Uma das grandes - entre as várias - sacadas de Stan Lee para tornar os super-heróis Marvel em sucessos de público e crítica, foi a implementação do conceito cronológico nas histórias. Ou seja, os personagens se desenvolviam física e psicologicamente nas tramas, à medida que as séries avançavam.
Por exemplo, na primeira edição do Quarteto Fantástico, o Senhor Fantástico e a Garota Invisível eram apenas noivos. Alguns poucos anos depois eles se casaram. Mais algum tempinho, e nasceu o primeiro filho deles - que, não muito depois, passou a ser retratado como um pré-adolescente. No final das contas, Sue já madura, trocou a palavra "Garota" por "Mulher" em sua alcunha super-heroica.
Isso gerou um sentimento de identificação muito forte nos leitores, pois estes viam nos personagens características críveis e interessantes.
Todavia, e não por acaso, o mais emblemático e carismático de todos os heróis de Stan Lee, o Homem-Aranha, foi o que apresentou o maior grau de "realismo" e semelhanças mas, ao mesmo tempo, as desvantagens de se aplicar uma continuidade nos gibis.
Peter Parker, que começou sua série na década de 1960 cursando o segundo grau, em menos de três anos já adentrava na universidade. Nesse ínterim, namorou a secretária de seu patrão, Betty Brant, para logo engatar um romance apaixonante com sua colega de classe Gwen Stacy.
Durante uns bons anos, os leitores acompanharam o conturbado relacionamento dos dois pombinhos; bem como o amadurecimento do protagonista. E isso se estendeu por edições e edições, adentrando à década seguinte.
Peter saiu debaixo da saia de sua tia May (que representava a figura da mãe super protetora) e foi morar com o colega Norman Osborn num apartamento descolado. De fotógrafo free-lance passou a profissional registrado do Clarim Diário; e pediu Gwen em casamento. Após a morte trágica e prematura do grande amor da sua vida, enfim começou um namoro - inicialmente equivocado - com a eterna paquera Mary Jane Watson (em 1987, eles se casariam, mas essa é outra história, que você pode acompanhar no artigo "Pra que casar, tigrão?").
E agora você deve estar se perguntando "E daí?", não é? E daí, que tudo isso (tirando o casamento com MJ) acontecia enquanto Peter continuava na universidade. Peter Parker, um verdadeiro gênio em Ciências simplesmente não se formava nunca!
O fato é que os editores queriam que o Homem-Aranha permanecesse um jovem eternamente, pois assim entendiam que sua popularidade ante o público juvenil jamais acabaria. Até por conta disso, em anos recentes, deram um jeito de separar Peter e Mary Jane; para que o herói revivesse seus dias de solteirice - só que de uma maneira um tanto quanto forçada, o que vem dividindo as opiniões dos fãs desde então.
Se a proposta da Marvel em seu início era que os personagens envelhecessem gradativamente com o passar das edições, isso deveria ter sido respeitado. É lógico que o tempo dentro de uma revista em quadrinhos não transcorre da mesma maneira que no mundo real. Muitas vezes, uma ação é interrompida na última página, para só continuar na edição seguinte, evidenciando que frações de segundos em um gibi, podem demorar um mês inteiro para o leitor.
Apesar dessa compreensão, ainda nos anos 1970, os leitores americanos passaram a questionar esse "furo" cronológico e começaram a enviar cartas contestando a cronologia do Aranha em sua revista mensal. Na edição 140 de Amazing Spider-Man, de janeiro de 1975, a missiva do leitor Paul DeRogatis chamou tanta atenção, que acabou sendo reproduzida na seção O Homem-Aranha Responde da revista Homem-Aranha, da Bloch Editores, pouco mais de um ano depois.
Em dado momento, ele reflete com propriedade que: " A influência dos anos, particularmente, passados no ginásio e na universidade é parte importante do seu caráter e se refletirá em sua maneira de ser e agir para o resto de sua vida. Se permitirmos que Peter continue com a mesma idade para sempre, ele será forçado a ser um produto de todas as gerações, um conjunto de experiências e sentimentos pertencentes a várias épocas diferentes, um universitário que no ano 2000 lembrará de ter dançado Twist no ginário."
Palavras proféticas?
