Se existe um personagem dos Quadrinhos pra lá de ridicularizado e difamado no decorrer dos anos, este é o Robin! Idealizado em 1940 com a finalidade de suavizar a atmosfera soturna das histórias de Batman, e, também, para que os leitores mirins tivessem um herói de sua idade para se identificar, o Menino Prodígio seria acusado na década seguinte de compor um casal gay com o Cruzado Embuçado, devido a envenenadora campanha do psiquiatra Fredric Wertham contra os "malignos" gibis - impetrada, principalmente com o lançamento de seu livro A Sedução do Inocente, em 1954.
Por causa dele se criou um código censor, o "Comics Code", para controlar a violência e a sensualidade das histórias, inúmeras revistas de terror simplesmente desapareceram das prateleiras, cabeças rolaram nas redações; e "agentes comunas" foram apontados para justificar tamanha sandice digna da Idade Média - e viva a Guerra Fria!
Isso teve reflexo no Brasil - que sempre adorou copiar o bom, o mais ou menos bom e o ruim à beça dos nossos chapinhas do Norte -, surgindo o "Código de Ética" nas capas das publicações de nossas principais editoras. Demorou um tanto, mas um dia as coisas começaram a melhorar pros Comics outra vez, via Stan Lee e a gangue da Marvel Comics, com seus heróis descolados, desbocados, doidos e destemidos - mas aí, já entro em outra parada, intrepid one!
O fato é que Robin sempre foi um personagem estranho, difícil de engolir, mesmo para quem não é filho da Mamãe Wertham! Ele inaugurou esse lance de parceiro mirim dos super-heróis, e não faltaram imitadores a partir de então; só que a pecha ridicularizada parece ter impregnado apenas nele. E ainda antes da "caça às bruxas" do psicopata... ops!... do psiquiatra pegar fogo de vez, o garoto já protagonizava momentos embaraçosos, como em "The Bad Boy of Gotham City" (Star Spangled Comics 122, novembro de 1951)*, que o mostra se voluntariando à Justiça para recuperar um marginalzinho chamado Floyd.
Os dois vão acampar numa floresta nas imediações de Gotham, dando ao herói a oportunidade de passar ao rapaz valores como amizade, solidariedade e honestidade. Apesar da ingenuidade da trama, evidentemente voltada para o público pré-adolescente de então, com certeza mostrou-se incapaz de escapar aos olhares inquisitórios daqueles que só viam maldade na Arte Sequencial. Sabe como é, dois garotos sozinhos no mato e frases como "E Robin nunca mais esqueceu o menino mau!"...
Porém, sob um outro ponto de vista, menos reacionário e cínico, enredos assim apresentavam-se como uma bela parábola a ser aplicada no mundo real: a de que qualquer pessoa, independente do caso, merecia uma nova chance.
"Não sejas demasiadamente justo, nem demasiadamente sábio, por que te destruirias a ti mesmo?" [Eclesiastes 7:16]
Portanto, leve a vida mais na boa...
Por causa dele se criou um código censor, o "Comics Code", para controlar a violência e a sensualidade das histórias, inúmeras revistas de terror simplesmente desapareceram das prateleiras, cabeças rolaram nas redações; e "agentes comunas" foram apontados para justificar tamanha sandice digna da Idade Média - e viva a Guerra Fria!
Isso teve reflexo no Brasil - que sempre adorou copiar o bom, o mais ou menos bom e o ruim à beça dos nossos chapinhas do Norte -, surgindo o "Código de Ética" nas capas das publicações de nossas principais editoras. Demorou um tanto, mas um dia as coisas começaram a melhorar pros Comics outra vez, via Stan Lee e a gangue da Marvel Comics, com seus heróis descolados, desbocados, doidos e destemidos - mas aí, já entro em outra parada, intrepid one!
O fato é que Robin sempre foi um personagem estranho, difícil de engolir, mesmo para quem não é filho da Mamãe Wertham! Ele inaugurou esse lance de parceiro mirim dos super-heróis, e não faltaram imitadores a partir de então; só que a pecha ridicularizada parece ter impregnado apenas nele. E ainda antes da "caça às bruxas" do psicopata... ops!... do psiquiatra pegar fogo de vez, o garoto já protagonizava momentos embaraçosos, como em "The Bad Boy of Gotham City" (Star Spangled Comics 122, novembro de 1951)*, que o mostra se voluntariando à Justiça para recuperar um marginalzinho chamado Floyd.
