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Mostrando postagens de 2018

Adeus ao amigo

Dois dias antes da morte de Stan Lee, Roy Thomas lhe fez uma visita em sua casa em Los Angeles.  Devido aos problemas de saúde de Stan, o reencontro foi breve – pouco mais de meia hora –, mas o suficiente para Roy se emocionar.  Eles lembraram dos bons e velhos tempos da Marvel, quando o já conhecido editor e roteirista ensinou a Roy todos os macetes da área editorial.  Tiraram algumas fotos e se despediram. Naquele momento, Roy talvez não imaginasse que nunca mais veria Stan.  Passadas algumas semanas, Roy completou mais um ano de vida (a data de seu aniversário é 22 de novembro). Como de costume, o cumprimentei. Aproveitei a oportunidade para comentar sobre o falecimento de seu amigo e mentor, o qual ele me respondeu:  “Estou muito triste com a morte de Stan, mas ele teve uma boa vida, e estava pronto para partir. Ao menos, parecia”.  Roy diria também, em pronunciamento à imprensa, que se considerava um sortudo por ter trabalhad...

O irmão do menino que coleciona Homem-Aranha

Atenção: contém spoilers!  Todo fã do Cabeça de Teia que se preza, conhece muito bem a triste história  O Menino que Coleciona Homem-Aranha, publicada originalmente em Amazing Spider-Man 248 (janeiro de 1984). Mas se você não sabe do que se trata, confira no seguinte link: As 50 Melhores HQs do Homem-Aranha. Tim Harrison era provavelmente o maior fã do Homem-Aranha, e por se encontrar em estado terminal, o herói decidiu revelar ao garoto sua identidade secreta. Os anos se passaram e muita coisa aconteceu na vida atribulada de Peter Parker, que o manteve sempre com a cabeça ocupada. Contudo, numa certa véspera de Natal, ao ser convocado pelo patrão J. Jonah Jameson para um evento de caridade promovido pelo Clarim Diário, na ala de crianças internadas do Midtown Hospital, a lembrança daquele encontro com Tim emocionaria Peter mais uma vez. Por uma incrível coincidência, várias crianças ali tinham algum tipo de ligação com o Homem-Aranha, e aproveitaram para bronquear co...

Sanguinária em dose dupla!

O publisher, editor e roteirista Reginaldo Carlota acaba de lançar a graphic novel Sanguinária, desenhada e colorida pelo talentoso Caio Cacau. Sanguinária é uma publicação da Serial Books, editora de Carlota, sediada na cidade de Itu, interior de São Paulo. Com belo acabamento gráfico, formato grande (21 x 30 cm), capa cartonada e 36 páginas coloridas em papel encorpado, a graphic ainda conta com uma versão totalmente em inglês, voltada para o mercado americano. A protagonista é Sarah Hartley, conhecida nas trevas das madrugadas como "Sanguinária, a Matadora de Vampiros". Sua missão é destruir o império secreto dos vampiros, que há séculos atua nos bastidores da política mundial, influenciando os rumos da humanidade. Nas páginas finais do volume gringo, constam algumas pin-ups da protagonista, enquanto que na edição brasileira, há um texto de Carlota explicando sua trajetória e principais influências no mundo dos quadrinhos. Carlota mantém uma boa rede de contatos t...

Almanaque Meteoro 7 à venda

A nova edição do Almanaque Meteoro já está à venda, e traz a lume um enigma que intriga os leitores há um bom tempo: Quem, afinal, é Ric Marinetti? Quando o Mascarado Voador estreou em 1992, sua identidade secreta era Ricardo “Ric” Marinetti; mas isso mudou em 2010, quando do reboot no  Almanaque Meteoro. Então, o alter ego do herói passou a ser Roger Mandari, e muitos outros aspectos de sua origem também foram alterados, bem como alguns personagens secundários e supervilões.  Numa HQ curta na edição 3, contei que Ric Marinetti seria apenas a identidade de um personagem em quadrinhos chamado “Zax, O Meteoro Humano” criado pelo próprio Roger Mandari.  Mas isso não explicava por completo todas as aparições anteriores de Marinetti como Meteoro – às vezes, até com trajes diferentes. Assim, nas páginas do Almanaque Meteoro 7, retomo o tema para esclarece-lo de uma vez por todas, na história intitulada Crise de Personalidade. A trama tem início momentos ...