Bem, eu particularmente sempre preferi o Peter Parker jovial, mas ao mesmo tempo, adorava a sensação cronológica impressa nas HQs! Minha "solução", caso fosse o editor-chefe da Marvel Comics, seria simplesmente criar uma série paralela pro Aranha, com tramas que ocorressem no passado, quando ele ainda era estudante universitário e namorava Gwen Stacy.
Durante décadas a DC Comics fez isso, com gibis de Superman e Superboy (a versão adolescente que vivia em Smallville). A própria Marvel apostou em algo assim nos anos 1990, quando publicou Untold Tales of Spider-Man (Arquivos Secretos do Homem-Aranha, aqui no Brasil). A revista era excelente, e só não teve continuidade por falta de planejamento editorial adequado dos editores.
O ideal mesmo é que zerassem tudo e recomeçassem as histórias, criando um grand finale digno para a antiga continuidade. Esta permaneceria incólume na lembrança dos fãs; e um novo ponto de partida para um renovado Universo Marvel teria início. Alguns dizem que os chefões da Marvel atual jamais "cairiam na mesma besteira" da DC Comics - fazendo alusão à maxi-série Crise nas Infinitas Terras -; o que só denota o excesso de arrogância e uma falsa fidelidade à premissa original de Stan.
Ora, Stan, o genial Stan Lee não pensou duas vezes em dar um restart no universo de super-heróis da Marvel em 1961! Portanto, a ideia é antiga... e boa!
No Japão há uma tradição de se planejar as séries em quadrinhos (mangás) de maneira que comecem e terminem dentro de um tempo pré-estipulado. Nos Estados Unidos isso se chama minissérie, mas nunca pegou com personagens fixos e populares. Se um personagem vende bastante, o roteirista tem de rebolar muito para adaptá-lo aos novos tempos, sem ter de aposentar nenhum protagonista por velhice ou anos de serviços prestados ao mundo do entretenimento.
Foi o que aconteceu com Steve Rogers, o bom e velho Capitão América, cujo descongelamento nos agitados sixties foi ignorado, já que os Vingadores não poderiam ser tão velhos assim; enquanto seu chapa, o Homem de Ferro, não tem mais sua origem atrelada ao conflito no Vietnã. O que será que DeRogatis diria agora, hein?
Ah, e o Peter - coitado do Peter! -, ainda é retratado como um moleque em tempo presente.
© Copyright Roberto Guedes. Todos os direitos reservados.
Por exemplo, na primeira edição do Quarteto Fantástico, o Senhor Fantástico e a Garota Invisível eram apenas noivos. Alguns poucos anos depois eles se casaram. Mais algum tempinho, e nasceu o primeiro filho deles - que, não muito depois, passou a ser retratado como um pré-adolescente. No final das contas, Sue já madura, trocou a palavra "Garota" por "Mulher" em sua alcunha super-heroica.
Isso gerou um sentimento de identificação muito forte nos leitores, pois estes viam nos personagens características críveis e interessantes.
Todavia, e não por acaso, o mais emblemático e carismático de todos os heróis de Stan Lee, o Homem-Aranha, foi o que apresentou o maior grau de "realismo" e semelhanças mas, ao mesmo tempo, as desvantagens de se aplicar uma continuidade nos gibis.
Peter Parker, que começou sua série na década de 1960 cursando o segundo grau, em menos de três anos já adentrava na universidade. Nesse ínterim, namorou a secretária de seu patrão, Betty Brant, para logo engatar um romance apaixonante com sua colega de classe Gwen Stacy.
Durante uns bons anos, os leitores acompanharam o conturbado relacionamento dos dois pombinhos; bem como o amadurecimento do protagonista. E isso se estendeu por edições e edições, adentrando à década seguinte.
Peter saiu debaixo da saia de sua tia May (que representava a figura da mãe super protetora) e foi morar com o colega Norman Osborn num apartamento descolado. De fotógrafo free-lance passou a profissional registrado do Clarim Diário; e pediu Gwen em casamento. Após a morte trágica e prematura do grande amor da sua vida, enfim começou um namoro - inicialmente equivocado - com a eterna paquera Mary Jane Watson (em 1987, eles se casariam, mas essa é outra história, que você pode acompanhar no artigo "Pra que casar, tigrão?").
