Esta eu realmente não poderia deixar “passar batido”. Tenho em mãos a centésima edição do fanzine Quadrinhos Independentes, vulgo QI, do editor, roteirista e desenhista Edgard Guimarães. Sem dúvida, um marco inusitado no cenário editorial alternativo. A capa, desenhada pelo próprio, é uma referência à capa da última edição do Gibi, publicação seminal de Roberto Marinho.
Em 1993, lançou a primeira edição do seu famoso boletim, então chamado “IQI” (Informativo Quadrinhos Independentes), em parceria com a AQC (Associação dos Quadrinistas e Caricaturistas do Estado de São Paulo), e, desde então angariou diversos prêmios, em consideração ao seu trabalho primoroso de divulgação e incentivo dos Quadrinhos autorais brasileiros.
Pra quem ainda não sabe, Edgard vem, desde 1982, batalhando no desfavorável mercado brasileiro de Quadrinhos. Entre seus trabalhos mais conhecidos naquele período, destaco os fanzines Psiu e Ecológico; além de algumas HQs publicadas em revistas importantes como Mestres do Terror, Circo e Piratas do Tietê.
“A divulgação de outros fanzines é uma das características principais dos fanzines. Todo mundo divulga todo mundo e já houve zines que faziam isso de forma intensa. O que eu fiz foi retomar essa idéia e fazer um zine dedicado exclusivamente à divulgação”, comentou o editor comigo, em entrevista publicada em 1997, nas páginas de King Komix 1.
Em 1999, o informativo sofreu sua primeira mutação, tornando-se uma revista alternativa, apresentando histórias de Edgard e de outros autores – alguns até profissionais, como Julio Shimamoto –; além da seção de cartas “Fórum”, bem recheada com opiniões inteligentes e discussões pertinentes, propiciadas pelos leitores. E mesmo com o acréscimo de páginas, da impressão off-set e de capas em duas cores, Edgard manteve o preço de venda original, de apenas R$ 1,00.
Entretanto, com a gradativa migração dos faneditores para a internet, pelo menos, no que diz respeito à divulgação dos seus trabalhos, e a proliferação de salas de bate-papo, fóruns e comunidades dedicadas aos Quadrinhos, Edgard decidiu reestruturar a publicação, adaptando-a aos novos tempos: “Com o uso da impressão digital, o QI passará a ser feito sob demanda, ou seja, só será impressa a quantidade correspondente ao número de leitores”, conforme esclarece em texto interno, complementando que adotara a partir de agora, um sistema de assinatura anual para os seis números lançados no período, e com ajuste de preço, conforme a necessidade.
Nada mais justo, ora, pois! E que essa nova fase do Quadrinhos Independentes seja das melhores também. O interessado em conhecer a obra de Edgard, clique aqui, para obter mais informações.
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Comentários
Há tanto tempo não recebo notícias suas.
Saudade, caro amigo.
Gostei da boa notícia.
Vou cobrar minha edição ao Edgard.
Um abraço.
Edgard merece toda homenagem pelo feito dos 100 números do QI. Também espero um novo tempo de glória para a publicação.
Abraço,
Henrique