Gedeone: O Guerreiro dos Quadrinhos - Biografia Autorizada

Dias atrás anunciei no Facebook minha nova obra biográfica:  GEDEONE: O GUERREIRO DOS QUADRINHOS. Um projeto editorial que ficou aos cuidados da parceria GRRR! Editora e Opera Graphica. Em breve, as duas deverão anunciar o lançamento oficial e sessão de autógrafos na capital paulistana.  Ao que me informaram, se dará em um grande evento, que lançará também obras de outros autores (enquanto isso, os editores disseram que alguns exemplares já deverão ser colocados à venda na Bienal de Quadrinhos de Curitiba). Assim, seguem algumas informações sobre o livro, para aguçar a curiosidade e interesse dos leitores. Afinal, GEDEONE  foi uma das mais importantes personalidades do Quadrinho brasileiro. Um autor, cuja trajetória se funde com a própria gênese do mercado editorial de São Paulo e com a formação do quadrinho tupiniquim como um todo. GEDEONE MALAGOLA foi considerado há muito tempo o mais prolífico autor nacional de HQs. Além de roteirista e desenhista, tam...

Nos tempos do Capitão Radar

Nos anos 1950, a La Selva foi uma das mais ativas editoras de São Paulo a publicar quadrinhos. Um de seus principais títulos era o Cômico Colegial, que trazia em suas edições personagens de vários gêneros (aventura, infantil, terror, faroeste) provenientes de fontes diversas. A americana Atlas Comics (futura Marvel) era uma dessas fontes a abastecer as páginas da revista, e o Capitão Radar, um de seus personagens de destaque. No original, o personagem se chama Speed Carter, um herói espacial aos moldes de Flash Gordon e Buck Rogers, que estreou nos Estados Unidos em setembro de 1953, em  Speed Carter - Spaceman 1. Criado por Hank Chapman - então, um dos poucos roteiristas além de Stan Lee a trabalhar na Atlas - em parceria com o desenhista Joe Maneely, Capitão Radar fazia parte dos Sentinelas dos Planetas Unidos - uma espécie de Nações Unidas cósmica do ano 2075. Seus parceiros de aventura eram  Stellar Stone, sua amada, e o cadete Johnny Day. A revista durou seis ediçõ...

Antes de Superman já existia o Fantomas

Numa tradução literal, Ogon Bat significa “Morcego Dourado”, mas no Brasil ficou conhecido mesmo como Fantomas, o Guerreiro da Justiça, quando da exibição de seu anime a partir de 1973, via TV Record. Uma criação de Ichiro Suzuki (roteiro) e Takeo Nagamatsu (arte). O desenho foi produzido no Japão em 1967, por Noburo Ishiguro, mas as origens do personagem remontam a um período bem mais antigo. Fantomas surgiu em 1930, quando suas histórias eram contadas no kamishibai, que poderíamos chamar de “teatro de papel”. Um recurso criado por monges budistas para contar histórias e passar lições de moral através de ilustrações.  Esse tipo de linguagem visual influenciaria os futuros autores de mangás, caso de Osamu Tezuka, que fez a primeira quadrinização de Fantomas em 1947, nas páginas de Kaito Ogon Bat, da editora Ikuey Shuppam. A edição vendeu aproximadamente 40 mil exemplares.  No ano seguinte, o próprio Takeo Nagamatsu publicaria um novo mangá do personagem.  É...

Corto Maltese: quadrinho biográfico

Corto Maltese é uma criação do roteirista e desenhista italiano Hugo Pratt, cuja primeira aparição se deu em Sgt. Kirk 1, em julho de 1967.   A história de estreia desse charmoso marinheiro no mercado italiano de fumetti é A Balada do Mar Salgado, uma movimentada trama envolvendo contrabandistas e piratas.  Maltese é filho de um marujo com uma cigana. Ainda cedo descobriu que a palma de sua mão não trazia a linha da vida, então rasgou sua carne com a faca de seu pai, traçando o seu próprio destino.  Em suas aventuras no princípio do século 20, Corto encontrou-se com personalidades reais como o jornalista Jack London, o novelista Ernest Hemingway, e o bandoleiro brasileiro Corisco; e vivenciou vários fatos históricos, como a Primeira Guerra Mundial, e a ascensão do fascismo na Itália.  Embora ele tente manter-se neutro aos problemas externos, acaba sempre tomando partido dos menos favorecidos. Tanto as experiências como o perfil psicológico do personag...