E agora você deve estar se perguntando "E daí?", não é? E daí, que tudo isso (tirando o casamento com MJ) acontecia enquanto Peter continuava na universidade. Peter Parker, um verdadeiro gênio em Ciências simplesmente não se formava nunca!
O fato é que os editores queriam que o Homem-Aranha permanecesse um jovem eternamente, pois assim entendiam que sua popularidade ante o público juvenil jamais acabaria. Até por conta disso, em anos recentes, deram um jeito de separar Peter e Mary Jane; para que o herói revivesse seus dias de solteirice - só que de uma maneira um tanto quanto forçada, o que vem dividindo as opiniões dos fãs desde então.
Se a proposta da Marvel em seu início era que os personagens envelhecessem gradativamente com o passar das edições, isso deveria ter sido respeitado. É lógico que o tempo dentro de uma revista em quadrinhos não transcorre da mesma maneira que no mundo real. Muitas vezes, uma ação é interrompida na última página, para só continuar na edição seguinte, evidenciando que frações de segundos em um gibi, podem demorar um mês inteiro para o leitor.
Apesar dessa compreensão, ainda nos anos 1970, os leitores americanos passaram a questionar esse "furo" cronológico e começaram a enviar cartas contestando a cronologia do Aranha em sua revista mensal. Na edição 140 de Amazing Spider-Man, de janeiro de 1975, a missiva do leitor Paul DeRogatis chamou tanta atenção, que acabou sendo reproduzida na seção O Homem-Aranha Responde da revista Homem-Aranha, da Bloch Editores, pouco mais de um ano depois.
Em dado momento, ele reflete com propriedade que: " A influência dos anos, particularmente, passados no ginásio e na universidade é parte importante do seu caráter e se refletirá em sua maneira de ser e agir para o resto de sua vida. Se permitirmos que Peter continue com a mesma idade para sempre, ele será forçado a ser um produto de todas as gerações, um conjunto de experiências e sentimentos pertencentes a várias épocas diferentes, um universitário que no ano 2000 lembrará de ter dançado Twist no ginário."
Palavras proféticas?
Bem, eu particularmente sempre preferi o Peter Parker jovial, mas ao mesmo tempo, adorava a sensação cronológica impressa nas HQs! Minha "solução", caso fosse o editor-chefe da Marvel Comics, seria simplesmente criar uma série paralela pro Aranha, com tramas que ocorressem no passado, quando ele ainda era estudante universitário e namorava Gwen Stacy.
Durante décadas a DC Comics fez isso, com gibis de Superman e Superboy (a versão adolescente que vivia em Smallville). A própria Marvel apostou em algo assim nos anos 1990, quando publicou Untold Tales of Spider-Man (Arquivos Secretos do Homem-Aranha, aqui no Brasil). A revista era excelente, e só não teve continuidade por falta de planejamento editorial adequado dos editores.
O ideal mesmo é que zerassem tudo e recomeçassem as histórias, criando um grand finale digno para a antiga continuidade. Esta permaneceria incólume na lembrança dos fãs; e um novo ponto de partida para um renovado Universo Marvel teria início. Alguns dizem que os chefões da Marvel atual jamais "cairiam na mesma besteira" da DC Comics - fazendo alusão à maxi-série Crise nas Infinitas Terras -; o que só denota o excesso de arrogância e uma falsa fidelidade à premissa original de Stan.
Ora, Stan, o genial Stan Lee não pensou duas vezes em dar um restart no universo de super-heróis da Marvel em 1961! Portanto, a ideia é antiga... e boa!
No Japão há uma tradição de se planejar as séries em quadrinhos (mangás) de maneira que comecem e terminem dentro de um tempo pré-estipulado. Nos Estados Unidos isso se chama minissérie, mas nunca pegou com personagens fixos e populares. Se um personagem vende bastante, o roteirista tem de rebolar muito para adaptá-lo aos novos tempos, sem ter de aposentar nenhum protagonista por velhice ou anos de serviços prestados ao mundo do entretenimento.
Foi o que aconteceu com Steve Rogers, o bom e velho Capitão América, cujo descongelamento nos agitados sixties foi ignorado, já que os Vingadores não poderiam ser tão velhos assim; enquanto seu chapa, o Homem de Ferro, não tem mais sua origem atrelada ao conflito no Vietnã. O que será que DeRogatis diria agora, hein?
