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As 50 melhores HQs do Homem-Aranha [10 - 6]

Agora é que eu quero ver, intrepid one! Entramos na reta final, e alguns amigos já me enviarem seus palpites para as "dez mais" que devem pintar no Manifesto (entre esta e a próxima postagem). Será que o pessoal acertará todas?

Um breve registro antes de seguirmos em frente: não passou despercebido de ninguém que a Família Romita dominou os desenhos da postagem anterior; enquanto que o meu velho chapa dos tempos da Fire Comics, Cal Duran, simplesmente vibrou com a inclusão de "Finalmente Desmascarado".

"Um merecido décimo quinto lugar pra história que me transformou em fã de Peter Parker. Valeu, amigo! Despertar essa nostalgia é sempre muito bom", garantiu Cal, via Facebook.

É nesse alto astral que partimos agora para as próximas e sensacionais colocadas, na certeza de que, não importa o quanto queiram desconstruir o mito aracnídeo hoje em dia... Homem-Aranha só existe um. E seu nome é Peter Parker.

Links das postagens anteriores:

Parte 1 [50 - 46]
Parte 2 [45 - 41]
Parte 3 [40 - 36]
Parte 4 [35 - 31]
Parte 5 [30 - 26]
Parte 6 [25 - 21]
Parte 7 [20 - 16]
Parte 8 [15 - 11]

10ª - A CONVERSA
[Amazing Spider-Man 38 - 2ª série]
A vida toda Tia May deu mostras de que seu frágil coração não suportaria um grande choque emocional. Essa possibilidade sempre atormentou os pensamentos de Peter Parker, que fez das tripas coração para esconder da boa velhinha que ele era o Homem-Aranha. Só que um dia ela descobriu e, para surpresa de Peter, decidiu encará-lo de frente, numa conversa madura, sem chiliques e incrivelmente franca - como nunca antes tiveram. O momento de maior tensão ocorreu quando o moço revelou sua culpa (indireta) pela morte de Tio Ben; só para ouvir sua tia dizer que também sentia remorso pela morte dele. De acordo com May, seu marido só foi surpreendido pelo assassino, após se distrair com uma discussão qualquer com ela. Uma HQ para marejar os olhos do leitor mais casca-grossa, rivalizando em emoção com "O Menino que Coleciona Homem-Aranha". Não é à toa que Peter Parker se tornou esse grande sujeito... ele foi criado por uma mulher incrível.
Autores: J. Michael Straczynski - John Romita JR e Scott Hanna (arte)


9ª  TRAGAM DE VOLTA O MEU DUENDE!
[Amazing Spider-Man 26 e 27]
Não há como provar, mas eu poderia apostar que Stan Lee intitulou a segunda parte desse arco como "Bring Back My Goblin to Me!" em homenagem à canção "Bring It On Home to Me", sucesso de Sam Cooke, em 1962. E a quase certeza disso se deve à breve aparição de um policial chamado simplesmente "Sam". Ele e outros patrulheiros ajudam o Aranha a escapar do fogo cruzado de vários marginais. A trama se passa nos primórdios da carreira do Duende Verde, quando pretendia se estabelecer como o novo chefão do crime em Nova York, e ninguém ainda sabia sua verdadeira identidade. Quer dizer, ninguém, exceto o Mestre do Crime, seu rival maior pelo trono do submundo. Os dois facínoras tinham um acordo, mas o Mestre do Crime decidiu rompê-lo e agir sozinho. Isso agitou a bandidagem, levando Frederick Foswell, (reabilitado e trabalhando como repórter no Clarim Diário) a investigar e descobrir que o mafioso mascarado era Nick "Lucky" Lewis - um personagem que não tinha aparecido até então na série. Lewis é ferido mortalmente ao trocar tiros com a polícia, e não consegue revelar o segredo do Duende. O Aranha pensava que Foswell fosse o Mestre do Crime, aí passou a achar que ele poderia ser o Duende. Vale destacar também uma discussão entre Peter Parker e Flash Thompson no pátio da escola, que acabou em vias de fato. Liz Allan interfere, e Peter percebe que poderia ter machucado Flash e seus amigos irritantes. Na diretoria, Peter assume a culpa pela confusão e vai embora cabisbaixo. Flash chama o diretor e diz que Peter é inocente, demonstrando ser mais honrado do que deixa transparecer. Detalhe relevante: esta foi a primeira vez que o nome de Steve Ditko apareceu nos créditos como planejador da história.
Autores: Stan Lee (texto) - Steve Ditko (Planejamento e arte)


