Este é mais um caso bem interessante de interação entre música e quadrinhos, do qual fiquei a par em 2008, mas que, por uma razão qualquer, acabei esquecendo de contar aqui no blog. Bem, antes tarde do que nunca, é ou não é?
Na ocasião, eu participava ativamente de uma lista de bate-papo do Yahoo dedicada à carreira de Stan Lee. Entre os membros havia muitos fãs, estudiosos, jornalistas e até mesmo alguns ex-profissionais da Marvel - como por exemplo, ninguém menos que Roy Thomas.
Papo vai, papo vem, alguém pergunta a Roy se o cantor Paul Simon teria mesmo lido os créditos de algum gibi da Marvel ao compor "50 Ways to Leave Your Lover" (50 Maneiras de Deixar Sua Amante), um de seus maiores sucessos, lançado em 1975.
Antes da resposta de Roy, vale uma explicação: Após se divorciar da sua primeira esposa, Peggy Harper, Simon escreveu essa canção como se fosse um conselho bem-humorado de um amante para o marido, sobre as maneiras de se terminar um relacionamento.
Mas foi no refrão que Simon levantou a suspeita dos leitores de HQs, ao citar alguns nomes masculinos, ou melhor, de maridos em vias de separação.
Saia de mansinho, Jack
Parte pra outra, Stan
Você não precisa ser tímido, Roy
Apenas se liberte
Pule no ônibus, Gus
Você não precisa discutir muito
Apenas largue a chave, Lee
E se liberte de vez
De volta à lista de bate-papo, Roy argumentou: "Pois é, a primeira coisa que eu pensei ao ouvir "Fifty Ways to Leave Your Lover", uma música que eu realmente curti, é que ele poderia ter usado esses nomes (além do Gus) após vê-los nos créditos de algum gibi da Marvel. Claro que pode ser apenas uma coincidência, embora Stan-Jack-Roy seja de forçar a barra".
Mas a grande revelação veio em seguida: "Eu creio que Paul Simon tenha uma vaga conexão com os quadrinhos. Eu lembro que Gary Friedrich o encontrou e conversou com ele num bar, no final dos anos sessenta, devido a uma amiga em comum".
[Se você não sabe, Friedrich trabalhou durante muitos anos na Marvel como roteirista, sendo um dos criadores de Johnny Blaze, o Motoqueiro Fantasma]
Ora, Gary poderia muito bem ser o "Gus" da canção. Talvez Simon não lembrasse mais do nome do roteirista ao compô-la, ou simplesmente não quisesse comprometê-lo - já que, embora seja uma canção romântica, o refrão parece fazer alusão aos caras da redação Marvel.
Sob o prisma daqueles envolvidos com quadrinhos, realmente parecem conselhos: para Kirby se mandar da Marvel, pra Stan seguir carreira em alguma outra coisa, e pra Roy assumir definitivamente o comando de tudo.
Ao Gus... ops! Ao Gary, o negócio era mesmo pegar um ônibus e sumir do mapa. E, talvez, ele tenha feito isso, ao final daquela balada nos sixties. Entretanto, desconfio que jamais saberemos a verdade...
© Copyright Roberto Guedes. Todos os direitos reservados.
Confira o vídeo da canção:
Na ocasião, eu participava ativamente de uma lista de bate-papo do Yahoo dedicada à carreira de Stan Lee. Entre os membros havia muitos fãs, estudiosos, jornalistas e até mesmo alguns ex-profissionais da Marvel - como por exemplo, ninguém menos que Roy Thomas.
Papo vai, papo vem, alguém pergunta a Roy se o cantor Paul Simon teria mesmo lido os créditos de algum gibi da Marvel ao compor "50 Ways to Leave Your Lover" (50 Maneiras de Deixar Sua Amante), um de seus maiores sucessos, lançado em 1975.
Antes da resposta de Roy, vale uma explicação: Após se divorciar da sua primeira esposa, Peggy Harper, Simon escreveu essa canção como se fosse um conselho bem-humorado de um amante para o marido, sobre as maneiras de se terminar um relacionamento.
Mas foi no refrão que Simon levantou a suspeita dos leitores de HQs, ao citar alguns nomes masculinos, ou melhor, de maridos em vias de separação.
Saia de mansinho, Jack
Parte pra outra, Stan
Você não precisa ser tímido, Roy
Apenas se liberte
Pule no ônibus, Gus
Você não precisa discutir muito
Apenas largue a chave, Lee
E se liberte de vez
De volta à lista de bate-papo, Roy argumentou: "Pois é, a primeira coisa que eu pensei ao ouvir "Fifty Ways to Leave Your Lover", uma música que eu realmente curti, é que ele poderia ter usado esses nomes (além do Gus) após vê-los nos créditos de algum gibi da Marvel. Claro que pode ser apenas uma coincidência, embora Stan-Jack-Roy seja de forçar a barra".
Mas a grande revelação veio em seguida: "Eu creio que Paul Simon tenha uma vaga conexão com os quadrinhos. Eu lembro que Gary Friedrich o encontrou e conversou com ele num bar, no final dos anos sessenta, devido a uma amiga em comum".
[Se você não sabe, Friedrich trabalhou durante muitos anos na Marvel como roteirista, sendo um dos criadores de Johnny Blaze, o Motoqueiro Fantasma]
Ora, Gary poderia muito bem ser o "Gus" da canção. Talvez Simon não lembrasse mais do nome do roteirista ao compô-la, ou simplesmente não quisesse comprometê-lo - já que, embora seja uma canção romântica, o refrão parece fazer alusão aos caras da redação Marvel.
Sob o prisma daqueles envolvidos com quadrinhos, realmente parecem conselhos: para Kirby se mandar da Marvel, pra Stan seguir carreira em alguma outra coisa, e pra Roy assumir definitivamente o comando de tudo.
Ao Gus... ops! Ao Gary, o negócio era mesmo pegar um ônibus e sumir do mapa. E, talvez, ele tenha feito isso, ao final daquela balada nos sixties. Entretanto, desconfio que jamais saberemos a verdade...
© Copyright Roberto Guedes. Todos os direitos reservados.
Confira o vídeo da canção:
Comentários
Mais uma lenda envolvendo os criadores de quadrinhos.
Ótimo texto, Guedes, pra não variar.