Ah, e o Peter - coitado do Peter! -, ainda é retratado como um moleque em tempo presente.
© Copyright Roberto Guedes. Todos os direitos reservados.
Comentários
Mas, me permita comentar algums coisas (humildemente):
Antes gostaria de dizer que tenho plena certeza de que os equívocos cometidos
com o Aranha, jamais serão cometidos com o Meteoro (rsrsrsrsrs).
Outra coisa que queria dizer é que (lá muito atrás) meu velho pai sempre comentava
comigo sobre um herói chamado Shushá (será que escrevi certo?) que crescia e envelhecia.
Você, com certeza, deve conhecer esse personagem melhor do que eu.
Não sei quem escrevia as histórias desse herói (creio que se passavam na Segunda Guerra Mundial).
Mas, o que quero dizer é (não se ofenda), esse conceito de envelhecer já existia antes do Aranha.
Outro herói que se transforma com o tempo é o Fantasma: casou, teve filhos, etc.
Mas nesse caso, não sei se foi antes ou depois do Aranha.
Bom, é isso.
Abraços
Cesar
Sim! Há vários personagens que envelhecem, como por exemplo, o Príncipe Valente, de Hal Foster.
Com o Fantasma não foi bem assim como você disse, afinal ele e Diana Palmer se encontrarm em 1936 e só foram se casar 40 anos depois. A coitada quase que ficou pra titia. :)
No texto eu quis dizer que o que marcou as criações de Stan Lee foi justamente o fato dele transportar esse conceito (a cronologia) para os gibis de super-heróis.
Ou seja: Superman, Batman, Capitão Marvel etc. não sofriam com a passagem do tempo, e quase nunca, em suas histórias havia qualquer referência a eventos passados; e tampouco o que faziam no "presente" tinha qualquer conseqüência futura.
Quanto ao personagem que você comentou, eu imagino que seja o italiano XUXÁ (de Tristano Torrelli e Ferdinando Tacconi), e republicado no Brasil pela Vecchi, nos anos 1950.
Abração!
Na verdade essa questão do tempo não passar para os personagens e também de não haver referências à histórias anteriores é muito comum nas histórias Disney.
Somente Carl Barks em alguns pouquíssimos casos quebrou esse costume. E mais recentemente o Don Rosa tentou amarrar toda a trama dos Patos em uma sequência cronológica (meio forçada, segundo meu ponto de vista).
Quando pequeno eu ficava injuriado quando lia uma história onde Donald achava um tesouro, junto com o Tio Patinhas, e ficava com uma parte considerável do mesmo, para na próxima história estar pobre de novo.
Eu me perguntava: onde foi parar o dinheiro? Ele já gastou tudo? Mas era muita grana!
Então meu velho pai me saiu com a seguinte explicação (muito lógica por sinal):
"Os Patos são como atores de cinema e as histórias são como filmes. Veja como você assiste um filme com John Wayne, por exemplo, em que ele é um soldado da Segunda Guerra Mundial e depois assiste outro em que ele é um cow-boy. Num filme ele morre no final e no outro aparece vivo de novo. Como pode? Porque ele é um ator que está fazendo filmes diferentes com temas diferentes. Com os Patos é a mesma coisa: numa história Donald acha um tesouro e em outra história ele faz papel de pobre."
Eu lhe digo que ele me convenceu. Depois disso não liguei mais para a falta de sequência... rsrsrsrs.
Abração
No que diz respeito às HQs de super-heróis, a aplicação de cronologia, aliada com a caracterização mais humana dos personagens, fez com que as criações de Stan Lee conquistassem a preferência dos leitores, deixando as da DC comendo poeira por anos e anos - enquanto seus editores tentavam descobrir qual era o "segredo" da concorrente.
Abração e obrigado por dividir as suas memórias!
Venho seguindo seu blog já há vários meses, coloquei até um link dele lá no meu blog para eu sempre ser avisado quando você posta comentários.
Tenho (eu acho) todos os seus livros: desde o mais recente "Stan Lee: O Reinventor dos Super-Heróis" até outros mais antigos: "A Saga dos Super-Heróis Brasileiros" e "A Era de Bronze dos Super-Heróis" (me avise se está faltando algum por gentileza porque eu teria máximo interesse em adquiri-lo!).