 8ª - O FIM DO HOMEM-ARANHA!
[Amazing Spider-Man 17 e 18]
Outra história dividida em duas edições, com muita ação, humor e melodrama. Um dia Flash Thompson decide fundar um fã-clube do Homem-Aranha, e para isso conta com a ajuda do pai de Liz Allan, dono do clube onde se realizará um evento em sua homenagem. No dia marcado, o Duende Verde aparece para estragar o show do herói. O Tocha Humana, que estava presente com sua namorada Dorrie Evans, também entra na briga. Em dado momento, o pai de Liz recebe uma ligação do hospital, alertando que Tia May foi hospitalizada. O Aranha ouve a conversa e abandona o recinto, deixando o Tocha lidar sozinho com o Duende. A notícia do aparente surto de covardia do Aranha se espalha pela cidade, para felicidade de Jameson. Mesmo após Tia May voltar para casa, ela continua sob os cuidados médicos, e Peter encerra sua carreira de combatente do crime. A comunidade super-heroica se indaga sobre o que aconteceu ao aracnídeo. O Tocha até mesmo escreve uma mensagem nos céus pedindo para o Aranha encontrá-lo no topo da Estátua da Liberdade, que resulta em nada. Flash, por sua vez, se veste como Homem-Aranha no intuito de preservar a reputação do seu herói - mas acaba espancado por alguns meliantes. Peter continua irredutível, até que um dia chega em casa e vê Tia May de pé, disposta, e dizendo para o sobrinho parar de se preocupar com ela. Aliviado pelo restabelecimento da mulher que tem como mãe, e farto das notícias mentirosas do Clarim, o jovem veste mais uma vez seu traje azul e vermelho: "O Homem-Aranha vai entrar em ação novamente! E lutará como nunca! Nada vai me deter, pois compreendi, finalmente, que um homem não pode mudar seu destino... Eu nasci pra ser o Homem-Aranha", e certo leitor de 10 anos, absurdamente maravilhado, ficou ali quietinho... uns cinco minutos... sem conseguir fechar o gibi.
Autores: Stan Lee (roteiro) - Steve Ditko (arte)



7ª - A VINGANÇA VEM DO VIETNÃ!
[Amazing Spider-Man 108 e 109]
Esse arco ficou conhecido entre fãs e especialistas como "A História do Vietnã", e foi inteiramente planejada por John Romita, com o consentimento de Stan - que se encarregou apenas de colocar os diálogos (e que diálogos!). Inspirado pela tira de jornal Terry e os Piratas, de Milton Caniff, de várias tramas no Oriente, Romita mostra Flash Thompson de volta do conflito na Ásia, sendo perseguido por monges de uma seita que o culpam pela destruição de seu templo sagrado. Até provar que Flash é inocente, o Aranha enfrenta muitos perigos, tendo de contar até com a ajuda sobrenatural do Dr. Estranho. Ademais, os combates entre o aracnídeo e o chofer gigante se tornaram exemplos da perfeita coreografia sequencial de Romita. Esta HQ também traz a primeira aparição de Sha Shan, que anos depois namoraria Flash. Outro momento importante é a bronca de Gwen Stacy em Tia May, exigindo que a senhora pare de mimar Peter, pois ele não é mais um menino, e sim, um homem. O homem que ela ama.
Autores: Stan Lee (texto) - John Romita (planejamento e arte)