Os dois vão acampar numa floresta nas imediações de Gotham, dando ao herói a oportunidade de passar ao rapaz valores como amizade, solidariedade e honestidade. Apesar da ingenuidade da trama, evidentemente voltada para o público pré-adolescente de então, com certeza mostrou-se incapaz de escapar aos olhares inquisitórios daqueles que só viam maldade na Arte Sequencial. Sabe como é, dois garotos sozinhos no mato e frases como "E Robin nunca mais esqueceu o menino mau!"...
Porém, sob um outro ponto de vista, menos reacionário e cínico, enredos assim apresentavam-se como uma bela parábola a ser aplicada no mundo real: a de que qualquer pessoa, independente do caso, merecia uma nova chance.
"Não sejas demasiadamente justo, nem demasiadamente sábio, por que te destruirias a ti mesmo?" [Eclesiastes 7:16]
Portanto, leve a vida mais na boa...
© Copyright Roberto Guedes. Todos os direitos reservados.
*No Brasil, em Batman 1ª série 2, abril de 1953, pela EBAL.
Comentários
Infelizmente, a "Maldição do Robin", criada pelo PSICOPATA... (OPS!) digo, PSIQUIATRA acima referenciado, continua, até hoje, a prejudicar os fãs da Dupla Dinâmica.
Justamente por causa dessa história, eu estou com a maior dificuldade em arrumar um Cosplayer para se apresentar comigo, como o Robin do seriado dos anos 60, no 2º Rio ComiCon, em OUT.
Vamos ver como será o próximo capítulo desse Gibi...
Abração do Andy
O Robin não nunca mais esqueceu o menino mau, né? O que será que aconteceu longe dos olhos dos leitores na tal floresta? Particularmente acho o Robin uma criação meio que babaca mesmo.
Mas falando sério, gostei muito da análise, Guedão. Esse psiquiatra era um nazista demente, via maldade em tudo.
Claro que haviam gibis que apelavam demais na violência e sexualidade, mas daí presumir que ele era o baluarte da moralidade e que ninguém seria capaz de discernir o bem do mal por si mesmo, é muita arrogância.
Você citou bem a passagem da Bíblia.
Sem falar que o Robin original foi muito bem trabalhado. Quem acompanhou os Novos Titãs do Wolfman/Perez viu sua evolução para a fase adulta que culminou no surgimento do Asa Noturna.
Essa piada da dupla dinâmica gay é velha e sem graça. Só serve mesmo àqueles que não gostam de quadrinhos e procuram pretexto pra tirar um sarrinho.
Parafraseando o autor, tá falado!
Parabéns - Jorge Gustavo
Como na atualidade se queria plantar gays em todo lugar como se fosse regra, lamentável.
Talvez por ser o Robin o mais famoso destes parceiros mirins de heróis deu a chance de visibilidade para este cidadão.
Edu Gibilândia
Sinceramente, Dick Grayson ao longo dos anos mostrou-se um rapaz comportado mas não "viado". Os leitores de mentes tortas e os que nada lêem, mas em tudo falam asneiras, deveriam fechar o bico e olharem para o próprio umbigo.
Bem-vindo seu artigo, Guedes.
Andre Bufrem
Robin era a personificação do garoto leitor que sonhava poder lutar ao lado do seu herói, na minha visão e, acredito, de vários garotos ao longo dos anos 40, 50 e 60, para outros era uma maneira de transformar o Batman em uma figura paterna e suavizar o tom das histórias.
Já para outros era um gay que vivia em uma caverna com um pedófilo. Acho que essa visão diz muito mais sobre quem tem essa interpretação do quedo personagem em si.
Ou seja, não ponho minha mão no fogo pelo Dr. Fredric Wertham.
Ah, sem falar, que ele também inspirou outro personagem que gosto muito: Bucky.
Todo aquele que duvida de si mesmo, aponta nos outros suas próprias falhas.
Esse babaca... (OPS!) digo, senhor que escreveu o livro devia estar sobre o muro e nunca decidiu de que lado cair. Ganhou fama dizendo asnices... (OPS!) digo, essas coisas.
Mas até hoje temos alguns tipinhos assim. Lembro-me de alguns poucos anos atrás, religiosos falarem que RPG (role playing game)era coisa de demônio e quem jogava estava possuído.
Parabéns por essa sua reflexão sobre esse coitado personagem que tanto preconceito sofre.