Eu não lembro se algum dia, durante a minha infância, cheguei a acreditar em Papai Noel. É muito provável que não, e isso é culpa - ou seria graças [?] - aos meus irmãos mais velhos. "Papai Noel não existe, seu bobo! É o papai que compra os presentes pra gente", diziam aqueles dois terríveis destruidores de fantasia.
Hoje, claro, só tenho a agradecer a eles por isso. É que eu não vou com a cara desse Papai Noel que alimenta o consumismo desenfreado no coração das pessoas e afasta o afeto natural que todos nós - e não apenas as crianças - deveríamos ter por Jesus Cristo, o aniversariante do dia, e verdadeiro merecedor de reverência.
"Papai Noel, velho batuta, rejeita os miseráveis", conforme aquela música da banda Garotos Podres. Pois é, mas é difícil para nós todos contrariarmos as convenções estabelecidas. Até mesmo quem não é cristão comemora a data e troca presentes (uma tradição que também é atribuída a costumes pagãos).
Contudo, o importante mesmo é não perdermos a referência primordial da mensagem natalina, independente de usos e costumes, ou de denominações religiosas. É por isso que explicitarei adiante os detalhes de uma HQ que, embora tenha como cenário um templo católico (eu sou protestante), traz uma poderosa e linda mensagem sobre o verdadeiro significado do Natal.
"O Último Natal", publicada em Shock 4, dezembro de 1977 (Creepy 77, no original americano), foi escrita por Budd Lewis e desenhada por Isidro Mones, e conta a missão solitária de um tal padre Raumond, que se desespera ao ver que nenhum morador do bairro apareceu para a Missa do Galo. "Bem, meu Deus, parece que estamos sozinhos... eu e o Senhor!"
Porém, assim que o velho sacerdote inicia o ritual, uma voz gutural se faz presente, desencadeando um arrepio vertiginoso em sua espinha. Tentando se "armar" com um crucifixo, como se espada fosse, logo o apetrecho, de maneira sobrenatural, queima em suas mãos. Caído ao chão, o padre ergue a cabeça e seus olhos vêem a figura mais aterrorizante de todas, que diz:
"Confuso, padre? Não me reconhece? Eu sou o homem, sou toda a humanidade... sou Judas, Lúcifer... sou você! Sou tudo que é mau! Eu sou o demônio, padre!"
O diálogo inspirado que se segue nas demais páginas evidencia a sensibilidade do roteirista. Ao indagar quais são suas intenções, o padre recebe como resposta do diabo que ele está ali para tomar o que é seu por direito: o mundo. A criatura leva Raumond para fora, e mostra as pessoas imersas em seus próprios problemas, em suas vidas egoístas e que nenhuma delas sequer lembra que Deus existe.
"Ouça como cantam hinos... ouça suas orações, sinta o seu amor! Que maravilhoso espírito de Natal!", debocha o inimigo.
E enquanto se encaminham para o púlpito: "Posso dar às pessoas o que elas, realmente, querem. Imoralidade, violência, traição. E o que você dá ao povo?". A essa altura, sem muita convicção, o padre responde que oferece esperança e salvação.
"Salvação? Corta essa, palhaço [...] eles mataram Kennedy, Luther King e Jesus!", e em seguida o ancião é agredido. "Continue! É tão fácil! Qual é a graça chegar aqui e ir tomando tudo? Não é esportivo... e ouvi dizer que como jogador, é um cavalheiro!", retruca desafiadoramente o padre, numa clara alusão ao conto O Diabo e Daniel Webster.
O anjo caído aceita o desafio e propõe que Raumond cite 50 homens bons (assim como aconteceu em Sodoma e Gomorra). Ao dizer os nomes de Billy Graham, Oral Roberts, Pat Boone, do Papa e do bispo Sheen, o padre ouve a seguinte réplica: "Espere aí! Todos esses caras recebem milhões por ano. São meus!"
Raumond deixa de lado os clérigos e parte para os líderes políticos, mas após mencionar tipos como Richard Nixon e Henry Kissinger, ele mesmo concluí que os mesmos também não servem. O demônio se mostra confiante e diminui o número de pessoas boas a serem citadas. Primeiro cai para 30, depois para 20, então 10, até que, triunfante pede ao padre apenas UM nome. "Só um, e esse não será o último Natal!", e dá outra baforada em seu fétido charuto.
É quando, de maneira repentina, um menino entra na igreja, se dirige ao presépio, acende uma vela e diz: "Feliz aniversário, Jesus!". Raumond, enfim, triunfa sobre o demônio - que, em seguida, desaparece. A pureza do menino venceu o mal, e nem poderia ser diferente.
"Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus. Portanto, aquele que se tornar humilde como esta criança, esse é o maior no reino dos céus. E todo aquele que receber, em meu nome, uma criança como esta, recebe a mim." [Mateus 18:3-5]
Feliz aniversário, Jesus!
© Copyright Roberto Guedes. Todos os direitos reservados.
