvel deixava na revista Captain Marvel Adventures para os leitores decifrarem (com essa mesma tabela, a garotada também podia bolar suas próprias mensagens).
Bem, eu me dei ao trabalho de decodificar o título de cada capítulo/história, que são os seguintes:
"Billy tem um segredo!",
"Mary ganha uma capa!"
"Silvana pega pesado!"
"O ataque do Senhor Cérebro!".
Pra encerrar este review, segue a minha nota codificada para o álbum:
HVRH
© Copyright Roberto Guedes. Todos os direitos reservados.
Talvez a culpa seja apenas minha, por me deixar levar pelo lobby efusivo de vários leitores e colegas do meio, gerando uma expectativa danada. Afinal, Smith é um autor bastante talentoso, premiado, prestigiado e, dizem, gente boníssima. Além de que, quando um artista do naipe de Alex Ross atesta no prefácio que você certamente vai adorar a HQ... diacho! Você fica entusiasmado.
Mas a história é... sei lá... chatinha!
Vai por mim! Falta humor e sobra apatia nessa obra. Não que o autor tivesse a obrigação de escrever algo hilariante - mesmo que o personagem em questão tenha se consagrado no passado pelas tramas nonsense e engraçadas -, mas em A Sociedade dos Monstros, tudo é muito down!
O próprio Ross atenta para esse detalhe, o de Smith escrever sob a égide do pós 11 de Setembro; o que talvez justifique uma trama totalmente melancólica. Parte da culpa pode ser atribuída ao seu estilo de arte, que alguns classificam de... hã... "fofinho". Definitivamente, algo fora do padrão super-heroico.
É preciso salientar que os diálogos funcionam bem, e que as últimas páginas trazem uma mensagem bonita. Ademais, o aspecto mítico da origem do Capitão Marvel ficou até mais acentuado, mas é só isso.
É evidente que se trata de uma releitura que não faz parte do cânone do Universo DC, assim sendo, o autor teve a liberdade de caracterizar os personagens de um jeito bem diferente da concepção bolada por C. C. Beck e a turma da Fawcett (a editora original do Capitão Marvel).
Quer dizer, as versões de Smith para Billy Batson, Mary Marvel, Seu Malhado e Dr. Silvana não chegam a ser desagradáveis, porém são estranhíssimas.
Como curiosidade, Smith colocou o título das histórias em código - "O Código da Sociedade dos Monstros" -, que o leitor precisa decifrar de acordo com a tabela de letras estampada na página de abertura de cada capítulo.
A Panini não explicou a razão para isso no encadernado, então vamos lá:
A inspiração de Smith veio do "Clube do Capitão Marvel", um fã-clube criado pela Fawcett nos anos 1940, cujo cartão de admissão trazia mensagens codificadas que o Capitão Marvel deixava na revista Captain Marvel Adventures para os leitores decifrarem (com essa mesma tabela, a garotada também podia bolar suas próprias mensagens).
Bem, eu me dei ao trabalho de decodificar o título de cada capítulo/história, que são os seguintes:
"Billy tem um segredo!",
"Mary ganha uma capa!"
"Silvana pega pesado!"
"O ataque do Senhor Cérebro!".
Pra encerrar este review, segue a minha nota codificada para o álbum:
HVRH
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Comentários
A história eu vi vários elogios na internet, mas não fui atrás.
O ponto interessante foi esse lance dos títulos em código. Não sabia dessa brincadeira com os leitores da época.
Acho que vale uma olhada sim. Mas valeu pelo aviso, assim a expectativa já vai meio baixa. Abs.
Sandro, thanks por comentar também!
Como releitura, funcionou. E a arte do Smith caiu bem para o Capitão Marvel. Talvez para outros heróis, não desse certo.
Ótima resenha, Guedes. Passei batido pelo lance dos títulos em código.
Abraço
Talvez em um universo à parte, mais ingênuo e leve, o personagem tivesse mais sorte.
Jota, achei especificamente o último capítulo arrastado demais (mas o final foi bonito, conforme destaquei no review).
Obrigado por comentarem, chapas!
Gostaria de lembrar que na Era de Ouro dos quadrinhos houve uma saga do Capitão Marvel intitulada "Monster Society of Evil", que culminava com o aparecimento do Sr. Cérebro. Parece que Jeff Smith pegou uma bela carona nas ideias da saga, que se espalhou pelos títulos da Fawcett e é considerada a primeira grande saga da história dos quadrinhos.
Para finalizar este comentário já muito longo, se a fase do Jerry Ordway fosse republicada no Brasil, em formato americano e até o fim, seria lindo demais.
Um abraço!
Abraço e obrigado por participar do papo!