Sobre sua postagem eu achei muito boa e ousada ao defender o conceito do "Reboot". Eu sempre fui um árduo detrator do conceito "Reboot" por achar um desrespeito com o fiel fã de quadrinhos, que acaba vendo eventos que marcaram as vidas de seus heróis e a sua própria, serem desconsiderados em detrimento de uma nova geração de leitores que não valorizam os personagens tanto quanto esse fiel fã valoriza (como é o meu caso).
Pela 1ª vez, no entanto leio algo que me fez repensar essa minha entrincheirada posição. Digo isso porque um problema que me aflige também é esse que vc coloca:
"Teremos estrutura para vermos nossos adorados heróis envelhecerem tanto quanto nós?"
"Conseguiremos acompanhar não apenas o nosso próprio ocaso, mas também o ocaso do mundo de fantasia que tanto amamos?"
Comecei a refletir sobre isso a partir da Maxi-Série que estou lendo agora "Terra X". Terra X trata do distópico e triste futuro dos personagens do Universo Marvel. Ao lê-la tenho sido invadido por um sentimento de tristeza ao ver tantos sonhos e personagens serem desconfigurados nessa série (algo inevitável com o passar dos anos no mundo real e portanto nos quadrinhos). Sendo assim Terra X não é ruim, na verdade é ótima. O triste é ver que isso pode realmente acontecer na cronologia oficial dos heróis da marvel se um reboot não for feito.
Aqueles ideais tão caros que as primeiras aventuras dos heróis passavam foram sendo diluidos com o passar dos anos pela extensa cronologia. Parte daquele ideal heróico e maravilhoso pelo qual nos apaixonamos foi sendo diluido. Confesso que ler sua postagem, nesse momento que chega às minhas mãos Terra X, me fez repensar minha opinião.
Talvez esse mundo dos heróis, que tanto prezamos, talvez deva ficar marmorizado/petrificado como tantas histórias mitológicas do passado ficaram, ou seja, "maravilhoas" e "estáticas" (até para serem frequentemente acessadas em seu estado mais puro). Talvez o Reboot deva ser pensado como uma alternativa à isso.
Ainda preciso amadurecer mais esse sentimento, mas de qualquer forma sua palavras foram carregadas de um triste realismo do qual eu creio que seja impossível escapar, não é mesmo? São as HQs imitando a vida!
Gde. Abc. para vc e parabéns pelo seu trabalho! Quando puder visite meu espaço, será um prazer e uma honra recebê-lo.
Marcelo.
Durante um bom tempo eu também fui contra a ideia de zerarem a cronologia Marvel, mas com tantas mudanças ocorridas nas histórias, comecei a crer que essa, realmente, seria a melhor solução.
Pelo menos, assim, com o "reboot", o conceito original desses personagens ficaria preservado - coisa que não vem acontecendo, devido as descaracterizações constantes que os autores atuais (na verdade, de uma década pra cá) vêm infligindo aos personagens.
Do jeito que a coisa anda, é como se um "reboot" velado já ocorresse todos os meses nas revistas. Isso não atrai novos leitores, e acaba cansando até mesmo o mais determinado dos true believers.
Ah, dos livros que escrevi, faltou você citar o primeiro: QUANDO SURGEM OS SUPER-HERÓIS (Opera Graphica, 2004). Mas está esgotado.
Forte abraço, parabéns pelo seu blog e... volte sempre! ;)
De certa forma não foi a criação do Universo Ultimate uma tentativa de reinício, apenas sem finalizar o universo tradicional antes?
Quando começou eu gostei bastante do Aranha da linha Ultimate, modernizava a origem do personagem, mas não parecia mexer nas características fundamentais dele.
Já com o restante da linha houve acertos e erros, muitos erros. O próprio Aranha depois de um começo promissor foi ficando enfadonho e, se no universo tradicional, para os editores, estivesse velho no Ultimate ele não envelhecia nunca.
Foram 12 anos de histórias e ele não saiu do colegial. As vendas caiam gradativamente e a principal atitude que os editores deveriam tomar, que seria a substituição do roteirista, nunca aconteceu.