6ª - NAS MÃOS DO CAÇADOR
[Amazing Spider-Man 47]
Sabe que história é essa? É aquela que sempre que um autor quer rememorar o quão legal foi o passado de Peter Parker, e da turma da Universidade Empire State, usa e abusa dela com cenas de flashback. É nela que Gwen Stacy dança Hully Gully (ou seria Twist? Leia aqui, e decida você), durante a festa em homenagem a Flash Thompson - que iria servir o exército americano no Vietnã. Temos cenas de cotidiano a dar com pau, desde Peter fazendo a barba, até Mary Jane rebolando ao embalo de incríveis decibéis, na sala de estar de Tia Anna. A festa é de arromba, e Peter nem ligou quando Betty chegou cheia de papo firme com Ned Leeds. E nem poderia ser diferente, afinal Gwen estava lá, maravilhosa, esfuziante, citando Copacabana Palace, e desafiando Mary Jane para um duelo de quadris. Na boa? A loira dominou a pista! "Por que você não admite que eu sou o amor secreto da sua vida?", perguntou Harry. "Porque aí deixaria de ser secreto", rebateu a senhorita Stacy. "Alguém já te falou que você está cada dia mais linda?", assanhou-se Peter. "Só o meu espelho, senhor Parker", esnobou Gwen. Mas era só jogo de cena. Ela queria provocá-lo, chamar sua atenção... e conseguiu. "Essa é a garota que eu nunca tinha tempo para um encontro? Rapaaaz...". Pois é, não sei se já disse isso antes, mas essa é realmente uma história bem legal! Muito legal mesmo! Ah, o Kraven aparece nela, mas isso não importa...
Autores: Stan Lee (roteiro legal) - John Romita (arte legal)


© Copyright Roberto Guedes. Todos os direitos reservados.

Comentários

reginaldo disse…
Ei acertei duas,kkkk.

E aquela " O Fim do Aranha" é uma das primeiras que li do Aranha ainda com 6 anos. Por que não pensei nela?...

Borges
Roberto Guedes disse…
Legal, Reginaldo! Vamos ver agora quantas você acertará na derradeira postagem desta série.

Abração!
Lancelot disse…
Boa!!! Essa, última - NAS MÃOS DO CAÇADOR - foi de encher os olhos!!! memóravel desenhos do Romita com as duas beldades... Tem uma brincadeira feita por Joe Kell e Pete Woods na Deadpool#11(V1) onde eles voltam no "passado" da Amazing Spider Man#47... Achei o maior barato a "gag" com o trabalho do Lee/Romita, onde o Deadpool e sua companheira Blind All se passa por Tia May e Ded como Peter Paker (hologramas)... Cara, o maior barato! Precisa ver esta história...
Roberto Guedes disse…
Lembro dessa do Deadpool, Lance. Depois dê uma conferida em outra postagem do Manifesto chamada "A festa". É só clicar no "aqui", que escrevi dentro do parênteses sobre o Twist, nessa resenha da ASM 47.

Abração!
Andre Bufrem disse…
Acertei só uma. Chuinff...
Na verdade esqueci dessas memoráveis histórias.
Todas excelentes e emocionantes mesmo.
Mas as pistas sobre estas estavam por ai.
Essa da festa sempre é citada pelo Guedes, a do Vietnan foi relacionada por ele na Mundo de uns meses atrás.
E as outras sempre são lembradas também...
Aguardemos as derradeiras!
Roberto Guedes disse…
É verdade, Bufrem... eu vivo tagarelando sobre essas histórias. Mas não esquente por não ter adivinhado todas... afinal o Aranha é um personagem com tantos momentos marcantes, que fica mesmo difícil selecionar os melhores.

Abraço fraterno!
Sandro disse…
Essa lista é ótima para ver como era aqualidade das histórias do Aranha.
Das 5 acertei apenas uma nos meus palpites, mas concordo com todas as suas escolhas. São incríveis.
A história do Vietnã em especial além do ótimo enredo é texto tem uma das melhores artes do Romitão na série.
Roberto Guedes disse…
Nessa fase, a arte do Romita atingia um novo patamar de qualidade... realmente de encher os olhos.

Abração, chapa!
Wendell Morais disse…
Grande Roberto "Robbie" Guedes!

Estas postagens no Manifesto são marcantes!