O melhor faroeste do mundo!

Ken Parker é um personagem concebido pelos italianos Giancarlo Berardi (roteiro) e Ivo Milazzo (arte), cuja estreia ocorreu em Ken Parker 1 (junho de 1977), da Sergio Bonelli Editore. Ao longo dos anos passou por outras casas editoriais, inclusive pela Panini. Trata-se provavelmente da melhor série em quadrinhos de faroeste, considerada por público e crítica uma verdadeira obra-prima. Suas tramas são caracterizadas pela abordagem realista e sensível, o que confere mais humanidade aos personagens – consequentemente, maior empatia com o leitor.  A figura de Ken Parker é baseada na do ator Robert Redford, com direito a nariz aquilino. Ele é chamado também de “Rifle Comprido” por causa do seu velho arcabuz Kentucky – uma arma de longo alcance e tiro único.  A trajetória de Ken Parker começa com um ato de vingança contra os assassinos de seu irmão mais novo, mas se desenvolve para outras questões, como a luta pelos direitos dos indígenas americanos.  Entre...

Martin Mystère: o herói que modernizou a Bonelli

Um dos mais fascinantes personagens do quadrinho italiano, Martin Mystère é um pouco de tudo: arqueólogo, escritor, especialista em arte, colecionador e, claro, um tremendo aventureiro.  Seu conhecimento sobre os mais variados assuntos (parapsicologia, civilizações perdidas e extraterrestres) impressiona a todos, e por isso é requisitado tanto pela polícia nova-iorquina como por uma agência secreta do governo americano para elucidar alguns casos enigmáticos. Em suas andanças pelo mundo, sempre à procura do desconhecido, vai acompanhado do fiel amigo Java, um genuíno Homem de Neandertal. Durante um bom tempo, Martin conseguiu enrolar sua namorada, Diana Lombard, com seu charme e conversa fiada, mas enfim eles se casaram (nos anos 1990).  Criado pelo roteirista Alfredo Castelli - seu primeiro desenhista foi Giancarlo Alessandrini -, surgiu originalmente em Martin Mystère 1, em abril de 1982. O personagem também é considerado um divisor de águas na trajetória da ...

Herói mirim de outrora

Se você tem menos de 45 anos é pouco provável que tenha ouvido falar do Supermino ("Superino" no original), do histórico semanário italiano Corrieri dei Piccoli - do jornal Corriere Della Sera. Uma criação de Gami (roteiro) e Mario Sbattella (arte).  A estreia ocorreu na quinta edição do Piccoli, em 3 de fevereiro de 1974 - embora algumas fontes, muito vagas, afirmem que o personagem já teria aparecido em edições do Piccoli entre os anos de 1957 e 1961.   De qualquer maneira, é notório que o personagem fez parte da reformulação do suplemento iniciada em 1972, estreando na edição 5 (quinta semana de 1974).  Mino é um menino tímido e inteligente que vive no circo do seu tio. Seus melhores amigos são o gato Anacleto e a menina Liliam. O felino é o único que sabe o segredo de sua dupla identidade. Apesar do roteiro extremamente ingênuo, era uma série divertida, com um protagonista simpático que tinha poderes semelhantes aos do Superboy (superforça, supervisão, capa...

Político não é herói

Guepardo é um personagem de minha autoria, em parceria com o desenhista Marcelo Borba, que surgiu em A Lenda Chamada Guepardo 1 (1998). Sua história se passa no final dos anos 1970, em pleno regime militar. Filho de um jornalista exilado, o herói foi acusado de ser um agente comunista, sendo perseguido e capturado pelas forças armadas. O tempo passou, e a justiça acabou por  prevalecer. Pai e filho foram inocentados das acusações, enquanto seus inimigos entraram pelo cano - ou melhor, em cana. Em Almanaque Meteoro 4 (2013) foi reproduzida uma página - ainda sem arte-final - daquela que seria a segunda edição do Guepardo, mas que jamais foi lançada. Os leitores ficaram muito curiosos com a cena, em que se vê claramente o herói felino tentando apaziguar um confronto entre policiais e grevistas (metalúrgicos do ABC Paulista). Sim, o barbudinho que leva uma gravata do PM é aquela pessoa que você está imaginando... Devo dizer que na época em que escrevi o roteiro, tinha-o como um ...