Resumindo: acho que um novo começo para o Aranha, e todo Universo Marvel, seria legal, mas acho que falta talento humano (roteirista, desenhistas e editores) na editora capazes de realizar essa tarefa.
Infelizmente Stan, Jack, Ditko, Romita, Buscemas, Thomas e os outros que construíram o Universo Marvel não estão mais produzindo quadrinhos e não tem substitutos à altura, salvo uma ou outra exceção.
Sandro José dos Santos
E nesse aspecto, há muitas outras realidades já existentes nas revistas da Marvel, como por exemplo, a da Garota-Aranha, filha de Peter e MJ, e a linha mais infantil "Geração Marvel" (que, por sinal, cheguei a editar pela Panini).
No final das contas, o Aranha da linha Ultimate sofreu do mesmo problema de não envelhecimento do original, e acabou substituído por um outro personagem. Um problema desse jamais aconteceria com uma série ao estilo da Untold Tales, pois poderiam produzir histórias de um jovem Peter Parker eternamente, pois saberíamos que ele ficaria adulto um dia, por causa das HQs em tempo presente no título principal (Amazing Spider-Man).
E, infelizmente você tem razão: está difícil de vislumbrar novos talentos com a categoria de Stan, Jack, Ditko e cia.
Abração!
Eu sempre pensei em quando ele peitou o JJJ e virou empregado fixo do Clarim, e só conseguiu isso graças à Gwen (palavras dele), como o ponto em que ele definitivamente entrou na fase adulta e estaria indo em direção ao casamento com ela. É mais ou menos assim que funciona nas nossas vidas. Encantamento (aquela cena deles no Grão de Café tomando um milk-shake (?) é emblemática), namoro, fortalecimento, amadurecimento e casamento. Pelo menos é como eu vejo.
Confesso que pensei no Universo Ultimate como a chance de fazer algo um pouco diferente com o personagem, e de poder resolver alguns problemas do PP original. Mas a série acabou caindo nas mesmas “armadilhas” da original. Trocar o personagem é dose...
O PP original nem sei como anda, não leio há anos, apenas uma hq aqui e ali. Mas a idéia de congelar a série original e focar na Ultimate já havia me passado pela cabeça, a de preservar o PP/Homem-Aranha. Mas em face de toda a lambança feita, o momento já passou faz tempo.
Especificamente falando do Capitão América e do Homem de Ferro, que você citou na matéria, a coisa ficou acertada, pelo menos por enquanto. O Capitão pode ser descongelado em qualquer época, afinal o soro do super-soldado “faz maravilhas”. E o cabeça de lata é só alterar a guerra (infelizmente), passar do Vietnã para o Iraque. Em ambos o conceito original está lá e a origem foi mantida.
“Anos de serviços prestados ao mundo do entretenimento” sempre foi um problema, manter o interesse na série é complicado. Mas sempre se pode fazer boas hqs, basta respeitar as premissas de cada personagem. Nenhum personagem é diferente de uma pessoa, existem coisas que eles fazem e outras que não irão fazer nunca, assim como nós, mas cada roteirista faz o que quer com o personagem, enfim...
Lendo algumas Bibliotecas Históricas da Marvel, que você editou, lembro da citação a alguns personagens famosos da época. É como citou o DeRogatis com o twist (porque traduziram para rock ?). Hoje já seria complicado explicar aquelas citações, quanto mais o PP eternamente jovem, nunca se formando e ainda por cima dançando twist !
Indaguei a mesma coisa ao ler a carta traduzida no gibi da Bloch: "Por que Rock no lugar de Twist?"
Aliás, isso me fez lembrar um artigo antigo aqui do Manifesto, "A festa" (cole o link: http://guedes-manifesto.blogspot.com.br/2009/04/festa.html) em que divago sobre qual música a turma da Universidade Empire State dançava na ocasião da festa de despedida de Flash Thompson - que iria lutar no Vietnã. E cheguei a conclusão que poderia ser "Let's Twist Again" do Chubby Checker. :)
Acho que um dia a Marvel ainda fará um reboot completo, sem pontas soltas - de uma maneira que a DC jamais conseguiu fazer. O momento, aliás, é mais do que propício, dada a grande exposição e popularidade dos personagens proporcionadas pelo Cinema.
Abração!