História fantásticas foram revisitadas por todo fã desse único Peter Parker.

Achei super legal você colocar no seu top 10 o one-shot "A Conversa" da equipe Straczynski/Romita/Hanna.

Uma pena depois ele ter se perdido em The Amazing Spider-Man, mas aí temos também um dedo do Quesada.

Enfim, a questão não é a data que a trama foi escrita, mas o talento de quem a escreveu.

E Gwen Stacy é insubstituível.

Grande abraço e a esperada das 5 maiores histórias do Spidey.
Roberto Guedes disse…
Já li e reli "A Conversa" várias vezes, e sempre me emociono. Clássico incontestável, caro Wendell!

O Straza mandou bem... e conforme você salientou, uma pena que o Quesada colocou seu dedo podre na Amazing Spider-Man.

Abração!
Roberto, parabéns pelo seu bom gosto e coerência. Quase toda a sua lista bate muito com as minhas preferências, sobretudo porque toda a longa fase do Stan Lee, do início até pouco depois da saída definitiva dele, é muito maior e mais relevante que as fases seguintes, as quais tem muita coisa que simplesmente recicla ideias dessa era clássica.

Nunca o Homem-Aranha foi tão criativo quanto num período em que ele e o Duende Verde lutavam na festa do fã clube montado pelo Flash Thompson ou quando ver a Gwen e a Mary Jane dançando era mais importante que enfrentar o Kraven (embora essa seja uma das melhores lutas contra o Kraven), sem contar os mistérios das identidades secretas dos vilões, que tinham reviravoltas, mas seguiam uma lógica coerente, diferente do que houve mais tarde com o Duende Macabro, onde todo roteirista diferente resolveu dar pitaco e virou bagunça.

Quando comecei a ler as HQs na ordem cronológica senti que houve uma queda de qualidade muito grande nos quadrinhos do Aranha, que começa a partir da morte da Gwen, que até hoje eu acho que foi algo mal planejado a longo prazo.

Após a saída dela foi morrendo aos poucos também o clima de folhetim dos anos 1960 e 1970, que tornava a HQ única. No restante dos anos 1970 até meados dos anos 1980, o Homem-Aranha tornou-se mais importante que o Peter Parker nas histórias, ao contrário do que era antes. Depois aos poucos Peter Parker foi voltando a ser o foco no fim dos anos 1980 em diante, mas esse reencontro foi bizarro, com um Peter casando com a Mary Jane, clonado inúmeras vezes etc., sem contar tudo de ruim que nos fizeram engolir nos últimos anos.

A impressão é que a harmonia e criatividade dos primeiros 10 anos nunca mais foi reencontrada.

Ah, aposto que no seu Top 5 estarão A Saga das Drogas (minha favorita), A Saga do Planejador Mestre ("Se esse for o meu destino...") e a Morte da Gwen.

Senti falta de alguma HQ do Paul Jenkins, que era craque em fazer referências a essa fase clássica, mas adorei que você se lembrou de A Pedra Vital.
Roberto Guedes disse…
Obrigado pelos comentários precisos, e pela parte que me toca, corto. Assim como você, eu também entendo que as HQs do Homem-Aranha perderam muito de seu charme após a saída de Stan e, ainda mais, depois da morte equivocada da personagem Gwen Stacy.

Quanto aos seus palpites para a postagem final, não vou comentar nada. Peço apenas que visite o Manifesto daqui a alguns dias pra conferir. E que, claro, comente outra vez.

Abração!
Rafael Galvão disse…
"Eu poderia apostar que Stan Lee intitulou a segunda parte desse arco como "Bring Back My Goblin to Me!" em homenagem à canção "Bring It On Home to Me", sucesso de Sam Cooke, em 1962"

Posso estar redondamente enganado, mas acho que perderia a aposta. Isso parece mais o verso final do refrão de de "My Bonnie", canção tradicional americana gravada, entre outros, pelos Beatles: "Bring back my Bonnie to me!"
Roberto Guedes disse…
Talvez você tenha mesmo razão, Rafael. Só pensava que My Bonnie fosse um folk inglês.