Hoje, claro, só tenho a agradecer a eles por isso. É que eu não vou com a cara desse Papai Noel que alimenta o consumismo desenfreado no coração das pessoas e afasta o afeto natural que todos nós - e não apenas as crianças - deveríamos ter por Jesus Cristo, o aniversariante do dia, e verdadeiro merecedor de reverência.
"Papai Noel, velho batuta, rejeita os miseráveis", conforme aquela música da banda Garotos Podres. Pois é, mas é difícil para nós todos contrariarmos as convenções estabelecidas. Até mesmo quem não é cristão comemora a data e troca presentes (uma tradição que também é atribuída a costumes pagãos).
Contudo, o importante mesmo é não perdermos a referência primordial da mensagem natalina, independente de usos e costumes, ou de denominações religiosas. É por isso que explicitarei adiante os detalhes de uma HQ que, embora tenha como cenário um templo católico (eu sou protestante), traz uma poderosa e linda mensagem sobre o verdadeiro significado do Natal.
"O Último Natal", publicada em Shock 4, dezembro de 1977 (Creepy 77, no original americano), foi escrita por Budd Lewis e desenhada por Isidro Mones, e conta a missão solitária de um tal padre Raumond, que se desespera ao ver que nenhum morador do bairro apareceu para a Missa do Galo. "Bem, meu Deus, parece que estamos sozinhos... eu e o Senhor!"
Porém, assim que o velho sacerdote inicia o ritual, uma voz gutural se faz presente, desencadeando um arrepio vertiginoso em sua espinha. Tentando se "armar" com um crucifixo, como se espada fosse, logo o apetrecho, de maneira sobrenatural, queima em suas mãos. Caído ao chão, o padre ergue a cabeça e seus olhos vêem a figura mais aterrorizante de todas, que diz:
"Confuso, padre? Não me reconhece? Eu sou o homem, sou toda a humanidade... sou Judas, Lúcifer... sou você! Sou tudo que é mau! Eu sou o demônio, padre!"
O diálogo inspirado que se segue nas demais páginas evidencia a sensibilidade do roteirista. Ao indagar quais são suas intenções, o padre recebe como resposta do diabo que ele está ali para tomar o que é seu por direito: o mundo. A criatura leva Raumond para fora, e mostra as pessoas imersas em seus próprios problemas, em suas vidas egoístas e que nenhuma delas sequer lembra que Deus existe.
"Ouça como cantam hinos... ouça suas orações, sinta o seu amor! Que maravilhoso espírito de Natal!", debocha o inimigo.
E enquanto se encaminham para o púlpito: "Posso dar às pessoas o que elas, realmente, querem. Imoralidade, violência, traição. E o que você dá ao povo?". A essa altura, sem muita convicção, o padre responde que oferece esperança e salvação.
"Salvação? Corta essa, palhaço [...] eles mataram Kennedy, Luther King e Jesus!", e em seguida o ancião é agredido. "Continue! É tão fácil! Qual é a graça chegar aqui e ir tomando tudo? Não é esportivo... e ouvi dizer que como jogador, é um cavalheiro!", retruca desafiadoramente o padre, numa clara alusão ao conto O Diabo e Daniel Webster.
O anjo caído aceita o desafio e propõe que Raumond cite 50 homens bons (assim como aconteceu em Sodoma e Gomorra). Ao dizer os nomes de Billy Graham, Oral Roberts, Pat Boone, do Papa e do bispo Sheen, o padre ouve a seguinte réplica: "Espere aí! Todos esses caras recebem milhões por ano. São meus!"
Raumond deixa de lado os clérigos e parte para os líderes políticos, mas após mencionar tipos como Richard Nixon e Henry Kissinger, ele mesmo concluí que os mesmos também não servem. O demônio se mostra confiante e diminui o número de pessoas boas a serem citadas. Primeiro cai para 30, depois para 20, então 10, até que, triunfante pede ao padre apenas UM nome. "Só um, e esse não será o último Natal!", e dá outra baforada em seu fétido charuto.
É quando, de maneira repentina, um menino entra na igreja, se dirige ao presépio, acende uma vela e diz: "Feliz aniversário, Jesus!". Raumond, enfim, triunfa sobre o demônio - que, em seguida, desaparece. A pureza do menino venceu o mal, e nem poderia ser diferente.
"Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus. Portanto, aquele que se tornar humilde como esta criança, esse é o maior no reino dos céus. E todo aquele que receber, em meu nome, uma criança como esta, recebe a mim." [Mateus 18:3-5]
Feliz aniversário, Jesus!
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Comentários
Abraço fraterno!
Parabéns!
Um feliz natal e ótimo ano novo para você e todos os seus... Que venha 2013, pois temos muito trabalho ainda a fazer...
Um grande abraço e tudo de bom,
Daniel
Eu passei pela mesma situação. Não só meus irmãos, mas os professores diziam a mesma coisa. E, sinceramente, foi bom para mim.
José Valcir